Tudo começou com uma agência de propaganda, a Amazonas Publicidade Ltda., em 30 de setembro de 1968, com os jornalistas Phelippe Daou e Milton de Magalhães Cordeiro, juntamente com o empresário de propaganda Joaquim Margarido.
A criação da televisão não foi um fato isolado ou uma série única de acontecimentos. Ao contrário. É o resultado de um longo processo de pesquisa e descobertas de novas experiências e acréscimos originais a conhecimentos adquiridos ao longo do tempo.
Como destaca Raymond Willians: Ela é derivada de um conjunto de invenções e desenvolvimentos da eletricidade, fotografia, cinematografia e radiofonia. Pode-se afirmar, em síntese preliminar que a televisão foi isolada como objetivo tecnológico específico (ou seja, tendencialmente independente dos supracitados campos anexos) no período de 1880-1890 e que depois, após uma pausa desenvolveu-se como empresa autônoma, desde os primeiros anos de década de 1920 até o aparecimento dos primeiros modelos de televisão pública e privada dos anos 30, para realmente amadurecer na sua totalidade institucional (isto é, como sistema industrial complexo, dirigido a um público cada vez maior de consumidores) após o término da Segunda Guerra Mundial, tendo como centro propulsor o aparato econômico norte-americano.
No longo histórico da televisão aparece com primeiro lugar e em destaque as pesquisas realizadas em torno da eletricidade, que entre os séculos XVIII e XIX transformaram-se de filosóficas em tecnólogos (para-raios, pilhas de volta geradores), numa coincidência não casual com um estagio importantíssimo do desenvolvimento da produção industrial, para a qual a simples máquina a vapor já resultava inadequada.
Em segundo lugar, não se pode esquecer o desenvolvimento da telegrafia que a explosão ferroviária da metade do século XIX faz com que se afaste dos sistemas primitivos de sinalização com bandeiras e sinaleiros rumo a adoção intensiva da invenção de Morse, para finalmente chegar, por volta de 1870, a um sistema geral de telegrafia elétrica, enquanto o telefone se desenvolvia como invenção nova e diferente.
Ligado a televisão aparece outro fato digna de nota: o desenvolvimento da fotografia, que partiu da ideia da escrita da luz (adiantada, entre outros, por Wedgwood e Davy em 1802) passando pela solução técnica da impressão de imagens, conseguida inicialmente por Niepce (1816) e, mais tarde, por Daguerre (1839) até chegar a explosão da fotografia por volta da metade do século XIX, favorecida pela época das grandes migrações (que partia desejava deixar o testemunho da própria imagem com a família).
Enquanto isso, a ideia da cinematografia também estava crescendo se a lanterna mágica (projeção de placas) era conhecida desde o século XVIII e o simples movimento (de uma placa sobre outras) foi conseguido em 1736, é por volta de 1825-26 que se assiste um desenvolvimento dos aparelhos mecânicos cinematográficos (como a wheel-of-life), para finalmente chegar, mais ou menos no final do século, aos trabalhos de Freire-Greene e de Edson a respeito das técnicas de filmagem e projeção, precursoras dos primeiros espetáculos cinematográficos públicos levados a cabo na França, Estados Unidos e Inglaterra no decorrer dos anos 90.
A ideia da televisão, conforme foi dito estava implícita em muitas destas manifestações e, é realmente difícil separá-la nos seus estágios iniciais, da maturação descrita na fotografia. Como data para uma espécie de concepção inicial tecnológica, embora ainda muito confusa do meio televisivo, pode-se toma, no entanto, o ano de 1842, quando o inglês Bain colocou em funcionamento um aparelho rudimentar para transmitir imagens fixas a distância, através de fios elétricos.
Cinco anos mais tarde, Bakewell apresenta a duplicação via telefone, em 1862, Caselli transmite imagens através de fios a uma distância respeitável em 1873, May, enquanto trabalha no terminal do cabo telegráfico transatlântico, observa as propriedades fotos sensíveis do selênio (que tinha sido isolado no começo do século e era usado para as resistências). Segundo a observação de Williams, enfim, seguindo vários caminhos e acompanhando uma exigência já clara, os meios para a transmissão de imagens e, imagens em movimento, eram ativamente procurados e, em medida considerável, descobertos.
Mas já é tempo de falarmos do verdadeiro aparecimento da televisão. Em 1883 ela surge num romance de ficção científica de Albert Robida (século vinte), como um maquinismo para a visão a distância telefoneoscopio, contudo, não se passou um ano para que a ficção científica começasse a se tornar uma pequena realidade com o disco de Nipkow (o mesmo nome de seu inventor, um russo emigrado para a Alemanha), um aparelho de escandimento das imagens, de funcionamento em parte mecânico, em parte elétrico, que dominará a indústria televisiva até 1933, data de nascimento da televisão totalmente eletrônica. Mas, pouco a pouco foram se acrescentando a ela outras invenções dentro do próprio campo televisivo, ou como ocorreu anteriormente, paralelo a ele: as células fotoelétricas de Elster e Geitel (1890), a tubo a raios católicos de Braun (1897), o receptor e raios católicos de Tosing (1907), o projeto de telecâmera eletrônica de Campbell Swuinton (1911).
O que há de novo neste período histórico é simplesmente o fato de não se procurarem mais apenas meios técnicos quaisquer para a transmissão das imagens em movimento, mas determinou-se a escolha de um objetivo tecnológico específico, a tele-visão, a visão à distância de imagens em movimento e, este começa a solidificar, de forma cada vez mais evidente, progressos técnicos que antes pareciam contíguos em sua essência, mas diversos em seus fins.
Ao mesmo tempo, porém, ainda falta totalmente a consciência de que a televisão seja uma nova forma social e, consequentemente, uma empresa econômica em potencial, um sistema produtivo e institucional em potencial daí o pouco interesse demonstrado pelos governos e pelas forças econômicas, não havendo grandes investimentos para coordenar e sistematizar as várias pesquisas sobre o assunto, sobretudo se fizermos uma comparação com aquilo que acontece simultaneamente, nos campos da eletricidade, da telefonia e da telegrafia (que satisfaziam as grandes necessidades gerais da época e já estavam madurecidos como formas sociais importantes).
Não foi por acaso que a situação se modificou radicalmente pouco após o início dos anos 20, quando, tendo-se transformado a experiência cinematográfica (de produto marginal a produto central das formas sociais dominantes, com a explosão do primeiro estrelato) e, tendo amadurecido o desenvolvimento da rádio (de meio avançado de telegrafia a nova forma social de grande capacidade persuasiva para tanto política quanto comercial), a ideia da televisão transforma-se no terceiro polo de um setor agora inconfundível como outros que lhes estão próximos (a rádio, o cinema e a nascente televisão são inteiramente diferentes da eletricidade, da telefonia, da telegrafia etc.) e manifesta, no núcleo deste setor, os primeiros sintomas de uma autonomia tecnológica, econômica, cultural e social (ou seja, os precursores daquela forma que depois do pós-guerra será ratificada e reinará definitivamente).
A passagem do desinteresse para o interesse com relação a tecnologia televisiva é perfeitamente ilustrada pelos acontecimentos que acompanham as respectivas experiências levadas a cabo nos Estados Unidos no decorrer da década de 1920 e que transformaram em setor marginal de pesquisa num verdadeiro campo de batalha, com episódios de espionagem entre os já fortes corporations da informação, batalhas jurídicas para a concessão de patentes, pressões dos grupos econômicos sobre as autoridades políticas para conseguirem que o governo impusesse determinados padrões.
Os primeiros protagonistas destes acontecimentos são os russos emigrados para os Estados Unidos, Farnsworth e Zwarykin. O primeiro que desde os quinze anos de idade interessava-se pela fotoeletricidade em pelas válvulas a raios catódicos, conseguiu um financiamento junto ao Croker Bank para instalar um laboratório em 1927. Com seus operários conseguiu montar a primeira verdadeira telecâmera eletrônica (9º Image Dissetor) e, nos anos seguintes, melhorou o sistema de vídeo passando dos 60 para 400 linhas. O seu concorrente, Zwarinki, nesse meio tempo, na qualidade de pesquisador da Westinghose, tinha conseguido chegar a importantes resultados para a realização de imagens a distância, patenteando, em 1923, o iconoscópio. Mas Westighose minimizou a importância dessas pesquisas, a tal ponto que foi somente em 1927 que chegou a experimentar o aparelho.
David Semof, naquela época vice-presidente e diretor-geral da RCA, foi quem percebeu a possível futuro destas tentativas tecnológicas. Ele pediu a Zwarykin, desiludido com a Westinghouse, que prosseguiu suas pesquisas no laboratório da RCA e também lhe sugeriu descobrir até que ponto tinha chegado o seu concorrente e conterrâneo Farnsworth, Zworykin, então, apresentando-se como engenheiro da Westinghouse, conseguiu passar três dias no centro experimental de Farnsworth e, colocando em ação tudo quanto vira, dedicou-se com sucesso ao projeto de um aparelho de bom rendimento qualitativo, ao ponto de ser comercializado pela RCA.
Nesse meio tempo, o centro de Farnsworth viu-se diante de sérias dificuldades financeiras, mas, não aceitou as ofertas de Sarnoff para levantar toda a empresa, até que, em 1930, conseguiu financiamentos adequados junto à Philco. Foi esse, porém, um casamento que durou apenas dois anos, porque a Philco queria tirar proveito dos produtos comercialmente o mais rápido possível, mesmo se ele ainda não estivesse ajustado da maneira adequada. Assim, enquanto Farnsworth fundava sua própria companhia (a Farnsworth Television), a Philco continuava no mercado automaticamente, no rastro de outras empresas norte-americano (em 1926, por exemplo, a General Eletric anunciou a produção de aparelhos de televisão em escala industrial).
Em 1934, a RCA entrou na justiça com uma causa contra a Farnsworth Television a fim de manter em seu poder todas as patentes posteriores a descoberta do iconoscópio. A batalha jurídica durou alguns anos e a Farnsworth, embora saísse vencedora, foi obrigado, aos e ver sufocado com as despesas legais, a vender a patente para a própria RCA. Assim, esta grande empresa pôde, a 20 de outubro de 1938, anunciar que tinha iniciado a produção em escala industrial de um novo tipo de televisão econômica e, a 30 de abril do ano seguinte a sua subsidiária NBC (National Broadcasting Corporation) inaugurava um serviço de televisão na Feira Mundial de Nova Iorque.
Enquanto isto, a situação na Europa tinha evoluído de um modo bastante diferente que vale a pena ser recordado em rápidas pinceladas por envolver um modelo televisivo bastante diferente do americano mesmo na sua fase madura (pelo menos até o início da década de 80). No velho continente, os primeiros sucessos com relação a transmissão à distância de imagens em movimento foram alcançados pelo inglês Baird, com um sistema que ignorava os resultados conseguidos por Zworykin e Farnsworth. Aqui, ao invés das sociedades particulares, são os governos, ou em todo caso instituições públicas, que investem na novidade tecnológica. Na Alemanha as primeiras experiências públicas de televisão foram em 1928, seguida pela Inglaterra em 1929, pela Itália em 1930 e pela França em 1932. Mas, será a Inglaterra, em 1936, que dará início a um serviço publico regular de televisão, precedendo até mesmo os norte-americanos.
Contudo, a verdadeira civilização televisiva, tanto nos Estados Unidos como na Europa e no resto do mundo, terá início somente após a pausa imposta pela Segunda Guerra Mundial.¹
Os primórdios da Radio TV do Amazonas
Tudo começou com uma agência de propaganda, a Amazonas Publicidade Ltda., em 30 de setembro de 1968. Os jornalistas Phelippe Daou e Milton de Magalhães Cordeiro, juntamente com o empresário de propaganda Joaquim Margarido, que na época residia no Estado de São Paulo, vislumbraram que o Decreto-Lei 288/67, que redimensionou a Zona Franca de Manaus, trata um extraordinário fluxo de negócios para a cidade.
‘Naturalmente em cima dessa expectativa construíram a Amazonas Publicidade Ltda., hoje já extinta. Alugaram duas salas em um prédio localizado na Avenida Eduardo Ribeiro, nos altos da Padaria Avenida.
A Amazonas Publicidade Ltda., realmente entrou para conquistar o mercado, inovando no formato e produzindo textos dos anúncios de forma moderna. Com isso, naturalmente, foi crescendo no conceito e conquistando o nosso importante mercado de trabalho.
Em 1970, os diretores da Amazonas Publicidade Ltda., foram procurados pelo jornalista Paulo Viana, que na época era diretor da Editora Abril, que propunha contratar a empresa para distribuir em Manaus as revistas editadas pela Abril. Um novo desafio é aceito pelos sócios.
No início do ano de 1968, Dr. Phelippe Daou traz para os dois sócios a notícia de que o Ministério das Comunicações abriria concorrência pública para a exploração comercial em Manaus de mais um Canal de Televisão (sons e imagens). À época, já existia a TV Ajuricaba, hoje RBN e, eram dados os primeiros passos para a montagem da TV Baré (hoje TV A Crítica).
Em julho de 1969, Phelippe Daou, Milton de Magalhães Cordeiro e Joaquim Margarido, após examinarem detidamente o edital, decidiram concorrer, naturalmente, submetendo-se às exigências oficiais. A partir daí, convidam para compor o quadro societário da Rádio TV do Amazonas Ltda., o seu empresário Robert Phelippe Daou.
A concorrência fora aberta no Ministério das Comunicações, tendo sido a vencedora a Rádio TV do Amazonas Ltda.
No primeiro semestre do ano de 1970, houve a outorga do Canal, tendo o órgão competente determinado o prazo de dois anos para a implantação da referida emissora.
Técnicos especializados desdobraram-se na elaboração dos projetos, o que fora decidido naquela oportunidade, pela construção de duas unidades: o parque exibidor, compondo-se do espaço físico onde seria instalada a emissora, na Avenida Carvalho Leal, 1.270 – Cachoeirinha, cujo, prédio hoje abriga o Centro de Radiodifusão”. E o parque de transmissão fora instalado na Avenida André Araújo, 1.555 – Aleixo, onde hoje se encontra a atual sede da TV Amazonas e da Rádio Amazonas FM.
Os equipamentos foram integralmente adquiridos da RCA Corporation, tais como: câmeras, telecine, ilhas de edição e transmissor. Vale a pena ressaltar um importante detalhe histórico, a Rádio TV do Amazonas constituiu-se, na época, como a primeira emissora de televisão do Brasil. Integralmente projetada para operar em cores, tendo a RCA Corporation concordado em alterar o projeto original de seus equipamentos, adaptando-os desta forma ao sistema PAL-M.
Este fato histórico ocorreu no dia 10 de agosto de 1972, quando a emissora levou ao ar, pela primeira vez, o sinal do Canal 5 em fase experimental.
O memorável dia da inauguração
No dia 1º de setembro de 1972 a Rádio TV do Amazonas Ltda, entra oficialmente em operação na cidade de Manaus, após um período de testes experimentais. A cerimônia de inauguração fez parte das festividades do Sesquicentenário da Independência do Brasil, no Amazonas. D. João de Souza Lima, arcebispo de Manaus, fez a invocação das bênçãos divinas para o empreendimento.
O prefeito de Manaus, Dr Paulo Pinto Nery e, Dona Nazira Chamma Daou, a eterna madrinha da Rádio TV do Amazonas, cortaram a fita simbólica. Estava presente um número expressivo de autoridades e figuras da sociedade como também do meio empresarial.
Nascia, assim, uma nova e importante Rede de Televisão. Os princípios que marcaram a convicção dos fundadores eram de que seria possível exercer a atividade comercial com o respeito aos princípios cristão e o firme propósito de construir um novo momento no setor das comunicações no Amazonas.
Esta ocasião ficou marcada na vida do povo do Amazonas, o lema adotado pela emissora que acabara de ser criada, cuja, autoria do slogan era do então Presidente da República do Brasil, o general Emílio Garrastazu Médici: “Amazônia desafio que unidos venceremos”.
Em uma primeira fase, a Rádio TV do Amazonas transmitia programas da TV Record, da Fundação Padre Anchieta e da TVE, do Rio de Janeiro. Tendo uma programação bastante variada com filmes e desenhos que eram adquiridos diretamente das fornecedoras da época: Colúmbia, 20hth Century Fox, MGM e UA.
Vale ressaltar que no momento em que a Rádio TV do Amazonas Ltda. iniciou suas atividades, já estavam funcionando a TV Ajuricaba, na época afiliada da Rede Globo de Televisão e, a TV Baré, na época afiliada dos Diários Associados, hoje TV A Crítica.
Numa primeira etapa, a Rádio TV do Amazonas passa a ser afiliada da Rede Bandeirantes que, naquela época iniciava sua atividade de expansão em rede nacional. Porém, a Rádio TV do Amazonas não se acomodava, aproveitando os grandes espaços operacionais que eram oferecidos pela Novel, cabeça de rede nacional, impulsionando, sua programação local com duas edições diárias de notícias, além dos programas: Encontro com o Povo, A Hora do Povo, Amazonas em Revista, Sociedade, Portugal sem Passaporte e mais as promoções em praças públicas, levaram milhares de pessoas a prestigiá-las: Chegada do Papai Noel, Coelhinho da Páscoa, Dia dos Namorados, Dia das Crianças, Festival de Rua, Corridas Ciclística e Pedestre Henrique Archer Pinto. Além de memoráveis apresentações com os bonecos Topo Gigio, da Equipe Disney (Mickey, Pateta e Donald) e Fofura.
A palavra televisão significa ver a distância. Este sentido, alcance e sonhos foram assumidos a risca pelos seus fundadores quando decidiram iniciar este fantástico empreendimento na região mais distante e esquecida do Brasil. Desde que levou ao ar seu primeiro Canal de Televisão em um tempo em que muita coisa em televisão improvisada, a Rádio TV do Amazonas Ltda., por correu um longo e difícil caminho.
Era preciso ocupar a Amazônia. Partiram, então para a tão sonhada aventura, implantando mais emissoras, todas elas hoje em pleno funcionamento.
Cada momento que, outrora, levou ao ar a Rádio TV do Amazonas, hoje é considerado um marco sem precedentes, em razão de todas as s dificuldades que haveriam de ser superadas. Este fato deu início a uma nova era na relação entre os meios de comunicação e o telespectador com também o importante mercado publicitário de nossa região, enfim, somos a cara e as cores da Amazônia.
O resultado dessa trajetória é a integração da Amazônia Ocidental no contexto nacional. Toda essa dinâmica muito além de consolidar a marca da Rádio TV do Amazonas, acabou criando um novo modo de retratar e preservar a realidade das áreas onde a emissora foi instalada.
A primeira sede da Rede Amazônica
Ao iniciar o período republicano no Brasil a corte e algumas cidades de várias províncias que prosperaram com os ciclos econômicos, ostentavam e algumas preservam ainda hoje exemplares da arquitetura colonial, assim como obras no estilo neoclássico.
Segundo o autor Otoni Mesquita, em seu livro Manaus – História e Arquitetura – 1852/1910: Naquele momento histórico vigoravam, ainda algumas lições de Grandjean Montigny, arquiteto francês com formação neoclássica, cujo, estilo fora oficialmente adotado pelo império e servirá como padrão arquitetônico, copiado pelas províncias brasileiras.
Acredita-se, no entanto, que a história da arquitetura não se deve restringir somente a valorização de grandes obras ou estilos reconhecidamente consagrados.
Considerando que o estilo e a preservação de uma obra singela revela ser uma peça original e única, de um determinado período, podendo também, vir a constituir-se num concreto e importante documento histórico, testemunho silencioso de um momento importante para uma cidade.
A investigação de sua história, das necessidades que levaram ao projeto, até mesmo as condições de sua execução, tudo isso deve ser avaliado quando se propõe a resgatar a história de um patrimônio, seja particular ou não.
A partir daí, seremos capazes de encontrar muitos elementos deste fato que foi gerado, nos levando ao conceito de que podemos valorizar a sua preservação histórica, pois foi palco do início de um importante acontecimento.
A arquitetura, como arte-mãe, é a que mais se ressente dos influxos da modernidade. Embora Manaus tivesse a influência da arquitetura europeia, a história da Rádio TV do Amazonas registra a presença deste monstro da criação, ganhador de vários prêmios nacionais e internacionais, que tinha características próprias em suas obras, o que de certo ponto m arcou o contraponto ao neoclássico, falamos do arquiteto Severiano Mário Porto.
O primeiro momento habitacional da Rede Amazônica era um depósito pertencente a um dos fundadores, senhor Robert Phelippe Daou.
Embora já existisse um prédio no local, nada nesta obra fora improvisado, desde o projeto técnico, produzido pelo senhor Renê Xavier dos Santos. Tudo isso, fora executado de maneira eficiente pelo competente engenheiro Arnoldo Gomes, que trabalha para a empresa até hoje.
Partindo do princípio da praticidade e economia na obra, Severiano Mário Porto buscou linhas simples, podendo-se destacar um jardim de inverno no centro. A obra como um todo tem, como marca forte, o uso da madeira de nossa região, o que identifica as obras deste tão renomado arquiteto.
A obra na sua totalidade buscou atender as necessidades da empresa que haveria de ser instalada na época, traduzindo uma perfeita harmonia entre o misto de madeira e alvenaria.
Estrategicamente localizada na esquina de duas grandes avenidas, Carvalho Leal e Tefé, novamente é cercada pela natureza, com jardim em frente e na lateral, de tal sorte que acabam reproduzindo um ambiente agradável.
Sua lateral tem uma identidade histórica: a vivacidade das três cores quem marcam a TV Amazonas, como uma das pioneiras na transmissão em cores no Brasil.
A sede em destaque abriga atualmente a Fundação Rede Amazônica, destacando o importante Centro de Radiodifusão e o Instituto Cultural da Fundação Rede Amazônica.
Neste ambiente repousa silenciosamente a história do início da Rádio TV do Amazonas, cuja diretoria vem procurando manter seus ambientes, todos em estado original a fim de que não se perca sua identidade histórica.
Referência
¹ GIOVANNINI, Giovanni. Evolução na Comunicação, do silex ao silício. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteiro, 2000, pág. 249-254.
Sobre o autor
Abrahim Baze é jornalista, graduado em História, especialista em ensino à distância pelo Centro Universitário UniSEB Interativo COC em Ribeirão Preto (SP). Cursou Atualização em Introdução à Museologia e Museugrafia pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas e recebeu o título de Notório Saber em História, conferido pelo Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas (CIESA). É âncora dos programas Literatura em Foco e Documentos da Amazônia, no canal Amazon Sat, e colunista na CBN Amazônia. É membro da Academia Amazonense de Letras e do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), com 40 livros publicados, sendo três na Europa.
*O conteúdo é de responsabilidade do colunista