Normalmente a ideia de abrir um negócio próprio nos faz pensar que precisamos atender o máximo de pessoas e públicos possíveis. Mas esse pode ser um erro estratégico.
Pensar num negócio próprio sempre nos remete à ideia de que precisamos ter uma empresa aberta para isso. Entretanto, nem sempre isso é necessário no começo, havendo a possibilidade de atuação como profissional autônomo/a ou liberal. As contribuições de impostos e Previdência podem continuar sendo praticados da mesma forma que seria se houvesse o registro CLT ou CNPJ.
Para chegarmos nesse ponto, precisamos ter algumas estratégias que promovam o nosso negócio, definindo público, captando clientes, administrando finanças e outros detalhes fundamentais. Por isso, nesse artigo vamos falar sobre esses pontos, com orientações de como fazer tudo isso na prática, com exemplos reais. Não é tão difícil quanto parece, mas requer muita dedicação e paciência.
Como escolher o público-alvo
Normalmente a ideia de abrir um negócio próprio nos faz pensar que precisamos atender o máximo de pessoas e públicos possíveis. Mas esse pode ser um erro estratégico. Para criarmos uma bandeira/referência de mercado, temos que definir um público específico, mesmo que não seja a maioria de público de mercado ou massa de pessoas ou empresas. Com essa definição, vamos criar a referência profissional. Com essa referência, vamos ter uma base sólida de clientes que vão nos procurar sabendo da nossa especialidade. A expansão comercial para o aumento de negociações/vendas vem exatamente daí. Com um público e produtos e serviços bons, os agregados vêm: familiares, conhecidos e indicações de quem já é de nossa base de clientes. É assim que começamos a aumentar nossas vendas, sem que tenhamos que investir em publicidade. As indicações são a melhor forma/canal de fazermos negócios com baixo custo investido.
Vamos aos exemplos?
Maria quer vender roupas femininas plus-size. É claro que o seu público será mulheres com o peso um pouco acima da média. Tendo esse público captado, haverá indicações de primos, primas, irmãos, irmãs, mães, pais e assim por diante. O interessante disso é que, quando definimos esse público específico, podemos começar a abrir novos mercados. Exemplo: a cliente Andréia gostou da qualidade das roupas. Com isso, indica o seu pai, que pode não ser plus-size, mas sim uma venda complementar. Assim, começamos a comprar roupas também para o público masculino, aumentando o mix de ofertas de produtos. Nesse fator em si, temos que ter uma consciência: nunca abandonar o público de origem, que sempre será a maior fatia. Considerando a variável de possibilidade que esse púbico pode mudar com o tempo, podemos mudar o nicho do negócio. Se percebermos, por exemplo, que a maioria do público começa a se converter apenas para homens, é para lá que temos que ir. Fora isso, a tentativa de expandir para outros públicos, tendo abraçar tudo ao mesmo tempo, pode nos levar ao fracasso do negócio.
Vamos a outro exemplo?
João quer começar a vender hot-dogs em um carrinho food truck. Qual o público dele? Todos? Não necessariamente. Qual é o ambiente que o João tem? Familiar, de pessoas mais jovens, mais velhas/experientes, solteiros, casados? A verdade é que no início não dá para definir o público exatamente, pois se trata de um segmento que todos consomem: a comida. Com o correr do tempo, João vai identificar os seus clientes, percebendo o tipo de público que está vindo. Com isso, definirá as ações de forma mais focada. Se o ambiente for familiar, ações voltadas para a Família precisam ser feitas: para filhos, pais e similares. Se o ambiente for de pessoas jovens, namorados, namoradas, primos, primas e assim por diante. Se o ambiente for de pessoas mais velhas, os filhos, netos e assim vai.
Como captar novos clientes
Em tempos de crise financeira, não podemos nos dar ao luxo de investir alto em publicidade. Com isso, uma boa alternativa para captações de novos clientes pode ser através de publicações de fotos e testemunhos em redes sociais. Clientes satisfeitos e que indicam outros clientes podem ser grandes parceiros para esses registros. A fonte de publicação: redes sociais.
Vamos a um exemplo?
Carlos começou a fazer trabalhos autônomos de móveis planejados. Com isso, no seu primeiro trabalho, registra uma imagem de como ficou depois de tudo instalado e publicou em redes sociais. A tendência é que novos clientes vejam e comecem a contactá-lo para orçamentos. Assim, Carlos não investiu praticamente nada em publicidade cara, tendo o atendimento mais passivo do que ativo.
Vamos a outro?
Rafaelle começou a vender bolos. No seu primeiro trabalhamos, registrou a imagem de uma cliente sorrindo com o produto nas mãos. O sorriso nos remete à ideia de satisfação. Quem ver as fotos, entenderá que o produto é bom e isso vai gerar novos contatos para novas vendas, também sem investimentos em publicidade cara.
Como administrar as finanças
Conforme o negócio for caminhando, o dinheiro vai entrando. Mas isso não deve nos levar aos gastos com compras pessoais. É necessário entender que temos a necessidade de um capital de giro, mesmo que seja mínimo. Se uma produção der errado ou uma compra for realizada de forma equivocada, temos que ter fôlego para recuperar o negócio. Se vivermos na linha do limite, podemos não ter recursos para retomar o negócio, caso algo dê errado.
O ideal é que deixe sempre de 20 a 30% de reserva de cada venda realizada. Esse dinheiro deve ficar parado, como margem de segurança. Caso contrário, entrarmos nas estatísticas de negócios que foram à falência por não haver possibilidade de recuperação em algum imprevisto ocorrido.
E qual o momento de abrir uma empresa?
Se o negócio autônomo ou liberal começar a funcionar de forma mais intensa e começara gerar clientes de maior porte, como empresas, é a hora de abrir o CNPJ. Isso se tornará necessário porque muitas empresas têm procedimentos de contratarem apenas empresas, pois precisarão justificar os gastos para os donos ou acionistas.
Com isso, a tributação aumentará significativamente, nos fazendo rever valores e margens de lucros por produtos e serviços.
E então? Vamos para a prática?
Flávio Guimarães é diretor da Guimarães Consultoria, Administrador de Empresas, Especializado em Negócios, Comportamento e Recursos Humanos, Articulista de Carreira, Emprego e Oportunidade dos Jornais Bom Dia Amazônia e Jornal do Amazonas 1ª Edição, CBN Amazônia, Portal Amazônia e Consultor em Avaliação/Reelaboração Curricular.
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