A principal base de dados do estudo foi o inventário florestal de ocorrência de bambu no Acre em sete municípios do estado.
Realizar a estimativa de ocorrência em número de hastes (unidades) e em cubagem (metros cúbicos ) de bambu nativo no estado do Acre, assim como a valorização econômica com base no potencial de receita a ser gerada por meio da exploração sustentável para a indústria móvel , da construção civil e para a geração de energia.
Esse foi o objetivo da tese de doutorado “Estimativa do volume, da valorização e do potencial de exploração econômica do bambu Guadua spp. no estado do Acre”, o analista da área de Transferência de Tecnologia da Embrapa Acre, Márcio Muniz Albano Bayma, defendido em novembro de 2023. Uma pesquisa foi desenvolvida no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Biotecnologia da Rede Bionorte, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), sob a orientação do pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Jonny Everson Scherwinski Pereira.
A principal base de dados do estudo foi o inventário florestal de ocorrência de bambu no Acre, realizado pela Fundação de Tecnologia do Estado do Acre (Funtac), em sete municípios: Feijó, Manoel Urbano, Sena Madureira, Bujari, Rio Branco, Porto Acre e Xapuri.
“Nenhum documento obteve informações relacionadas ao gênero, espécie e espacialização da ocorrência do bambu nativo, além de dados sobre diâmetro de colmos, altura, espessura de camada, dentre outros aspectos dendrométricos. Com o cruzamento dessas informações foi possível estimar a ocorrência em número de colmos e o volume (metros cúbicos) do bambu nativo no estado do Acre”,
explica Bayma.
Oportunidades e desafios
O trabalho conduzido pelo analista também descobriu na elaboração de um mapa de ocorrência por tipologia e volume de bambu, Guadua spp., no Acre. Na pesquisa foram identificadas as espécies weberbaueri , sacocarpa e angustifolia , com uma população de plantas que chega a 67%, 18% e 16% de ocorrência amostral, respectivamente.
“O conhecimento sobre o quantitativo e espacialização das reservas nativas de bambu permitiu demonstrar a ocorrência estratificada por espécie e por tipologia florestal, além de estimar um volume de produção de bambu de mais de 800 milhões de metros cúbicos de Guadua spp. Esses dados revelaram um potencial bioeconômico do bambu que pode gerar mais de 5 bilhões de dólares de receita, se utilizado por segmentos produtivos que tenham interesse em biomassa à base de bambu”,
explica Bayma.
Ainda de acordo com o analista, por ser uma matéria-prima renovável e fornecer uma diversidade de usos (alimento, bebida, arquitetura, energia, biochar, carvão ativado, mobília de cozinha, bicicleta, entre outros), existem demandas de mercados nacionais e com capacidade de absorver o volume de biomassa internacional presente nas reservas naturais de bambu nativo do Acre.
“A exploração dessa matéria-prima pode contribuir com a bioeconomia local e impactar na melhoria da renda dos povos tradicionais, como também na receita do estado. Entretanto ainda é preciso investir na instalação de plantas industriais para viabilizar o manejo do bambu nativo em regiões de maior ocorrência estabelecendo sistemas de cultivo das espécies com melhor aproveitamento comercial bem como discutir e rever normas para o manejo sustentável desse recurso natural” destaca.
Mais informações sobre o estudo estão disponíveis nos artigos Bioeconomia do bambu nativo, Guadua spp. do Acre, Amazônia, Brasil e Estimativa de volume de Bambu Guadua spp. do Acre, Amazônia, Brasil .