O conjunto de três caixas d’água foi construído em ferro fundido no início do século XX, porém o resultado não aconteceu de acordo com os planos.
Expectativa e realidade. Se fosse nos dias de hoje, com certeza, o Reservatório Paes de Carvalho se enquadraria em vários tipos de memes espalhados pela internet. O motivo? Após a construção custar fortunas para os cofres públicos, não suportou a demanda a que era destinada, ou seja, abastecer com água os bairros da Campina e Cidade Velha, em Belém (PA).
O conjunto de três caixas d’água foi construído em ferro fundido no início do século XX. O local escolhido para receber a estrutura foi o ponto mais alto entre os dois bairros. Os insumos foram solicitados para a empresa ‘Boudet, Donon & Cia‘, de Paris.
A comunidade ‘Belém de Antigamente’, em uma rede social, relata que foi através do navio ‘Valesia’, vindo da França, que parte do material chegou a Belém, em 1900. Depois, outros insumos foram descarregados na capital paraense nos navios ‘Croatia’ e ‘Hungaria’.
As obras iniciaram durante a gestão de Augusto Montenegro em 1902. Já no ano de 1905, Montenegro enviou uma mensagem ao Congresso Legislativo do Pará:
“Em Dezembro de 1904, começaram-se os trabalhos das fundações do reservatório da Rua Lauro Sodré, canto da Travessa 1º de Março. Começando-se pelo alargamento das escavações, que não estavam concluídas: em janeiro deu-se início ao serviço de alvenaria que está concluído, restando agora dar-se começo a montagem dos próprios reservatórios para o que mandei fazer o respectivo orçamento. Gastou-se nas fundações do tanque atravessa 1º de Março a quantia de 84:800$000 e 4.215 barricas de cimento que o Governo forneceu”.
Mensagem de Augusto Montenegro.
Torre Eiffel de Belém?
A imponente estrutura ficava localizada na esquina da Primeiro de Março com a Ó de Almeida. A ideia era que o reservatório lembrasse a Torre Eiffel, só que diferente da sua ‘prima’ francesa, a versão do Pará nunca serviu para visitação e teve problemas no abastecimento de água. Inclusive, não funcionou durante os dois períodos governamentais de Augusto Montenegro.
Na época, a tubulação não suportou a pressão da água do reservatório. Apenas oito anos depois, no dia 30 de junho de 1912, é que o então governador João Coelho reinaugurou a torre e a caixa d’água distribuiu a água para a cidade.
Expectativa x Realidade
Lembra da questão de expectativa e realidade? Problemas e mais problemas atrapalhavam o funcionamento da caixa d’água. Inclusive, os técnicos condenaram a obra como irrecuperável.
O reservatório virou motivo de piada entre os paraenses e ganhou o apelido de “três panelas vazias”, que não armazenavam água. Atualmente, existe uma nova caixa d’água no local, localizada próximo de onde estava a Fábrica Palmeira.