Em tese todos temos motivos para nos preocupar. Ou talvez, seja o contrário. A partir de certo ponto, depois de fazermos o que está ao nosso alcance, do que adiantaria a preocupação?
Maria e Paulo passam a noite em claro. É quase de manhã e o filho, João Carlos, ainda não chegou. Os pais preocupam-se com a violência, por não saberem por onde ele anda, com quem anda e o que está fazendo. Pensam que possuem razões de sobra para se preocuparem.
Sem dormir também passou o Milton. Está preocupado com as metas de vendas. Aproxima-se o final do mês e ele precisa entregar o número. Há inúmeras propostas no mercado. Se algumas delas derem certo, superam-se as metas. Mas e se não acontecer isso? Será o segundo mês consecutivo que não atingirá, distanciando-se ainda mais do orçamento do ano. Isto pode colocar em risco o seu cargo como gerente comercial. Se sair da empresa, como fará para se recolocar? E as suas contas, como ficarão? E outras e mais outras preocupações começam a vir na cabeça do Milton, em um looping que não o deixa dormir.
Já a Antônia está nervosa. Isto sempre ocorre quando surge algo especial em sua carreira. Neste caso é muito importante, pois foi convidada para fazer uma palestra para um grupo de empresários e possíveis clientes. Antônia está preparada tecnicamente, domina o tema como ninguém, mas não consegue parar de preocupar-se, principalmente, porque é amanhã cedo o grande dia.
Em tese todos temos motivos para nos preocupar. Ou talvez, seja o contrário. A partir de certo ponto, depois de fazermos o que está ao nosso alcance, do que adiantaria a preocupação? Não seria um desperdício de energia a troco de nada? Será que esta consciência é suficiente para nos libertar das preocupações desnecessárias? A psicologia ensina que o estado natural de nossa mente é a desordem, a chamada entropia. Se não a ordenarmos, ela se apega a uma preocupação ou vagueia de uma para outra, potencializando riscos e problemas.
Quando se começa a estudar coaching, ouve-se uma expressão com muita frequência: “confiar no processo”. Ao contrário de uma aula, ou de um programa de treinamento, quando o instrutor pode se preparar para o tema e fazer um roteiro, no coaching profissional puro, o assunto não é sabido previamente. O cliente deve trazer o tema na hora e pode ser qualquer um, sem que o coach saiba até então do que se trata. Como se preparar? Sendo uma melhor pessoa, qualificando-se tecnicamente nas competências de coaching e… confiando no processo.
Confiar no processo pode ser para alguns, sinônimo de confiança na técnica, mas é muito mais do que isso. Alguns dirão que é entregar ao universo que, de alguma maneira, faz com que, de um ponto de vista mais amplo, tudo se harmonize. Os mais religiosos poderão associar a confiar em Deus e estar em sua sintonia. Podemos considerar tudo isso e resumir em: fazer o que estiver ao nosso alcance e confiar, desapegar.
Caro leitor, você acha que este mesmo princípio pode ser aplicado a alguma situação de sua vida?
Não temos o controle que pensamos que temos ou que gostaríamos de ter, não é mesmo? Fazemos escolhas e somos responsáveis por elas, mas os rumos ganham vida própria a partir daí. Desapegar é difícil. Mas se quisermos ser felizes, precisamos eliminar as preocupações que não nos levam a nada. Fazer o que precisa ser feito e confiar no processo.
Sobre o autor
JulioSampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.
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