Quem mora na região amazônica, provavelmente já recebeu o conselho de alguém para não comer nada “remoso” em um período pós-operatório ou após ter ficado doente ou vivenciado um quadro de infecção.
Um estudo desenvolvido em parceria com pesquisadores da Universidade Federal do Pará e da Fundação Hemopa, intitulado ‘Tabus alimentares em medicina: uma hipótese para fisiopatologia referente aos alimentos remosos’, buscou promover uma revisão bibliográfica sobre o tema e propor uma hipótese teórica para o fenômeno.
Afinal, você sabe o que significa quando dizem que uma comida é “remosa“? Isso realmente é comprovado cientificamente ou apenas parte do senso comum de amazônidas?
De acordo com o estudo, publicado na revista científica Scielo:
Essa temática pode estar diretamente relacionadas às características do ecossistema da Amazônia, que abrange essa diversidade de fauna.
Ecossistema amazônico
Formado por hidrografia abundante e elevados índices pluviométricos, a Amazônia muda de maneira sazonal, com florestas inundadas em boa parte do ano, e seca, provocando erosão do solo em outros momentos.
“Os rios e o solo amazônico são assim dependentes da formação geoquímico-sedimentar dos compostos orgânicos derivados da decomposição de elementos da floresta, decompositores bacterianos e fúngicos presentes no solo, além de compostos inorgânicos argilominerais, sílica e coloides de ferro, presentes nos rios e igarapés da região”, informa.
Nesse sentido, as bactérias são de grande importância para o bioma e coexistem com animais do ambiente terrestre e aquático, que as ingerem. Nesse ponto se encaixam o que virão a ser alimentos remosos.
Características de alimentos remosos
Alimentos remosos estão associados aos animais com dietas carnívoras, que apresentam uma fase alimentar associada ao consumo de alimentos em decomposição. Entre eles estão peixes, patos, porcos, pacas, quelônios, e fora do bioma, mas acessíveis na região, caranguejos e camarões.
Isso vai de encontro com informações passadas geração após geração, de que pessoas em situação de risco, como por exemplo, em pós-operatórios, com quadros de infecção ou inflamações que possam piorar o processo após a ingestão do alimento, não devem consumir alimentos potencialmente remosos.
Ainda de acordo com o estudo, a ação desses alimentos necessita de mais pesquisas que comprovem cientificamente sua patologia. O ideal é tomar cuidado quanto à higiene ao preparar qualquer um deles.