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Sábado, 27 Abril 2024

Igreja do Pobre Diabo: Um patrimônio religioso da cidade de Manaus

Situada num dos bairros mais antigos de Manaus (AM), a Igreja do Pobre Diabo é devotada a Santo Antônio e está sobre a administração da Paróquia de Santa Rita de Cássia. A capela está situada na rua Borba, no bairro da Cachoeirinha. É de fato um patrimônio histórico da religiosidade e da Arquitetura Gótica da cidade de Manaus, muito especialmente a partir da década do século XIX.

A referida capela, inaugurada em 1897, foi fruto da devoção da senhora Cordolina Rosa de Viterbo, em agradecimento uma graça alcançada por intercessão de Santo Antônio. Desenganada pelos médicos a referida senhora casou-se "in extremis" com o português Antônio José da Costa, que havia sido proprietário de uma quitanda chamada Ao Pobre Diabo, com o qual vivia a muitos anos. A referida senhora escapou da morte e resolveu pagar a promessa que havia feito a Santo Antônio mandando construir a referida em homenagem ao Santo Protetor.

Originalmente a capela foi construída em um amplo terreno onde eram realizados os arraiais da época junina. Patrimônio tombado sob a proteção do Poder Público, através da Lei Estadual n. 8 de 28 de junho de 1965, a capela foi motivo de projeto de restauração do Patrimônio Histórico e Turístico da Secretária de Cultura e Esporte, a época sob a direção do antigo Secretário de Cultura Acadêmico Robério Braga.

Foto: Reprodução/Acervo/G1 Amazonas
No boletim Memória da Comissão Permanente de Defesa do Patrimônio Histórico do Estado do Amazonas, a época presidida pelo dr. Paulo Pinto Nery e secretário dr. Robério Braga, com a arte do artista plástico Jair J. Cantanhede e fotografia de Midas Foto, publicou o referido boletim em agosto de 1980, que passo a destacar:

Nomenclatura de origem popular. A altura de 1882 um cidadão português de nome Antônio José da Costa, possuidor de uma quitanda na rua da Instalação, mais ou menos onde esteve a Alfaiataria Ramalho, mandou fazer uma taboleta que representava tipo andrajoso. Por baixo havia a legenda Ao Pobre Diabo. A esposa daquele cidadão, brasileira e mulata por morte do marido mandou construir a capela de Santo Antônio no Bairro da Cachoeirinha, a mesma que ainda lá está. Seu Antônio possuía casas modestas que algumas resistem ao tempo no local que ficou conhecido por Pobre Diabo, mas a história começa a complicar-se depois que o seu Antônio mudou-se da rua da Instalação para a Cachoeirinha, já dono do seu cabedal.

Estabeleceu-se na Praça de Floriano Peixoto com uma casa de diversões a que pomposamente denominou Hig-Life e cujo anúncio ainda se pode ver nos jornais da época, de sua propriedade ou de sociedade. Após a morte, a casa de diversões dava espetáculos carnavalescos, bailes ruidosos. Seu Antônio consorciou-se no dia 28 de outubro de 1897 com a senhora dona Cordolina Rosa de Viterbo, a qual se achava in articulo mortis. Escapando da morte pela porta assaz perigosa do casamento, dona Rosa, a mulata, sobreviveu ao seu Antônio e ela mesmo montou casa de comércio liricamente chamada A Pobre Diaba, posto que não o fosse … Citemos alguns documentos importantes a respeito de dona Rosa de Viterbo e da Capela: o Jornal Amazonas, de 12 de agosto de 1897, publicava o seguinte:

"A muito conhecida e laboriosa sra. d. Cordolina Rosa de Viterbo tendo feito erigir a sua casa no Bairro da Cachoeirinha, Praça Floriano Peixoto, desta capital uma pequena e elegante capela, sob a invocação do glorioso Santo Antônio, estava disposta a mandar benzê-la no dia 15 de agosto deste ano, a fim de mais realçar as festas desta data memorável para o Estado do Pará de onde é natural a referida senhora, atendendo, porém, a que os nossos irmãos brasileiros estão presentemente expondo a sua vida pela pátria, onde o fanatismo faz milhares de vidas, resolve adiar a benção da capela para outro dia que será previamente anunciado."

Donde se conclui que a igrejinha data de 1897. Tem mais: o mesmo jornal de 14 de junho de 1909 falava a respeito da capela: "Terminou ontem a festividade de Santo Antônio na capela do Pobre Diabo, na Cachoeirinha. A missa solene celebrada pela manhã, compareceram exmos os srs. Coronel Antônio C. R. Bittencourt e dr. Sá Peixoto, governador e vice-governador do Estado, além de grande número de famílias e cavalheiros.

Houve um cabaré do mesmo nome na Rua Municipal, mais ou menos pela mesma época e que resistiu mais tempo.

Fonte: 'Roteiro Histórico de Manaus', obra do professor Mário Ypiranga Monteiro.

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