Bombeiro diz que havia 10 sobreviventes em avião da Chapecoense

Aos poucos, detalhes sobre o resgate dos sobreviventes do acidente aéreo da Chapecoense na Colômbia são revelados. Dois bombeiros que atuaram nos primeiros socorros contaram à imprensa da Colômbia as condições em que encontraram as vítimas. Juan Diego Gómez, informou que 10 pessoas haviam sobrevivido à queda. Já Arquímedes Mejía, contou que os seis sobreviventes estavam na parte alta do Cerro Gordo, onde se chocou o trem de pouso da aeronave. 

Torcedores no estádio Arena Condá, prestando homenagens aos mortos no acidente com o avião que levava a equipe de Chapecoense para a Colômbia. Foto: Ralph Quevedo/Fotos Públicas

Em entrevista à ‘Blu Rádio’, Gómez revelou que 10 pessoas foram socorridas, mas apenas sete conseguiram ser levadas para hospitais da região. Uma dessas pessoas, era um membro da comissão técnica, que não teve o nome revelado, e o piloto, Miguel Luis Quiroga. “Eu pude resgatar Miguel Luis, mas ele logo faleceu”, contou o bombeiro.

Das sete pessoas salvas dos impacto, seis ainda estão hospitalizadas. O goleiro Danilo chegou a ficar algumas horas no centro médico, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu. O socorrista ainda informou que um menino de “cerca de 15 anos que nos guiou” até o lugar do acidente e que um jovem ajudou nos resgates. “Quando chegamos, o menino não estava e quando começamos a resgatar os corpos, ele apareceu”, disse Gómez. Agora, a imprensa local tenta saber quem era o menino que ajudou os socorristas.

O relato do bombeiro Arquímedes Mejía, à rádio ‘Caracol’,  indica que os jogadores Alan Ruschel, Jackson Follmann e Hélio Zampier Neto, os tripulantes Ximena Suárez e Erwin Tumirik e o jornalista Rafael Henzel estavam sentados na mesma parte do jato. Segundo Mejía, eles encontraram os sobreviventes graças aos seus gritos pedindo ajuda. “A que mais demorou [para ser resgatada] foi a aeromoça [Suárez]. Levamos uma hora e meia para tirá-la”, contou o bombeiro.

A comissária de bordo disse a investigadores que as luzes do avião se apagaram momentos antes do impacto, o que indica problemas elétricos.

Feridos

Dos seis sobreviventes do desastre, quatro estão em condições críticas e internados em unidades de terapia intensiva, incluindo os três jogadores da Chapecoense. Jackson Follmann, que está no Hospital da Fundación San Vicente, em Rionegro, teve a perna direita amputada e está em fase de estabilização. Ainda existe a chance de ele perder a perna esquerda.

Já Alan Ruschel, que está na Clínica Somer, também em Rionegro foi submetido a várias cirurgias devido a uma fratura na coluna e a um hematoma no abdômen. “Ele não tem déficit neurológico, e esperamos que a fratura melhore depois da estabilização”, disse a diretora do centro hospitalar, Ana María González.

Por sua vez, Hélio Zampier Neto passou por uma operação no tórax, tem uma ferida no couro cabeludo, uma pequena fratura no crânio e um edema no cérebro. Sua condição é estável, porém crítica. Ele também realizou transfusões sanguíneas por causa de uma coagulopatia (distúrbio de coagulação no sangue).

O jornalista Rafael Henzel foi submetido a uma cirurgia no tórax e teve de ser sedado porque estava um pouco inquieto. “Os sinais vitais estão estáveis até agora, mas isso não quer dizer que não possam desestabilizar a qualquer momento”, explicou o médico Luis Fernando Rodríguez.

Os dois tripulantes, Ximena Suárez e Erwin Tumirik, têm condições estáveis e estão fora da UTI.

Repatriação

Até o momento, pelo menos 47 vítimas do acidente já foram identificadas, e os corpos devem começar a ser liberados para repatriação ao Brasil a partir desta quinta-feira (1º). O reconhecimento está sendo feito por impressão digital. É provável que essa etapa termine ainda nesta quarta.

Os mortos serão velados em uma cerimônia coletiva na Arena Condá, estádio da Chapecoense, e de lá seguirão para as cidades onde serão enterrados. Como não se sabe exatamente quando os corpos serão repatriados, o velório ainda não tem data confirmada.

Cerca de 200 familiares das vítimas já aterrissaram em Medellín em dois voos provenientes de São Paulo. Outras duas aeronaves disponibilizadas pela Força Aérea Brasileira (FAB) chegarão à Colômbia para buscar os corpos.

Causas

De acordo com o relato de um piloto da Avianca, que voava sobre a região no mesmo horário, Miguel Quiroga, comandante da aeronave da Lamia que transportava a Chapecoense e sócio da empresa, reportou uma “falha elétrica total” antes de desaparecer dos radares.

Existe a suspeita de que essa pane tenha sido causada por falta de combustível, já que Quiroga havia solicitado prioridade para pouso minutos antes. Além disso, o jato tinha autonomia de aproximadamente 3 mil km, quase a mesma distância do percurso entre Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, e Medellín, na Colômbia, o trajeto percorrido pela Chape.

O avião se chocou contra o Cerro Gordo, nos arredores de Medellín, onde o time catarinense disputaria a final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional. Imagens feitas de um helicóptero mostram que o primeiro impacto foi contra o pico da montanha – onde foi achada uma asa – e que depois os destroços da aeronave desceram morro abaixo.

Informações mais detalhadas devem sair após a análise das caixas-pretas. A investigação do acidente será conduzida por uma comissão formada por autoridades de Brasil, Bolívia (país onde está registrado o avião) e Colômbia.

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

O interior de Rondônia não valoriza seus museus

Prédios abandonados e fechados à visitação pública.

Leia também

Publicidade