O evento, em que a inserção do país vizinho foi oficializada, foi realizado durante a visita do presidente da França, Emmanuel Macron, e do presidente da Université de Guyane, Laurent Linguet, a Belém.
A Iniciativa Amazônia+10 reúne 25 Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs) estaduais e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e já disponibilizou cerca de R$ 137 milhões em duas chamadas de pesquisa, uma delas em parceria com quatro agências internacionais: British Council e o UK Research and Innovation (UKRI), ambos do Reino Unido, a Swiss National Science Foundation (SNSF), da Suíça, e o Centro Universitário da Baviera para América Latina (Baylat), da Alemanha.
Linguet sublinhou o interesse de seu país em contribuir com estudos e pesquisas sobre a Amazônia.
“O acordo visa a colaboração mais profunda entre França, Guiana e Brasil, que transcende fronteiras, para preservar recursos e atuar na melhoria das condições de vida da população. A Amazônia é mais do que uma floresta, é um símbolo de nossa responsabilidade. Por meio dessa parceria, a Université de Guyane está comprometida com a preservação e a gestão desse tesouro ambiental por meio da inovação, ciência e tecnologia”,
apontou.
O protagonismo das instituições amazônicas tem mudado o foco das iniciativas de pesquisa na região, afirmou o presidente da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), Marcel Botelho. E essas parcerias, ele disse, trouxeram “um olhar para abaixo do dossel da floresta, evidenciando a riqueza cultural de sua população e a grande necessidade do desenvolvimento de novos conhecimentos para alavancar sua qualidade de vida em conjunção com a preservação”.
Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da FAPESP, sublinhou a importância da cooperação internacional em iniciativas de pesquisa na Amazônia. “A Université de Guyane tem investido em laboratórios, em estudos nas áreas de biologia e inovação, por isso, essa parceria nos dá a possibilidade, em conjunto com pesquisadores brasileiros, de desenvolver estudos sólidos e eficientes para melhorar a qualidade de vida de nossas populações”.
Participaram da cerimônia representantes de diversas instituições, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), Coordenadoria do Laboratório de Biossoluções e Bioplásticos da Amazônia da Universidade Federal do Pará (Laba/UFPA), Fundação Carlos Gomes, além de pesquisadores da UFPA, Universidade do Estado do Pará (Uepa) e Unifesspa.
Um dos temas de interesse tratados no encontro foi a superação dos desafios da Amazônia, visando o desenvolvimento sustentável aliado à melhoria da qualidade de vida dos 29 milhões de amazônidas. Considerando o potencial que a região apresenta para inovação, produção, beneficiamento, comercialização e consumo de produtos oriundos da biodiversidade e fazendo da bioeconomia uma nova matriz econômica para o desenvolvimento sob as bases da sustentabilidade.
Linguet já havia manifestado o interesse em colaborar com o Brasil em estudos sobre a Amazônia. O território franco-guianense – considerado um departamento francês ultramarino e, portanto, parte da União Europeia – é quase totalmente coberto pela floresta tropical.
“Penso que juntos podemos fazer muitas coisas boas para nossas populações, para a floresta amazônica e para nossas nações. Vejo muitos interesses comuns, principalmente em temas como ecologia, biodiversidade, silvicultura e os impactos das mudanças climáticas na Amazônia”,
disse em dezembro de 2023, à Fapesp.