Uma noite que ficará na história do esporte paraense. Lyoto Machida venceu o americano peso-médio Eryk Anders, no UFC Fight Night Belém, realizado neste sábado (3), na Arena Guilherme Paraense. Após três derrotas, foi na cidade onde cresceu e que adotou como sua casa que Lyoto reencontrou a vitória. E para completar a festa, os cinco paraenses que participaram do card do evento, também saíram vitoriosos dos combates.
Com o ginásio lotado, os lutadores entregaram o resultado que o público esperava. E não faltou fôlego dentro e fora do octógono. A energia que pulsava nos atletas se estendia para os espectadores que fizeram ecoar pelo Mangueirinho os gritos de apoio aos lutadores brasileiros, especialmente a Lyoto.
As três primeiras lutas do card preliminar tiveram participantes paraenses. Deiveson Alcântara, o “Deus da Guerra”, foi o primeiro combatente da noite e venceu, na categoria peso-mosca, o americano Joseph Morales, e permanece invicto. Iuri Marajó, que vinha de duas derrotas seguidas, nocauteou Joe Soto, em 1’6″ de luta, com uma sequência de golpes. Já na abertura do espetáculo, os atletas da terra fizeram jus ao favoritismo no evento.
A estreante Polyana Viana finalizou Maia Stevenson, que vinha de uma sequência de cinco vitórias, na categoria peso-palha (até 52 quilos). Polyana ou “Dama de Ferro”, como é conhecida, nasceu em São Geraldo do Araguaia, no sul do Pará, e soma no cartel dez vitórias e uma derrota. “Lutar em casa é sempre um diferencial, ainda mais com um público desse, que mesmo com a chuva que caiu durante o dia todo, veio assistir as lutas. Os paraenses gostam mesmo MMA”, brincou Polyana.
Com a alteração no card na véspera do evento, causado pelo cancelamento da luta entre Pedro Munhoz e John Dodson, o combate entre os pesos-galo Douglas D’Silva e Marlon Vera passou para o card principal. Douglas, natural de Castanhal, comandou desde o início a luta contra o seu adversário, e o resultado não poderia ser outro: venceu por decisão unânime.
Michel Trator foi o último paraense a subir no octógono, o que aumentou a pressão sobre o lutador, mas o cabo da Rotam, divisão de elite da polícia paraense, também venceu por decisão unânime o americano Desmond Green.
Michel foi multado pela CABMMA (Comissão Atlética Brasileira de MMA), por bater dois quilos e duzentos acima da categoria peso-leve (até 70,8 quilos), em 20% no valor da bolsa, sendo 10% para a organização do evento – que abriu mão do valor em favor do adversário – e 10% para o adversário, além de ter que repassar 20% da bolsa da vitória. Trator terá ainda que subir para a categoria peso-meio-médio (até 77,1 quilos), por não ter conseguido bater o limite de peso nas últimas três lutas.
Os cinco lutadores paraenses estão entre os atletas que receberam apoio do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Esporte e Lazer (Seel), no início de suas trajetórias. Só em 2017, foram investidos R$ 37.244.378,50 em ações, projetos e programas de esporte, inclusive na formação de novos talentos. “Atendemos mais de 300 atletas neste último ano, e uma parcela considerável era de lutadores. A luta está no nosso sangue, prova disso é que temos algumas que são próprias da nossa região, como a luta marajoara. Daqui já saíram campeões que conquistaram o mundo e esperamos que a realização do UFC aqui seja um incentivo para que, em poucos anos, tenhamos a revelação de novos grandes talentos”, declarou Renilce Nicodemos, titular da Seel.
Ultimate Fight: muito mais que esporte
Não é à toa que o UFC é o maior evento de MMA do mundo. Os lutadores sonham em fazer parte deste card, e o público anseia viver a experiência única de ver os combates ao vivo, bem de perto. Os palcos em que se desenrolam esses espetáculos, marcados pela técnica e pelo alto nível dos competidores, são selecionados com muito critério. No UFC Pará, a Arena Guilherme Paraense (Mangueirinho) foi a escolhida para receber o primeiro evento do UFC fora dos Estados Unidos de 2018. Além de fomentar o esporte, a realização do evento a Belém, ajuda a movimentar a economia e o turismo da cidade.
“Percebi que a cidade ficou movimentada, muita gente de fora veio para acompanhar. E nós, como amantes de lutas, não poderíamos ficar de fora. A nossa cidade possui um potencial enorme. Espero que esse seja o primeiro de muitos eventos que iremos prestigiar”, disse Semirames Silva, que veio acompanhada do noivo, Danter Lima, para acompanhar a luta.
Desde a sua inauguração, em outubro de 2016, o Mangueirinho já recebeu diversos eventos esportivos e culturais. A estrutura que acolhe o público é uma das melhores do país. E os paraenses, que já eram conhecidos pela organização do evento como o terceiro maior público que assiste ao UFC, puderam reforçar a paixão também fora do octógono.
“Vim do interior de São Paulo acompanhar a luta. Fui aos eventos no Rio e Curitiba e estou muito impressionada com a estrutura daqui. O Pará já é conhecido tradicionalmente por ser um celeiro de grandes atletas e por ser o berço do jiu-jitsu no Brasil. Agora, será reconhecido pela excelente praça de eventos. Sem falar do público, que é altamente caloroso. É de arrepiar”, afirmou a educadora física, Juliana Jardim, que mora em Bauru (SP).
Confira os resultados do UFC Fght Night Belém
CARD PRINCIPAL
Vitórias:
Lyoto Machida sobre Eryk Anders
Valentina Shevchenko sobre Priscila Pedrita
Michel Trator sobre Desmond Green, por decisão unânime
Timothy Johnson sobre Marcelo Golm, por decisão unânime
Douglas D’Silva sobre Marlon Vera, por decisão unânime
Thiago Marreta sobre Anthony Smith, por nocaute técnico
CARD PRELIMINAR
Serginho Moraes sobre Tim Means
Alan Nuguette sobre Damir Hadzovic, por decisão unânime
Polyana Viana sobre Maia Stevenson, por finalização
Iuri Marajó sobre Joe Soto, por nocaute técnico
Deiveson Figueiredo sobre Joseph Morales, por nocaute técnico