Sítio-Escola no Pará estimula interação entre estudantes internacionais para prática arqueológica na Amazônia

A atividade tem o intuito de apresentar os pressupostos básicos da pesquisa arqueológica para o resgate e estudo de materiais que possam ajudar na compreensão do processo de formação da Ilha de Trambioca.

A fim de promover o estudo de materiais arqueológicos na região amazônica, a Universidade Federal do Pará (UFPA), em parceria com o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e instituições internacionais, realizou uma atividade de sítio-escola de Arqueologia, na Comunidade do Jacarequara, localizada na Ilha de Trambioca, em Barcarena.

A experiência foi uma oportunidade para os estudantes de graduação e pós-graduação de Belém vivenciarem a formação prática nos métodos arqueológicos em um ambiente de convívio intercultural com moradores da área de pesquisa, professores e discentes de outras nacionalidades.

O sítio-escola foi desenvolvido por meio da disciplina “Métodos e Técnicas de Investigação em Arqueologia”, ofertada aos discentes do Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGA/UFPA), do Programa de Pós-Graduação em Sociodiversidade (PPGDS/MPEG), da École du Louvre e da Graduação em Arqueologia da Universidade Estadual do Tenesse, nos Estados Unidos. 

A atividade tem o intuito de apresentar os pressupostos básicos da pesquisa arqueológica por meio da realização de prospecções geofísicas para o resgate e estudo de materiais arqueológicos que possam ajudar na compreensão do processo de formação e da história da ilha. Além dos pesquisadores, os próprios moradores da comunidade e crianças também tiveram a oportunidade de atuar ativamente nas escavações da região.

A expectativa é que, além de promover uma troca de informações entre os moradores locais e os pesquisadores, a experiência também possa vir a ter o potencial de aproximar crianças da ciência e despertar nelas um interesse no aprofundamento desse conhecimento adquirido no futuro.

Intercâmbio de experiências

Integrante da atividade de Sítio-Escola, a mestranda do Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGA) Gisele Rosa comenta que a experiência conjunta de estudantes de diversos países também foi um fator que possibilitou novas perspectivas sobre a prática arqueológica. 

Durante a atividade, todos os pesquisadores também puderam ter contato com o aprendizado de métodos arqueológicos diferentes, utilizados por pesquisadores de fora do Brasil.

“Como estudante de doutorado francês, tive a oportunidade de escavar com estudantes brasileiros da UFPA e com estudantes americanos da Universidade do Tennessee. Conversamos sobre nossas diferenças e vínculos culturais e pudemos discutir metodologias de escavação e estudo, que podem variar de um país para outro”, apontou a pesquisadora Ninon Bour, da École du Louvre, da França.

“A UFPA e o MPEG são instituições de referência na pesquisa, sendo base para muitos pesquisadores estrangeiros que atuam e atuaram na arqueologia amazônica e, portanto, do intercâmbio de conhecimentos. O diferencial do sítio-escola, como o desenhamos, é que esse intercâmbio se dá com o desenvolvimento da pesquisa na Amazônia, por instituições amazônicas, focado na formação de discentes daqui, em conjunto com os discentes estrangeiros”, lembra a professora Daiana Alves. 

Sobre o projeto

Hoje, objeto de estudo do Projeto “Florestas Culturais e Territorialidades na Amazônia Oriental Pré-Colonial”, o Sítio Sambaqui Jacarequara é pesquisado pelo Museu Emílio Goeldi desde 2012. 

Dados prévios indicam, inclusive, que construções como os sambaquis eram lugares importantes para moradia, para realização de festas e rituais e para descarte de restos de comidas e outras coisas do dia a dia que demarcam uma territorialidade.

Nesta região, por exemplo, os pesquisadores apuraram que os antigos habitantes possuíam uma alimentação bastante diversificada e que eles próprios foram os responsáveis por construir o território da comunidade, o que gera orgulho, até hoje, para os moradores que têm interesse em conhecer os estudos e as pesquisas relacionadas à história de Jacarequara. 

Desse modo, já foram encontrados registros arqueológicos de uma diversidade de animais, entre eles, estão: antas, guaribas, porcos-do-mato, preguiças, tracajás, veados e uma grande variedade de peixes.  

Hoje, coordenado pelas professoras Daiana Travassos, do Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGA); Helena Lima, do Programa de Pós-Graduação em Diversidade Sociocultural do MPEG; e Pedro José Tótora, também do PPGA da UFPA, o projeto tem o objetivo de aliar os pilares de formação em pesquisa, ensino e extensão em torno da herança arqueológica do local, que faz parte do conjunto de bens culturais produzidos pelos seres humanos, com preservação, proteção e cuidados garantidos pela legislação brasileira.

*Com informações da UFPA

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Árvore amazônica, Samaúma é escolhida como logomarca do Brics Brasil

Com cores relacionadas às bandeiras dos países-membros e gigante da floresta amazônica como inspiração para a logo, a Presidência do Brasil apresenta projeto visual do Brics 2025.

Leia também

Publicidade