O modelo de máscaras produzidas, com uma transparência na região da boca, possibilita a inclusão e a participação de surdos na comunicação.
O uso de máscaras de proteção é obrigatório em todo o território do estado do Pará. A medida visa a prevenir a propagação da Covid-19, mas, ao mesmo tempo, impôs uma barreira comunicacional para os deficientes auditivos, pois tira deles um fator determinante para a compreensão da linguagem dos não surdos: a leitura labial. Para minimizar essa situação, o Time Enactus UFPA doa 636 máscaras de proteção adaptadas para deficientes auditivos na Associação de surdos de Belém (Asbel), permitindo, assim, que a comunidade surda não seja excluída do processo de comunicação.
As dificuldades de comunicação para os deficientes auditivos se tornam mais difíceis ainda quando o interlocutor ouvinte possui pouca ou nenhuma fluência da Língua Brasileira de Sinais (Libras). As expressões e a leitura labial, que fazem parte do que se chama de leitura da fala, ficam prejudicadas com o uso de máscaras convencionais.
“Eu não sou muito boa em libras, porque eu nunca fiz um curso da língua. Então, para falar com a minha filha, ela precisa fazer a leitura labial. Com as máscaras comuns, o nosso diálogo fica muito complicado”, relata dona Helaine Teixeira, mãe da Yasmim Danielle, que é deficiente auditiva. Segundo a dona de casa, as máscaras comuns tiram a independência da filha, visto que uma simples ida a uma farmácia ou a um supermercado, por exemplo, se torna impossibilitada pela falta de acessibilidade.
Para manterem uma comunicação efetiva e minimizarem as adversidades impostas pelas máscaras comuns, os surdos precisam encontrar novas possibilidades para serem incluídos na interação social, mas algumas dessas alternativas podem propiciar a contaminação pelo coronavírus, como conta José Ribamar, presidente da Asbel.
“A minha mãe fica extremamente angustiada. Ela abaixa a máscara para falar comigo e é um risco, porque ela pode se infectar. E eu, que sou surdo, também não posso abaixar a máscara. Isso é tão recorrente que muitos de nós vão sendo infectados”, disse.
Mas isso mudou quando o Costuraê, projeto da Enactus UFPA, foi selecionado no edital global da Fundação Ford para auxiliar soluções empreendedoras no combate à pandemia. Com o investimento, as máscaras especiais puderam ser produzidas e doadas, possibilitando uma comunicação mais efetiva para deficientes auditivos por conta da transparência na região da boca e permitindo a execução da leitura labial.
“Em um momento como este, utilizar as máscaras adaptadas oportuniza a leitura labial e deixa um recado: o uso não é para o surdo, mas sim para quem convive com esse surdo”, conta o presidente da Asbel.
Saiba mais sobre o Costuraê e outros projetos e iniciativas do Time Enactus UFPA .