Belém 401 anos: Mangueirão, templo de uma paixão

A chegada, o cheiro de churrasquinho, a reunião com os amigos, a preocupação de conseguir o melhor lugar na arquibancada, o nervosismo durante o jogo, a alegria ou tristeza, pela perda ou pela conquista. Este é o roteiro comum na vida de quem curte uma partida de futebol no Mangueirão. E no mesmo mês em que se comemora o aniversário de Belém, acontece o pontapé inicial do Campeonato Paraense de Futebol: recria-se, assim, a atmosfera que dá contornos a um dos mais procurados lugares públicos de entretenimento da capital: o Estádio Olímpico do Pará. 

Mas só o roteiro comum da subida às arquibancadas em dia de clássico do futebol paraense não dá conta do significado completo do Mangueirão. O estádio, esse lugar onde a fé e a paixão do torcedor paraense pelos seus clubes são estampadas em múltiplos tons extravasados – dos azuis turbilhões da fé futebolística e suas mil bandeiras ao silencioso verde aveludado do gramado sacro -, também se faz templo onde abrigam-se afetos.

Foto: Thiago Gomes/Ag.Pará
Um entre os muitos asseclas desses ritos é o pedagogo Gabriel Neves. Frequentador assíduo do Mangueirão, ele teve a primeira experiência na arena ainda aos 6 anos. Foi levado pelo pai para assistir a uma partida. “O Mangueirão faz parte da minha história desde pequeno. Está nas minhas mais antigas lembranças. Íamos para as cadeiras quando ainda eram de ferro. Tive grandes experiências aqui. Presenciei RE-PAs inesquecíveis”, regala-se.

“O Mangueirão é o templo do futebol do Pará e da Amazônia. É moderno, tem estrutura olímpica. É um dos principais estádios do Norte e Nordeste do País. Eu acompanhei toda a sua evolução. Por isso é uma satisfação saber que temos um dos melhores palcos para a prática do futebol”, pondera o ex-jogador Raimundo Mesquita.

Ele, que no passado foi ídolo de torcedores de Remo, Paysandu e Tuna, nos anos 1970 e 1980, hoje atua como agrônomo da Secretaria de Estado de Esporte e Lazer (Seel). Sua principal missão é como o desfecho de uma grande história de amor pelo futebol e pela maior arena paraense: Mesquita é atualmente o principal responsável pelo zelo necessário ao gramado do estádio. É quem está à frente das ações de manutenção (da adubagem às últimas benfeitorias garantidas pelo governo do Estado para o início do Parazão 2017), para que a bola continue rolando maravilhosamente redonda e siga imantando paixões e desmedidos gritos de gol.

Entrar com o pé direito. Sentir o cheiro da grama verde pisada e perceber a textura dela debaixo das chuteiras, ou com as palmas dos pés… correr de uma área a outra, e balançar as redes: o ex-jogador Raimundo Mesquita sabe como ninguém o que é entrar nesse palco. “Eu tive a felicidade de jogar no estádio quando ainda era chamado de ‘Bandolão’. É uma satisfação perceber que estamos dando condições para os jogadores de exercer um bom futebol. No meu tempo era mais precário”, conta.  
Foto: Thiago Gomes/Ag.Pará

Do colosso do Bengui ao Mangueirinho

Inaugurado em 3 de março de 1978, com apenas um lado da arquibancada, o Mangueirão recebeu o nome de Estádio Alacid Nunes. A partir dos anos 2.000, a arena passou por uma ampla reforma. Os dois projetos, tanto da primeira quanto da segunda reforma, foram assinados pelo engenheiro e arquiteto paraense Alcyr Meira. Em 1º de maio de 2002, o Mangueirão foi reinaugurado como Estádio Olímpico do Pará Jornalista Edgar Proença, em homenagem ao grande profissional da crônica esportiva paraense. 

Recentemente, em dezembro, mais uma vez a arena ganhou nova pintura e manutenção elétrica e hidráulica. Novos assentos com cobertura também foram instalados, para dar mais conforto aos jogadores reservas, a jornalistas e a outros profissionais que atuam na cobertura esportiva. Os portões também ganharam catracas eletrônicas.

O gramado mereceu atenção especial: além da manutenção do sistema de irrigação, ganhou descompactação, nivelamento, calagem e adubação especial. Tudo para que o Parazão de 2017 possa acontecer com a estrutura que merece.

A história de cuidados e investimentos públicos constantes dedicados à arena – que tanto fala à alma dos paraenses – é um resumo do grande afeto que Belém guarda pelo desporto. Tanto é assim que o coração de aço, concreto e gramado que pulsa no Bengui deu à luz outro espaço poliesportivo: a Arena Guilherme Paraense – cujo nome homenageia o belenense que foi o primeiro brasileiro a ganhar um ouro olímpico.

Inaugurada em outubro do ano passado, a arena tem capacidade para 12 mil pessoas e conta com uma estrutura moderna, com sistemas de acessibilidade e refrigeração, que proporcionam um espaço confortável ao público.

A Arena Guilherme Paraense, listada hoje entre os mais importantes ginásios do Brasil, já recebeu alguns eventos importantes: o Torneio Quatro Nações de Handebol Feminino, e a partida da Superliga de Vôlei Masculina entre Brasil Kirin e Sesi-SP.

Pelo visto, seguirá cumprindo e ampliando a missão do velho Colosso do Bengui, com o qual compõe hoje o grande complexo poliesportivo planejado para a Augusto Montenegro: abrigar em Belém os ritos, a fé e as grandes passagens da história de amor dos paraenses pelo esporte.  
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