A ideia surgiu em 2014, quando o chefe participava de uma apresentação culinária e teve contato com a receita de pastéis de belém. Ele conta que logo pensou que poderia usar aquela base para criar um pastel acreano. Foi então que ele decidiu fazer um creme consistente de açaí e colocar em cima de uma massa folhada.
“Foram várias as tentativas até chegar na receita certa. Ficou muito gostoso e todos aprovaram. Mandei até a receita para uma revista nacional renomada de gastronomia e foi publicada. Até hoje não vi uma receita dessa, certeza que é uma receita única”, orgulha-se o chefe.
Conforme Santos, ele é o chefe mais novo da região Norte. Ele conta que a relação com a cozinha começou quando ainda era uma criança e que desde os 16 anos passou a encarar como uma profissão. Foram vários cursos e atualmente o jovem faz faculdade de gastronomia. “Desde os meus 11 anos, já trabalhava como chapeiro e aos 16 me tornei chefe de cozinha. Comecei a fazer cursos, me aprofundar na área e despertou ainda mais esse amor pela gastronomia. Sou muito feliz com minha profissão”, diz Santos.
O talento do chefe acreano já é reconhecido internacionalmente. Ele é um dois brasileiros que irão participar do Congresso Integração Culinária do Vale. O evento que acontece entre os dias 7 e 9 de julho em Cochabamba, na Bolívia, reúne chefes da Itália, Coreia, México, Espanha e Argentina.
Para o evento, ele pretende apresentar uma receita 100% acreana. “Vou representar o Brasil nesse evento e vou levar o meu Acre. Vou fazer uma receita de um risoto acreano, no caldo do tucupi, carré de tambaqui assado na folha de bananeira”, detalha.
Desafios e preconceito
Apesar da pouca idade, o jovem Santos já passou por muitas dificuldades e desafios ao longo da vida. Aos seis anos, ele perdeu o pai e aos 10 foi abandonado pela mãe. Ele conta que foi com muita determinação que conseguiu superar os problemas e focar no que lhe fazia feliz: a cozinha.
Ao longo da formação, o chefe foi alvo de preconceitos. Por ter pouca idade, ele diz que até mesmo os profissionais mais experientes acabam lhe tratando com diferença. A família de Santos, segundo ele, só passou a valorizar e apoiar a escolha de ser chefe de cozinha depois que ele passou a ser reconhecido.
“Fui crescendo na garra. Minha família sempre foi muito humilde e só passou a me apoiar depois que comecei a ser destaque na minha profissão. Eles pensavam que eu não ia crescer nisso. Até hoje sinto esse preconceito. Só tenho 21 anos e alguns profissionais da área acabam achando ruim por eu, com essa idade, já ser destaque a nível mundial”, finaliza.