Festival Amazonas de Ópera 2025: o que são ‘As bodas de Fígaro’?

A ópera 'As bodas de Fígaro', idealizada por Wolfgang Amadeus Mozart, em 1786, encerra as apresentações do festival no Teatro Amazonas.

Festival Amazonas de Ópera 2025. Foto: Julia Harlley/SEC AM

Com três apresentações de ópera, três concertos e dois recitais, a programação da 26ª edição do Festival Amazonas de Ópera (FAO) integra um projeto de cooperação internacional que envolve instituições culturais do Brasil, Colômbia, Portugal e Áustria, com o objetivo de promover o festival internacionalmente.

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A ópera ‘As bodas de Fígaro’, idealizada por Wolfgang Amadeus Mozart, em 1786, encerra as apresentações do festival este ano, no Teatro Amazonas. Criada com libreto de Lorenzo da Ponte, a obra se baseia na peça de teatro de mesmo nome de Pierre-Augustin Caron de Beaumarchais. Estreou em Viena, na Itália, mas se ambienta em Sevilha, na Espanha.

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Festival Amazonas de Ópera 2025. Foto: Julia Harlley/SEC AM

A história

Realizada em quatro atos e com um intervalo de 20 minutos (com duração de cerca de 4 horas), a obra gira em torno do casamento entre os criados Fígaro e Susanna, que enfrentam diversos obstáculos impostos por seu patrão, o Conde Almaviva.

No primeiro ato, Fígaro descobre que o Conde está tentando seduzir Susanna, reavivando o antigo “direito do senhor” de dormir com a criada antes do casamento. Paralelamente, Marcellina tenta obrigar Fígaro a se casar com ela com base em uma dívida não paga, e Cherubino, o pajem, é enviado ao exército após ser flagrado com a filha do jardineiro.

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Festival Amazonas de Ópera 2025. Foto: Isabelle Lima/Portal Amazônia

No segundo ato, a Condessa, triste com a infidelidade do marido, se une a Fígaro e Susanna para desmascarar o Conde. O plano envolve enganar o Conde com um encontro fingido com Susanna, usando Cherubino disfarçado. A farsa é interrompida e o Conde confronta a esposa. No meio da confusão, Marcellina reaparece com o contrato que obriga Fígaro a casar-se com ela, colocando em risco sua união com Susanna.

No terceiro ato, a Condessa e Susanna elaboram um novo plano: trocarão de roupas para enganar o Conde em um encontro noturno. Susanna entrega a carta com instruções ao Conde e, durante uma audiência sobre o contrato de Marcellina, é revelado que Fígaro é filho dela com Bartolo. O impasse se desfaz com a reunião familiar e os preparativos para um casamento duplo.

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Festival Amazonas de Ópera 2025. Foto: Isabelle Lima/Portal Amazônia

O quarto ato se passa no jardim, onde ocorrem os encontros planejados. Fígaro, sem saber do disfarce, acredita que Susanna o trai e prepara uma vingança. A confusão se intensifica com os disfarces e mal-entendidos, até que tudo é esclarecido com a revelação da verdadeira identidade da Condessa. O Conde, ao perceber que foi enganado, pede perdão à esposa, encerrando a ópera com reconciliação e a celebração dos casamentos.

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Produção

Para a realização das Bodas de Fígaro no Festival Amazonas de Ópera, foram necessários cerca de 280 profissionais entre a produção do evento, técnicos, músicos e responsáveis pelos cenários, iluminação, visagismo, figurinos e maquiagem.

O maestro Luiz Fernando Malheiro avalia a qualidade técnica do Festival, pontuando que cerca de 85% da mão de obra é local: “Na sua 26º edição, ele é o maior festival de ópera da américa latina, é reconhecido no mundo todo como um evento super importante culturalmente pela qualidade do que é feito aqui. Nós temos a melhor orquestra de ópera do país, coral profissional e nós trazemos cantores excelentes, maestros, diretores de cena”.

Para o maestro, é essencial a capacitação que tem sido feita desde o início do Festival, em 1997, na qual profissionais de diversas áreas, tanto do contexto musical, quanto da cenotécnica, por exemplo, tornaram-se mais qualificados. 

Festival Amazonas de Ópera 2025. Foto: Isabelle Lima/Portal Amazônia

Giorgia Massetani, que assina a cenografia do espetáculo, ressalta que o trabalho todo só é possível se realizado em conjunto e harmonia com os outros setores da ópera. Na questão cenotécnica, explica que cada profissional tem sua importância.

“São profissionais que estão desde a confecção até a ópera em si. Temos pintores, escultores, aderecistas, tapeceiros, costureiros, que não são somente costureiros da parte da área de figurino, mas na confecção de cortinas, tapeçaria dos objetos cênicos. Temos também pintores, serralheiros e marceneiros. Todos eles são pessoas que, ao longo desses 26 anos de festival, foram sendo capacitados e geraram um profissionalismo muito potente ao Festival”, relata a cenógrafa ítalo-brasileira Giorgia, que atua desde 2012 no Festival.

Quem também atua há mais de uma década na produção do Festival é a amazonense Melissa Maia. Ela acrescenta que, em todas as camadas do Festival, são necessárias pesquisas do contexto, dos personagens, reuniões entre os campos artísticos e para adaptações da obra no contexto amazônico.

Além disso, também mostra a importância dos profissionais para as trocas de figurino, de forma que tudo se encaixe na apresentação.

Festival Amazonas de Ópera 2025. Foto: Isabelle Lima/Portal Amazônia

“As pessoas tendem a achar que a equipe de figurino se resume só ao figurinista, e realmente não é. Tem figurinista, tem produtor de figurino, tem camareiras, tem costureiras, tem adereçagem, contrarregras. São muitas pessoas que fazem essa magia do figurino e da cena acontecer. A gente tem uma equipe agora com oito camareiras que fazem toda essa logística de troca. A gente ensaia essas trocas, recebe os sinais do stage manager e organiza uma verdadeira dança nos bastidores para tudo sair perfeito”, explica.

Por fim, o maestro afirma que o Festival movimenta não só a cultura, mas o turismo em torno da região amazônica, fomentando passeios turísticos, imersão na gastronomia e na biodiversidade e assegura que a ‘energia’ amazonense é um diferencial.

“Jamais teríamos feito o que fizemos aqui em qualquer outro teatro brasileiro. Os funcionários do teatro, os técnicos, os maquinistas, os cenógrafos, o pessoal que trabalha na CTP, todos vestem a camisa do festival, não tem hora, todo mundo se entrega, veste a camisa e trabalha com amor. É fácil você andar pelos bastidores e ver o pessoal cantarolando os temas da ópera e isso é muito diferente do que acontece nos outros teatros brasileiros. Essa energia que vem da natureza, eu acredito, essa energia do amazonense é muito importante e continua sendo um diferencial para o Festival ter se tornado o que se tornou”, finaliza Malheiros.

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Ópera em Rede

O Ópera em Rede é um projeto que tem como objetivos democratizar o acesso à música lírica e a valorização da cultura amazônica, realizado pela Fundação Rede Amazônica (FRAM), com o apoio de: Agência Amazonense de Desenvolvimento Cultural (AADC), Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Amazonas (SEC-AM), Governo do Amazonas e Amazônica Net.

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