Por que excelentes profissionais são desclassificados em processos seletivos?

“A questão é que o mercado tem muitos excelentes profissionais, entretanto, um ou outro fator acaba sendo motivo de eliminação. Alguns mais simples, outros mais graves”

Muitos processos seletivos pedem profissionais com muita experiência e conhecimento adquirido. Isso é um fato. Mas e quando essas mesmas empresas desclassificam esses mesmos profissionais, principalmente pelo currículo e nas entrevistas? Como entender esse fenômeno e o que ocasiona a sua ocorrência?

A questão é que o mercado tem muitos excelentes profissionais, entretanto, um ou outro fator acaba sendo motivo de eliminação. Alguns mais simples, outros mais graves, como a indisciplina e insubordinação, e outros até desnecessários por parte de quem recruta.

Nesse artigo, vamos falar sobre os principais motivos de excelentes profissionais serem desclassificados em seus processos de recolocações. Com alguns exemplos práticos, vamos mostrar o que acontece no dia-a-dia organizacional.

A exposição curricular não realizada da forma ideal

A mostra inicial de qualquer profissional é o currículo. Por isso, sempre falaremos nele, com contextos e exemplos diferentes um do outro. Nessa exposição, é necessário deixarmos o máximo possível de detalhes para que a pessoa que estiver lendo, tenha clareza e entendimento geral sobre o nosso perfil profissional.

Vamos a um exemplo prático disso?

João é um excelente profissional, que atende ao perfil de uma vaga anunciada por uma empresa há muito tempo. Formado como Técnico Mecânico, ele tem conhecimento em manutenções de guindastes, máquinas e equipamentos de grande porte. Na região, João é um dos poucos profissionais que possuem esse conhecimento.

Sabendo da vaga, João sabe que a empresa atua com guindastes e envia o seu currículo na esperança de ser convocado, afinal possui a experiência solicitada. Em seu currículo, consta a seguinte descrição:

– Conhecimento em manutenções de máquinas e equipamentos de grande porte.

Para quem for ler, vai se perguntar “Mas será que é manutenção de guindastes?”. Essa dúvida pode gerar dois cenários: o do(a) recrutador(a) fazer contato para perguntar isso ou o do(a) recrutador(a) não saber se é isso e deixar o currículo para outro momento.

Agora vamos imaginar outro cenário?

Sabendo da vaga, João sabe que a empresa atua com guindastes e envia o seu currículo na esperança de ser convocado, afinal possui a experiência solicitada. Em seu currículo, consta a seguinte descrição:

– Conhecimento em manutenções de máquinas e equipamentos de grande porte, como guindaste e outros.

Entre a primeira e a segunda opção, é claro que a 2ª será selecionada, afinal fornece a informação exata para quem estiver lendo.

Em muitos processos seletivos, esse detalhamento não é feito, assim gerando a desclassificação de muitos bons profissionais.

A autoafirmação excessiva

Esse fator é praticado em entrevistas ou contatos telefônicos. Quando há autoafirmação excessiva, cientificamente existe a tendência comportamental da pessoa ser de difícil relacionamento. Provavelmente, um dos pontos comportamentais também é a inflexibilidade de aprender novos métodos. Com essa interpretação da ciência do comportamento, a tendência é que haja desclassificação do(a) profissional.

A autoafirmação excessiva é prejudicial, assim como qualquer outro tipo de ação com excessos. Por isso, é necessário haver o equilíbrio da autoafirmação com a humildade de não se ver como um(a) profissional que sabe tudo e é dono(a) da verdade.

A indisciplina, acomodação ou insubordinação

Ela ainda é o principal motivo de desclassificações e demissões, essa última em situações que o(a) profissional já está colocado(a). Em muitos casos, a indisciplina é de falta de pontualidade, de não cumprir o que é determinado e não ser flexível para ações do dia-a-dia.

Em entrevistas de emprego, normalmente esses fatores são medidos através de alguma dinâmica ou pergunta específica que vai medir as reações do(a) profissional. Quando um(a) profissional responde, de forma pessoal, a alguma realizada de cunho profissional, é interpretado(a) como um profissional insubordinado.

Vamos a um exemplo prático disso?

– Recrutadora Luciana pergunta ao recrutado Carlos como ele reagiria se o líder imediato pedisse a ele para fazer alguma atividade que não é do seu feitio.

– Carlos, por sua vez, responde que faria contrariado, mas faria, e que depois diria que não faria mais.

Essa resposta mostra a reação pessoal de Carlos, de fazer apenas o que quer e o que gosta. Além da insubordinação, há a indisciplina de dar uma resposta desnecessária ao líder imediato.

Vamos para outro exemplo?

– Gestora Mariana pergunta a Carlos se ele aceitaria trabalhar por hora extra aos finais de semana?

– A reação no rosto de Carlos não é boa, mas ele diz que sim porque está precisando.

Nessa situação, Mariana vai sentir que Carlos é acomodado e que só quer trabalhar no tempo normal de expediente. Ou seja, saberá que é uma pessoa que não poderá contar efetivamente quando for para resolver algum problema complexo.

A falta de empatia

Depois da indisciplina, esse fator é o pior. A falta de empatia mostra o lado individualista do ser humano. Se isso for constatado em entrevista, dificilmente o(a) profissional irá para a próxima etapa, principalmente se for para cargo de gestão.

A fórmula é simples: uma pessoa que não tem empatia com o outro ou com a equipe, sempre interpretará as situações ao seu favor/benefício, e isso pode atrapalhar outros membros da equipe, que tecnicamente estão lá para trabalharem juntos.

Flávio Guimarães é diretor da Guimarães Consultoria, Administrador de Empresas, Especializado em Negócios, Comportamento e Recursos Humanos, Articulista de Carreira, Emprego e Oportunidade dos Jornais Bom Dia Amazônia e Jornal do Amazonas 1ª Edição, CBN Amazônia, Portal Amazônia e Consultor em Avaliação/Reelaboração Curricular.

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