Tacacá doce ou salgado? Em Parintins, banca conquista rivais dos bois com receita ‘neutra’

Seu Manoel serve tacacá no porto de Parintins e conquista turistas e moradores com sabor equilibrado.

Entre o vermelho e o azul, tradição familiar mantém receita que agrada todos os gostos. Foto: Matheus Castro, Rede Amazônica AM

Em Parintins, a rivalidade não fica só entre os bois Caprichoso e Garantido. Ela ultrapassa o Bumbódromo e invade a feira, o porto, as conversas de calçada — e até a cuia de tacacá. Por lá, a tradicional iguaria amazônica — que leva jambu, camarão, goma e tucupi — ganha versões que despertam debates: tem quem prefira o tacacá salgado, puxado no alho e no tucupi concentrado, e quem defenda com fervor o tacacá mais adocicado.

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No meio dessa disputa culinária, há quem prefira não tomar partido. É o caso do seu Manoel Garcia, servidor público e vendedor de tacacá no porto da cidade. Há mais de 40 anos, ele serve o caldo quente, acompanhado de goma e jambu, com uma receita que resiste ao tempo — e aos gostos variados.

“Meu tacacá é neutro. Não puxa pra doce, nem pra salgado. Vai bem com todo mundo”, diz seu Manoel, entre uma cuia e outra, sob o olhar atento de uma das filhas, que já aprende o ofício. A tradição, ali, é passada de pai para filho, como uma herança viva da cidade.

“Nós começamos aqui com a minha mãe e estamos aqui há muito tempo. Hoje, tenho minha esposa ao meu lado, além da minha filha e netos. O nosso segredo é tratar o nosso cliente com respeito e atender a todos sem distinção nenhuma — seja Caprichoso ou Garantido, seja quem gosta de tacacá doce ou salgado”.

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Entre cuias, histórias e gerações, banca de tacacá conquista paladares sem entrar na disputa dos bois. Foto: Matheus Castro/Rede Amazônica AM

A neutralidade no tempero não significa falta de sabor. Pelo contrário: o equilíbrio conquistado ao longo das décadas atrai moradores e turistas que querem provar um tacacá raiz, feito com respeito aos ingredientes e à história local.

“O segredo está no tucupi, sumo extraído da mandioca. Aqui, ele não é azedo nem adocicado. E isso também vem do fornecedor. Temos o mesmo fornecedor há muito tempo, o que colabora para mantermos a nossa tradição. Mas, para quem quer algo mais adocicado, nós também fornecemos adoçante. E tem muita gente que pede”, ressaltou.

Em tempos de festival, quando Parintins pulsa em ritmo acelerado e tudo parece ser azul ou vermelho, é na banca do seu Manoel que muita gente encontra um ponto de paz — e um tacacá que une, em vez de dividir. Ele até tem cadeiras para ambos os públicos.

E, olha, tem gente que chega na ilha e já desembarca pensando no caldo. A aposentada Luzia Araújo chegou na ilha nesta segunda (23) e já visitou a banca do seu Manoel.

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“Eu vinha no barco pensando nisso, pensando nesse tacacá maravilhoso. E assim que desembarcamos, deixei a mala no hotel e vim tomar. Eu amo isso aqui”, falou.

O pensamento foi o mesmo do funcionário público Sandro Teixeira. “Eu já conhecia esse tacacá porque já tomei outras vezes quando vim à cidade, e cheguei pensando nele. Descemos da lancha e já viemos tomar”, finalizou.

Por Matheus Castro, da Rede Amazônica AM

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