Você conhece o cutiribá, fruto amazônico “primo” do abiu?

Cutiribá é o nome popular usado em várias regiões para a espécie Pouteria macrophylla (Lam.) Eyma, mas que também é conhecida como cutite, abiu-cutite, tuturubá, cutitiribá, entre outros sinônimos regionais.

Frutos do cutiribá. Foto: Reprodução/Artigo ‘Stability and Antioxidant Activity of Pouteria macrophylla Fruit Extract, a Natural Source of Gallic Acid’

Uma fruta que “gruda a boca”, doce e de cheiro forte. Muitas pessoas, principalmente do Norte, pode ter pensado imediatamente no abiu. Mas você sabia que existe um “primo” bem parecido com esse fruto? É o cutiribá, nome popular usado em várias regiões para a espécie Pouteria macrophylla (Lam.) Eyma, árvore da família Sapotaceae (a mesma do abiu e do canistel).

Em publicações técnicas e de divulgação científica, essa fruta também aparece com outros nomes, como cutite, abiu-cutite, tuturubá e cutitiribá, entre outros sinônimos regionais.

Leia também: Portal Amazônia responde: por que o abiu “cola” a boca?

O pianista paulista que mora no Pará, Ediel Sousa, mostrou o fruto em suas redes sociais e também questionou se ele é conhecido:

Segundo o pesquisador Eniel David Cruz, da Embrapa Amazônia Oriental, em um Comunicado Técnico de 2017, “o cutite, que pertence à família Sapotaceae, é também conhecido como jarana, abiurana-cutite, bapeba-pêssego, abiurana-cutitiribá, tuturubá, cortiça, cutiribá, abiu-cutite, juturubá, banana-do-mato e sapotilla, entre outros nomes regionais”.

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Onde o cutiribá é encontrado

Imagem colorida mostra frutos maduros de Cutite, também conhecido popularmente como cutiribá
Foto: Eniel David Cruz/ Embrapa

Visualmente, o cutiribá é um fruto arredondado, de casca amarela quando maduro e polpa de cor igualmente amarelada, de aspecto denso. O fruto é nativo da Amazônia, consumido in natura e em sucos, com frutificação concentrada entre outubro e fevereiro.

De acordo com Cruz, o fruto pode ser encontrado no Brasil e em outros países amazônicos como Bolívia, Peru, Guiana Francesa, Suriname, Colômbia e Venezuela. No Brasil, registros botânicos apontam presença ampla em estados como Acre, Amazonas, Pará, Roraima, Rondônia, Maranhão, Tocantins, Bahia, Ceará, Goiás, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo.

QUIZ: Você sabe dizer quais frutas são amazônicas?

Ele informa que “a espécie é encontrada em floresta de terra firme, várzea, igapó e em mata de galeria”. Essa diversidade de ambientes explica sua ampla adaptação e o valor cultural associado a diferentes comunidades da Amazônia e de outras regiões.

Veja aqui o comunicado da Embrapa sobre este fruto:

Uso alimentar, madeira e relação com a Amazônia

O cutiribá integra o conjunto de frutas regionais consumidas frescas e processadas. Segundo Cruz, a espécie já foi cultivada no Pará, “principalmente nos quintais domésticos, podendo fornecer frutos, sombra, madeira, lenha e carvão, assim como ser utilizada para sombreamento de cacaueiros”.

Além da polpa aproveitada em sucos, sorvetes, doces e cremes, o comunicado técnico também destaca propriedades não alimentares.

“A polpa em pó é indicada para fabricação de talco, creme anti-idade e a casca é usada contra disenteria e otite”, descreve o pesquisador.

Germinação e desafios de propagação

Do ponto de vista de manejo, o documento ressalta que as sementes apresentam dormência e comportamento recalcitrante, o que dificulta o armazenamento.

Como explica o pesquisador: “as sementes apresentam germinação lenta e desuniforme, iniciando apenas no 41º dia após a semeadura, com germinação final de 86% aos 201 dias”.

Uma alternativa para acelerar o processo é a retirada da ‘testa’. “Quando a semeadura é realizada apenas com as amêndoas, o início da germinação é antecipado para 24 dias, alcançando 79,5% de germinação”, detalha o comunicado.

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