Babaçu e rejeitos de minério são usados em plástico biodegradável desenvolvido no Pará

A biomembrana ou biofilme, como a criação é chamada, pode substituir o plástico e outros polímeros sintéticos derivados do petróleo.

Foto: Alex Ribeiro/Agência Pará

Criar alternativas e soluções para a preservação da natureza. É com este objetivo que pesquisadores do Laboratório de Óleos da Amazônia (LOA), da Universidade Federal do Pará (UFPA), localizado no Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá, transformaram os resíduos do babaçu e rejeitos de minério em um tipo inovador de plástico biodegradável e sustentável. A biomembrana ou biofilme, como a criação é chamada, pode substituir o plástico e outros polímeros sintéticos derivados do petróleo.

Encontrada com facilidade nas regiões Norte e Nordeste do país, especialmente na divisa do Pará com o Maranhão, a planta frutifica todos os anos, com o pico de amadurecimento dos frutos entre os meses de setembro e janeiro.

Para a produção da biomembrana, os pesquisadores extraem um polímero natural oriundo de resíduos da casca da amêndoa do fruto e misturam com rejeitos de argilominerais, para adicionar resistência ao material. 

“Essa descoberta tem tudo a ver com a Amazônia, já que são produtos oriundos da floresta que estão sendo usados e transformados, o que gera uma valorização muito grande. Você pega um resíduo de um fruto, transforma em outro material biodegradável e tem ali uma economia circular e sustentável, com a floresta em pé”, 

afirma Emmerson Costa, coordenador do LOA e líder da pesquisa no laboratório.

Foto: Alex Ribeiro/Agência Pará

O plástico está na lista dos materiais que provocam danos ao meio ambiente e levam bastante tempo para se decompor. Para alguns tipos são necessários mais de 400 anos para a decomposição total. As cidades brasileiras geraram em média 13,7 milhões de toneladas de resíduos plásticos, o que equivale a 64 quilos por habitante, segundo o relatório ‘Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil’ de 2022, elaborado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). A pesquisa também revela que 80% dos resíduos encontrados nos mares são oriundos de atividades humanas.

“É uma alternativa aos polímeros de petróleo, pois ela tem um tempo de vida bem menor na natureza e é praticamente inofensiva à biodiversidade. A biomembrana pode ser usada para a fabricação de sacos plásticos, encapsulamento de medicamentos e óleos, recipientes plásticos e outra diversidade de usos”, 

destaca o pesquisador. 

Investimentos a favor da ciência 

O estudo tem o apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e UFPA. O recurso é administrado pela Fundação Guamá, instituição que presta assistência à pesquisa, e também administra o PCT Guamá, onde está localizado o LOA. A pesquisa científica desempenha um papel vital no desenvolvimento de novas tecnologias, produtos e serviços. Para tornar essa realidade possível, as iniciativas necessitam de suporte, financiamento e infraestrutura adequada.

Os pesquisadores do LOA estão em processo de registro de patente da descoberta, pretendem publicar um artigo científico e trabalham na melhora das propriedades do material, estudando a plasticidade para a criação de novas possibilidades de uso. 

“Queremos parceiros para novos investimentos, pois assim iremos sair da etapa laboratorial de produção e alcançaremos a escala piloto, utilizando novas matérias-primas para desenvolver a membrana”, explica Costa.

Empresas, setores produtivos e empreendedores interessados podem investir em pesquisas do PCT Guamá por intermédio da Fundação Guamá, organização social sem fins lucrativos especializada em ciência, tecnologia, inovação e desenvolvimento sustentável. Para isso, interessados devem entrar em contato pelo e-mail servicos@fundacaoguama.org.br ou pelo telefone (91) 3321-8907.

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