A referida capela, inaugurada em 1897, foi fruto da devoção da senhora Cordolina Rosa de Viterbo, em agradecimento uma graça alcançada por intercessão de Santo Antônio.
Situada num dos bairros mais antigos de Manaus (AM), a Igreja do Pobre Diabo é devotada a Santo Antônio e está sobre a administração da Paróquia de Santa Rita de Cássia. A capela está situada na rua Borba, no bairro da Cachoeirinha. É de fato um patrimônio histórico da religiosidade e da Arquitetura Gótica da cidade de Manaus, muito especialmente a partir da década do século XIX.
A referida capela, inaugurada em 1897, foi fruto da devoção da senhora Cordolina Rosa de Viterbo, em agradecimento uma graça alcançada por intercessão de Santo Antônio. Desenganada pelos médicos a referida senhora casou-se “in extremis” com o português Antônio José da Costa, que havia sido proprietário de uma quitanda chamada Ao Pobre Diabo, com o qual vivia a muitos anos. A referida senhora escapou da morte e resolveu pagar a promessa que havia feito a Santo Antônio mandando construir a referida em homenagem ao Santo Protetor.
Originalmente a capela foi construída em um amplo terreno onde eram realizados os arraiais da época junina. Patrimônio tombado sob a proteção do Poder Público, através da Lei Estadual n. 8 de 28 de junho de 1965, a capela foi motivo de projeto de restauração do Patrimônio Histórico e Turístico da Secretária de Cultura e Esporte, a época sob a direção do antigo Secretário de Cultura Acadêmico Robério Braga.
Nomenclatura de origem popular. A altura de 1882 um cidadão português de nome Antônio José da Costa, possuidor de uma quitanda na rua da Instalação, mais ou menos onde esteve a Alfaiataria Ramalho, mandou fazer uma taboleta que representava tipo andrajoso. Por baixo havia a legenda Ao Pobre Diabo. A esposa daquele cidadão, brasileira e mulata por morte do marido mandou construir a capela de Santo Antônio no Bairro da Cachoeirinha, a mesma que ainda lá está. Seu Antônio possuía casas modestas que algumas resistem ao tempo no local que ficou conhecido por Pobre Diabo, mas a história começa a complicar-se depois que o seu Antônio mudou-se da rua da Instalação para a Cachoeirinha, já dono do seu cabedal.
Estabeleceu-se na Praça de Floriano Peixoto com uma casa de diversões a que pomposamente denominou Hig-Life e cujo anúncio ainda se pode ver nos jornais da época, de sua propriedade ou de sociedade. Após a morte, a casa de diversões dava espetáculos carnavalescos, bailes ruidosos. Seu Antônio consorciou-se no dia 28 de outubro de 1897 com a senhora dona Cordolina Rosa de Viterbo, a qual se achava in articulo mortis. Escapando da morte pela porta assaz perigosa do casamento, dona Rosa, a mulata, sobreviveu ao seu Antônio e ela mesmo montou casa de comércio liricamente chamada A Pobre Diaba, posto que não o fosse … Citemos alguns documentos importantes a respeito de dona Rosa de Viterbo e da Capela: o Jornal Amazonas, de 12 de agosto de 1897, publicava o seguinte:
“A muito conhecida e laboriosa sra. d. Cordolina Rosa de Viterbo tendo feito erigir a sua casa no Bairro da Cachoeirinha, Praça Floriano Peixoto, desta capital uma pequena e elegante capela, sob a invocação do glorioso Santo Antônio, estava disposta a mandar benzê-la no dia 15 de agosto deste ano, a fim de mais realçar as festas desta data memorável para o Estado do Pará de onde é natural a referida senhora, atendendo, porém, a que os nossos irmãos brasileiros estão presentemente expondo a sua vida pela pátria, onde o fanatismo faz milhares de vidas, resolve adiar a benção da capela para outro dia que será previamente anunciado.”
Donde se conclui que a igrejinha data de 1897. Tem mais: o mesmo jornal de 14 de junho de 1909 falava a respeito da capela: “Terminou ontem a festividade de Santo Antônio na capela do Pobre Diabo, na Cachoeirinha. A missa solene celebrada pela manhã, compareceram exmos os srs. Coronel Antônio C. R. Bittencourt e dr. Sá Peixoto, governador e vice-governador do Estado, além de grande número de famílias e cavalheiros.
Houve um cabaré do mesmo nome na Rua Municipal, mais ou menos pela mesma época e que resistiu mais tempo.
Fonte: ‘Roteiro Histórico de Manaus’, obra do professor Mário Ypiranga Monteiro.