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Segunda, 29 Mai 2023

Estratégicos: saiba por quê periquitos de asa branca escolheram avenida em Manaus para morar há 12 anos

Milhares de periquitos de asa branca (Brotogeris versicolurus) tomam conta da Avenida Ephigênio Sales, na Zona Centro-Sul de Manaus (AM), durante os fins de tarde. Há 12 anos, com voos e cantos característicos, eles chamam atenção de quem passa pela via. Eles surgem em pequenos grupos e, rapidamente, aparecem centenas até chegarem a milhares. As aves fazem um espetáculo no ar que impressiona.

Segundo o especialista em pássaros e pesquisador no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Mário Cohn Haft, os periquitos de asa branca apareceram na área urbana de Manaus, pela primeira vez, em 2011, e foram atraídos pelos pés de manga da cidade.

Isso porque era uma safra de manga fora do normal e eles estavam em grande número. Assim, os periquitos passaram a dormir nas árvores desse trecho da Avenida Efigênio Sales, um importante corredor viário de Manaus.

É uma área da cidade cercada por condomínios e a primeira morada foi em 20 palmeiras imperiais. De acordo com o pesquisador, era um lugar seguro para pernoitar.

"Copas isoladas oferecem proteção. Troncos lisos, que uma cobra não subiria, uma mucura teria dificuldade em subir. A gente acredita que esses eram os fatores que faziam esse lugar ser irresistível para os periquitos, mas, com o uso, os periquitos acabaram matando essas palmeiras. Não propositalmente, mas de tanto pisotear e de agarrar nas folhas", 

contou Cohn Haft.
Foto: Luis A. Florit/Inpa

Esse é o décimo segundo ano consecutivo que os passarinhos migram para a capital amazonense e dormem em um trecho da Avenida. Chegam em outubro e ficam até março. Depois voltam pra casa que é na região de várzea, às margens do Rio Amazonas. "Ficam por aqui, mas são centenas no verão e dezenas de milhares, por volta de 10 mil, digamos, no inverno", explicou o pesquisador.

Há cinco anos, o cirurgião dentista Paulo Calderon, acompanha as revoadas do consultório onde trabalha. "Quando estou aqui com os pacientes, eles não têm noção da situação. Aí eu faço um experimento. Eu abro a janela para eles. Eles se assustam porque é realmente ensurdecedor e a gente se encanta. É natureza mesmo", contou.

Quem vê pela primeira vez pode até achar que os passarinhos estão desorientados durante os voos, mas o movimento que eles fazem ao final de cada dia é característico, antes de dormir. Logo depois, pousam nos galhos das árvores um ao lado do outro e ficam tão colados que até parecem folhas.

"Depois das 6h30, digamos, já foram, espalharam pela cidade, estão em pequenos grupos, aproveitando o que tiver de comida. Por volta das 17h30 começa essa loucura da chegada. Então, passam a noite inteira aqui, o dia inteiro fora, comendo por aí", explicou o pesquisador do Inpa, referindo-se ao local.

Foto: Divulgação

Mas viver em área urbana e no canteiro central de uma avenida, é perigoso. Durante os voos, alguns são atingidos por veículos. Esse foi o motivo do lugar ter sido sinalizado, para diminuir os acidentes. "A gente sempre vê ônibus batendo neles. É triste quando não respeitam, passam muito rápido e isso acontece muito", comentou a babá Patrícia Freitas.

Enquanto os periquitos de asa branca não vão embora, os moradores da região aproveitam a companhia nada discreta. "Muito gostoso. Tem dias que eles estão muito agitados. A gente vê um show, um espetáculo no céu e eu adoro muito isso. A gente está aqui pra saber que, na verdade, eles que adotaram e disseram 'eu vou morar aqui e acabou-se, aqui é a minha casa'", disse a jornalista Catiane Moura.

*Com informações de Ruthiene Bindá, da Rede Amazônica 

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