A diminuição de vagas está ocorrendo, mas não no tamanho que temos ouvido. A prática mostra uma diferença gritante das tantas teorias que circulam por aí
O coronavirus trouxe, além de incertezas econômicas para o mundo, o desespero de muitas pessoas num possível cenário de retração econômica, e por consequência, de geração de empregos. Nesse contexto, muitos especialistas estão anunciados aos quatro cantos que as aberturas de novas vagas irão quase a zero. Entretanto, esses comentários e boatos que ouvimos são especulações puras, havendo muitas tentativas de previsão de futuro.
A geração de empregos não deixará de existir. Vagas continuam sendo abertas todos os dias, claro numa proporção menor do que um mês atrás. A diminuição de vagas está ocorrendo, mas não no tamanho que temos ouvido. A prática mostra uma diferença gritante das tantas teorias que circulam por aí.
Os processos seletivos vão continuar (num formato diferente)
Algumas empresas têm optado por congelarem alguns processos seletivos, que serão retomados após o fim desse caos do Covid 19. No entanto, muitos processos seletivos continuam ocorrendo, não de forma presencial, mas sim virtual: entrevistas via Skype, Hangouts, whatsapp, vídeo conferências, calls e outros têm sido muito praticados todos os dias, a todos os momentos. E para a nossa surpresa, após o anúncio do novo vírus no país, não teve um dia sequer que não ocorreu novas entrevistas por esses meios. A roda continua girando. Mais lenta, mas continua. Nesse momento, mais do que nunca, precisamos estar preparados para esse novo formato de processos seletivos, que requer aperfeiçoamento da oratória e formas de se apresentar.
Isso ocorre porque muitas empresas não têm a possibilidade real de paradas totais, principal as indústrias e os comércios, que são dependentes diretos da venda pessoal em si e da produção manual de produtos. Por outro lado, a área de serviços e de trabalhos administrativos em geral são as que mais têm facilidade para atuarem no modelo home office (trabalho em casa). Muitos dos serviços prestados hoje podem ser continuados sem que os(as) profissionais estejam efetivamente dentro de um escritório ou salão de vendas. Dessa forma, a tendência que as contratações continuem na Indústria e Comércio. No serviço, haverá queda sim, pelo menos nos próximos três meses, o que também não deve criar o pânico de acharmos que vai parar. Parar, não vai.
A redução temporária na geração de empregos
Com um levantamento de informações através de 96 empresários(as) e gestores(as) de todos os segmentos na região amazônica, inclusive o Terceiro o Setor, nos mostrou que há projeção de redução de vagas em torno de 15 a 20%. Dependendo do cenário que se desenhe nos próximos dias, há outra projeção máxima de 30 a 35%, o que vai ocorrer em casos extremo de muito caos. Analisando de forma técnica no contexto mercadológico, os dois percentuais são relativamente baixos em relação a outras regiões do país, algumas já tendo registrado projeções entre 60 até 85% em redução.
Considerando essa queda real de 15 a 20% do exato momento e 30 a 35% em um cenário mais improvável, há algo que cria esperança: essas vagas não deixarão de existir. Elas apenas deixarão de ser efetivadas nesse momento, que provavelmente ocorre de 3 a 4 meses, no máximo. Depois disso, com estabilidade social do temor, voltarão a surgir, gerando empregos diretos e indiretos normalmente como antes.
Vamos voltar à crise de 2015?
Impossível, com toda a certeza. Primeiro porque essa crise do Covid 19 é algo pontual, que não durará para sempre. Em curto e médio prazo esse surto terá o seu fim. Há uma diferença enorme entre essa crise e a que surgiu em 2015, que estava envolta em crise econômica, política e social. Ou seja, quando se inicia uma crise como a de 2015, a projeção de recuperação é de 5 a 10 anos, no mínimo. O Covid 19 não durará nem perto desse tempo todo.
Junto a esse contexto, existem as oportunidades que surgem em um período de crise como a desse vírus. Outros mercados como o industrial farmacêutico e fornecedores dos mesmos, bens de consumos básicos, serviços de transportes terceirizados e saúde crescem significativamente. Dessa forma, há uma compensação temporária entre uma área e outra.
Vamos a exemplo prático disso?
O João é desligado de sua empresa devido a incerteza do momento e redução de consumo de produtos da sua ex-empresa, que era a de televisores. Ao mesmo que o João saiu, a Andreia, que é profissional da Saúde e estava há muitos anos desempregada, poderá ser convocada para trabalhos, mesmo que seja por esses 3 ou 4 próximos meses. De certeza, acaba criando um equilíbrio entre a entrada e saída de pessoas no mercado formal e informal (prestações de serviços).
Vamos a outro exemplo?
André, que era motorista carreteiro e estava com dificuldade de se recolocar, é convocado por uma empresa de aplicativo de entregas delivery para o quadro de pessoas. E a tendência que isso ocorra é devido o aumento de pedidos que muitas pessoas têm feito, evitando saíram de suas casas devido o riscos de transmissão. Assim, André terá a abertura de renda, que antes não tinha.
Resumindo tudo, há motivo para preocupação? Sim, claro que há. Mas não para pânico total. Mesmo com o risco real desse vírus, não podemos parar, mas sim criar meios eficazes de prevenção. Se pararmos de trabalhar, podemos não ser vítimas do vírus, mas seremos vítimas da fome e falta de condições de sustento mínimo.
E aí? O que fazer?
Flávio Guimarães é diretor da Guimarães Consultoria, Administrador de Empresas, Especializado em Negócios, Comportamento e Recursos Humanos, Articulista de Carreira, Emprego e Oportunidade dos Jornais Bom Dia Amazônia e Jornal do Amazonas 1ª Edição, CBN Amazônia, Portal Amazônia e Consultor em Avaliação/Reelaboração Curricular.