Você já quebrou?

Todos já quebraram. Eu também já quebrei. É possível que você também já tenha quebrado, caro leitor. E estamos de pé.

O grupo é de cerca de 40 empresários e começo a reunião fazendo essa pergunta. A quase totalidade levanta a mão. A impressão é que fazem isto, com muito orgulho. Orgulho de terem quebrado e estarem ali, em pé. Começam a contar as suas histórias. Nem todos empreenderam como primeira opção. A dificuldade de colocação no mercado de trabalho levou Carla a ingressar no marketing de rede, vendendo produtos de beleza. Hoje ela tem a sua própria marca e utiliza a sua história para inspirar mulheres mais jovens. Parte do seu negócio é vender esperança, diz ela. Talvez este seja o seu principal produto.

Quem olha para Francisco hoje não imagina que, há menos de dez anos, ele estava quebrado. Anteriormente, proprietário de uma imobiliária forte, com algumas filiais e vários funcionários. Arriscou-se na construção de prédios residenciais e perdeu tudo. Usou seu patrimônio para pagar dívidas e orgulha-se de ter pagado até o último centavo que devia. Recomeçou como representante comercial no setor de serviços industriais. Aprendeu sobre o negócio e enxergou oportunidades que o fizeram prosperar rapidamente.

José Luiz, Tanaka e Graça nunca foram empregados. Já tiveram diversos negócios e lutam ainda por se firmar. Nenhum deles se adaptou bem à condição de franquiados, pois queriam seguir as suas próprias regras. Querem implementar as suas ideias e criar os seus próprios sistemas. “Tudo bem que eu posso errar, mas o trabalho tem que ser divertido. Não dá para ficar fazendo tudo igualzinho, só porque deu certo para o outro. Eu não sou o outro”.

Foto: Reprodução/LinkedIn

Este é um ponto que me chama a atenção. Todos encaram os negócios como algo muito maior do que uma maneira de ganhar dinheiro. Uns falam em diversão, outros em vitória, como se estivessem em um jogo. Vários falam em propósito. Há os que querem fazer diferença no mundo e deixar a sua marca. Uma mulher menciona a realização de poder empregar pessoas, sentindo-se responsável também pelas suas famílias. Gisele está trocando um bom emprego em tecnologia para empreender em vendas por uma plataforma. Seu Mário, um senhor bem idoso, que ainda trabalha na sua pastelaria diariamente, diz que sua saúde vem do trabalho. Que se não trabalhasse já estaria morto.

Falou-se muito pouco de dinheiro neste encontro. Alguns estão muito bem financeiramente, outros medianamente e ainda os que passam por dificuldades. No entanto, ninguém colocou o dinheiro como o seu principal motivador.

“Por que você quer abrir uma empresa?”, perguntou certa vez Steve Jobs a uma pessoa que lhe procurou. “Para ganhar muito dinheiro”, a pessoa respondeu. “Esqueça. Este não é um bom motivo. Provavelmente você não terá sucesso. É preciso amar o que você faz. É preciso encontrar o que você ama e seguir o seu coração”, afirmou Jobs.

Nosso grupo de empresários estava ali expressando as suas histórias, com paixão. Mais do que amor e sonhos, elas reforçam a importância da resiliência que, ao contrário da resignação, nos impulsiona a buscar alternativas e a crescer diante das dificuldades. Todos já quebraram. Eu também já quebrei. É possível que você também já tenha quebrado, caro leitor. E estamos de pé. Mesmo que alguns de nós estejam com dificuldades neste momento, estamos de pé. E isto torna a vida muito mais divertida. Como diz um amigo, também ele um empresário: “vamos em frente”.

Sobre o autor

JulioSampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista


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