Em Manaus, papagaio gigante com as cores da bandeira do Brasil faz sucesso

O papagaio gigante tem características próprias
 

À medida que a Copa na Rússia se aproxima a torcida dos manauaras, tímida no começo, começa a se aquecer. Algumas das comemorações, porém, já acontecem há algumas Copas, independentes das derrotas da Seleção Brasileira, como a ornamentação das ruas Santa Isabel, na Praça 14 de Janeiro, desde a Copa de 1982; rua 3, no Alvorada, desde a Copa de 1994; e rua 24 de Agosto, no Morro da Liberdade, desde a Copa de 2002.

 
Também na Praça 14, desde a Copa de 1982, três amigos confeccionam um papagaio gigante e o empinam durante os jogos da seleção canarinho. Watson Silva, Paulo Costa e Roberto Kennedy são moradores do bairro e brincam juntos de papagaio desde a infância. Até hoje, já homens feitos, empinam o brinquedo todos os finais de semana.

Foto: Walter Mendes/JC
 
“A ideia de construir o papagaio gigante foi do Roberto. Ele nos chamou para ajudar e desde aquela Copa tem sido assim”, contou Watson.

 
“Ainda fizemos o papagaio em duas Olimpíadas, as de 1992 e 1996, mas não teve grande repercussão, então resolvemos ficar só nas Copas”, falou Paulo. “Esse ano resolvemos fazer o maior de todos. Ele mede 3,45m de altura por 2m de largura e só está esperando a estreia do Brasil contra a Suíça, no domingo, para ganhar os ares”, completou.

 
O papagaio gigante tem características próprias. No lugar das talas, bambu ressecado; em substituição ao papel de seda, plástico. Para os desenhos decorativos, tinta especial para plástico, e ao invés de linha 10, fio de nylon 3mm. Ainda tem a rabiola, medindo 20m, feita com plástico. Apesar do tamanhão, o papagaio pesa uns dois quilos, se estiver em terra. “No ar são necessários seis homens para suspendê-lo e depois descê-lo, e todos com luvas. Ninguém consegue segurá-lo no ar, então ele é amarrado num poste e no ar ele fica durante todos os jogos da Seleção”, explicou Watson.

 
A paixão dos três amigos por papagaios é tanta, que eles se divertem não só em empiná-los, mas em fazê-los, também. Eles têm uma versão menor que o gigante, que igualmente irá para o ar durante os jogos. “Apesar de nossa amizade de mais de 40 anos, cada um torce por um time de futebol: o Watson, pelo Flamengo; o Roberto, pelo Vasco; e o Paulo, pelo Fluminense, e cada um de nós tem um papagaião de seu time preferido”, completou Paulo.

 
400 metros de altura

 
Em seu livro ‘Papagaio de Papel’, o historiador Mário Ypiranga Monteiro conta a história desse brinquedo surgido na China antiga como sinalizador militar, e secular na capital amazonense. Lista ilustres personalidades do Amazonas que, em sua infância, e a do próprio Mário Ypiranga, correram pelos terrenos baldios e ruas ainda sem automóveis ou postes com fios de eletricidade da Manaus das décadas de 1930, 40 e 50, empinando papagaios ou tentando resgatar aqueles que quedavam. Interessante que até hoje a molecada brinca do mesmo jeito.

 
“Na nossa infância, na década de 1970, muitas das ruas da Praça 14 ainda não estavam asfaltadas ou tinham postes com fios de eletricidade, e havia pouco movimento de carros, então a brincadeira era bem mais segura. Hoje os riscos são vários”, lamentou Watson.

Foto: Walter Mendes/JC
 
Houve uma época, no final da década de 1960, quando Manaus foi tomada por postes e fios de eletricidade, em que os papagaios foram fortemente perseguidos, pois enroscavam-se nos fios de eletricidade. Os ‘rapa’ chegavam e corriam atrás da molecada, querendo, apenas, os papagaios. Os moleques, em desespero, largavam o brinquedo pelo caminho. Pegos pelos ‘rapa’, os papagaios logo eram despedaçados. Mas contra moleque ninguém pode. Os ‘rapa’ sumiram e a brincadeira de papagaio continua divertindo milhares de moleques, e adultos por toda a cidade.

 
“Nós começamos suspendendo ali no alto, na Afonso Pena e, com o bole, vamos passando por cima dos fios que cruzam as ruas. Quando chega aqui, na Japurá com a Major Gabriel, o papagaio gigante já está no ar, e lá fica durante todo o jogo da Seleção”, descreveu Paulo. “Nós usamos dois rolos de nylon de 3mm para suspender o papagaio, cada um com 200m de comprimento, então ele chega a 400m de altura”, garantiu.

 
No alto do papagaio, estrategicamente, os amigos deixam um espaço em branco para publicidade, para ser ocupado pelo anúncio de algum dos empreendimentos dos outros amigos do bairro. O patrocínio ajuda na compra do material para a confecção do papagaio. “Até agora não fechamos com ninguém, mas até o dia do jogo alguém vai querer anunciar”, afirmou. E quem quiser comprar um papagaio gigante, os amigos vendem cada um por mil reais. “Na Copa passada vendemos um”, lembrou Watson.

 
 
O Brasil na Rússia

 
Já em clima de Copa na Rússia, seguem as datas, os horários (em Manaus) e as cidades onde a Seleção Brasileira irá disputar os primeiros três jogos pelo Grupo E.

O Brasil estreia contra a Suíça no domingo (17), às 14h, em Rostov-on-Don. 

O segundo jogo será numa sexta-feira (22), às 8h, em Saint Petersburg, contra a Costa Rica. 

O terceiro jogo, na quarta-feira (27), será às 14h, em Moscou, no estádio Spartak, contra a Sérvia. 

Classificam-se os dois primeiros de cada grupo e os dois últimos serão eliminados. Na segunda fase todos os jogos serão eliminatórios.
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