Foto: João B Oliver via Pixabay
O Colorau, especiaria de sabor intenso, terroso e até apimentado, é produzido a partir de um fruto conhecido como urucum. O fruto é uma semente de uma pequena árvore nativa das regiões tropicais da América do Sul, o urucuzeiro (Bixa orellana). Para a sua produção são utilizadas apenas as sementes do fruto, inteiras ou moídas.
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Conheça o processo de produção do colorau, um dos temperos mais usados nas cozinhas brasileiras e um símbolo da cultura alimentar amazônica:
Origem do fruto
O urucum, do tupi uruku, que significa ‘vermelho’, é um fruto de uma árvore tropical que pode atingir até 6 metros de altura. A árvore produz frutos espinhosos em forma de cápsulas, que abrigam sementes cobertas por um pó vermelho intenso rico em bixina, e com propriedades corantes e antioxidantes.

Antes mesmo da colonização, os povos indígenas já utilizavam o urucum como corante para objetos de cerâmica, conservação de alimentos e corante natural, proteção contra picadas de mosquito e queimaduras de sol e para pintura corporal.
Atualmente, o fruto além de ser um remédio natural também é utilizado como corante em produtos cosméticos e como condimento alimentar.
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Como é feita a produção do Colorau?
Existem três formas principais de produzir o colorau a partir do urucum:
1. Extração do pigmento com fubá (sem uso das sementes no final)
Nesse método, as sementes do urucum são misturadas com óleo vegetal, que auxilia na remoção do pigmento das sementes, depois acontece a adição de farinha de fubá e a combinação é misturada até que o pigmento passe totalmente para o fubá. A proporção comum é de uma parte de sementes para três a cinco partes de fubá, dependendo da cor desejada.
Depois que o fubá adquire a cor desejada, coloca-se sal e a mistura é peneirada para tirar as sementes usadas. A partir daí, o colorau está pronto para ser embalado e vendido.
2. Trituração das sementes (sementes fazem parte do produto final)

Dessa maneira, as sementes de ururcum são misturadas com óleo para soltar o pigmento e depois trituradas junto com sementes de milho e sal. A mistura final contém partes das sementes de urucum, e as proporções variam, mas geralmente são utilizadas uma parte de urucum para três a sete partes de milho. Após a moagem das sementes, a mistura é peneirada e está pronta para ser embalada e vendida.
3. Mistura com corante industrial
Nesse processo, usa-se um corante já extraído das sementes de urucum, misturado com óleo, e combinado com fubá e sal. Como o pigmento já vem pronto, é possível ter mais controle sobre a qualidade e a cor do colorau, e a quantidade de corante vai depender da sua concentração.
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O Colorau na culinária amazônica
O colorau de urucum está presente em receitas típicas da Amazônia, como o tacacá (em algumas variações regionais), o pato no tucupi, moquecas de peixe ou camarão, arroz paraense e ensopados com jambu e camarão seco.
Além disso, é usado em temperos caseiros, marinadas e em preparos que exigem um ‘toque de cor’ sem alterar significativamente o sabor.
Colorau e páprica são a mesma coisa?
Embora ambos tenham coloração avermelhada e sejam usados como condimentos, o colorau é feito a partir do urucum e a páprica é feita com pimentão vermelho seco e moído.

*Com informações de Raiz Nativa, Florien e O Urucum.
