Projeto inovador do Mato Grosso apoia bioeconomia indígena

O foco do projeto está no aproveitamento de frutos e tubérculos nativos da Amazônia Legal de Mato Grosso.

Projeto inovador do Mato Grosso apoia bioeconomia indígena. Foto: Felipe Abreu

Projeto inovador que integra ciência, tradição e desenvolvimento sustentável foi selecionado pela chamada Expedições Científicas da Iniciativa Amazônia+10, conforme divulgado em 2 de dezembro de 2024. Intitulado “Aproveitamento integral de frutos e tubérculos da região da Amazônia Legal – estratégia para fomentar a bioeconomia, resgate de costumes e redução da insegurança alimentar dos povos originários do estado de Mato Grosso”, a proposta está entre as 22 aprovadas (de um total de 191 submetidas), com apoio financeiro de aproximadamente R$ 76 milhões para todo o conjunto de projetos.

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“Trata-se de uma iniciativa que enxerga os povos originários não como beneficiários, mas como protagonistas do desenvolvimento sustentável, respeitando sua autonomia, saberes e formas de organização”, ressaltou a coordenadora Maressa Morzelle. 

O foco do projeto está no aproveitamento integral de frutos e tubérculos nativos da Amazônia Legal, com ênfase em espécies ainda pouco exploradas pela cadeia produtiva convencional. “Ao valorizar os conhecimentos alimentares dos povos originários de Mato Grosso, o projeto busca resgatar práticas tradicionais, fomentar cadeias produtivas locais e, sobretudo, reduzir a insegurança alimentar em territórios indígenas, promovendo soluções de base comunitária e a bioeconomia sustentável”, explicou Morzelle.

De acordo com o pesquisador da Embrapa, Moacir Haverroth, a aprovação do projeto representa um avanço para o desenvolvimento sustentável da Amazônia Legal. “Estamos valorizando recursos naturais e culturais, ao mesmo tempo em que contribuímos com a segurança alimentar e a preservação dos costumes dos originários de Mato Grosso” enfatizou Haverroth.

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Sobre o Projeto 

O projeto será implementado na Terra Indígena (TI) Tirecatinga, território multiétnico composto pelas etnias Terena, Paresí, Nambikwara, Manoki e Rikbaktsa, localizado no município de Sapezal, Noroeste de Mato Grosso. A escolha desse território visa não apenas potencializar os impactos do projeto, como também fortalecer o protagonismo dos povos indígenas na construção de tecnologias sociais e no uso sustentável dos recursos florestais. 

Projeto inovador do Mato Grosso apoia bioeconomia indígena. Foto: Felipe Abreu

Além disso, no decorrer do projeto, serão realizadas expedições científicas às terras indígenas selecionadas voltadas à ampliação do conhecimento sobre a sociobiodiversidade e a biodiversidade amazônica. A pesquisa está organizada em quatro frentes principais: 

  • Levantamento das espécies alimentares utilizadas pelos indígenas;
  • Análise da composição química de frutos;
  • Raízes e tubérculos consumidos localmente;
  • Estudo das propriedades tecnológicas de amidos e farinhas;
  • E a promoção do aproveitamento integral desses ingredientes em preparações típicas.

Entre as atividades previstas, segundo a coordenadora do projeto, destaca-se as oficinas e treinamentos com as comunidades, com o objetivo de incentivar práticas alimentares saudáveis, sustentáveis e conectadas aos saberes tradicionais. “Com isso, pretendemos contribuir para a redução da insegurança alimentar e fortalecer a identidade cultural das populações indígenas da Terra Indígena Tirecatinga”, ressaltou.

Além do trabalho de campo, o projeto também conta com um plano de comunicação que prevê ações de divulgação científica, comunicação participativa e presença na mídia. “Os resultados esperados vão ampliar o conhecimento sobre a sociobiodiversidade local e estimular o desenvolvimento territorial e tecnológico, sempre com foco na melhoria da qualidade de vida dos povos originários e na preservação dos recursos naturais”, destacou Irene Lôbo, coordenadora de comunicação da pesquisa e analista da Embrapa Alimentos e Territórios.

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Todo o trabalho será realizado em diálogo direto com as comunidades, com oficinas participativas, formação técnica local e estratégias para fortalecimento de cadeias da sociobiodiversidade. O projeto também prevê a inclusão dos seguintes representantes de povos indígenas na equipe de pesquisa: Cleide Adriana da Silva Terena, presidente da Associação Thuthalinansu, voltada para mulheres, Silmara Correia da Silva Terena e Suyani Katikitalosu Nambikwara Terena, todas integrantes da associação.

A aprovação do projeto reforça o papel estratégico da UFMT, UFG e Embrapa na promoção da bioeconomia, tema prioritário nas recentes agendas políticas da Amazônia Legal. “É um passo importante na consolidação de um modelo de desenvolvimento que respeita o bioma, valoriza a cultura local e promove segurança alimentar com soberania e justiça”, conclui a coordenadora.

Com duração prevista de 36 meses, o Projeto “Aproveitamento integral de frutos e tubérculos da região da Amazônia Legal – estratégia para fomentar a bioeconomia, resgate de costumes e redução da insegurança alimentar dos povos originários do estado de Mato Grosso” contará com o financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (FAPEMAT), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (FAPEAL) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG). 

Os responsáveis

Projeto é da da UFMT, UFG e Embrapa, sob coordenação da Professora Dra. Maressa Caldeira Morzelle, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), o projeto conta com a parceria do Pesquisador Dr. Moacir Haverroth, da Embrapa Alimentos e Territórios, e da Professora Dr. Tatianne Ferreira de Oliveira, da Universidade Federal de Goiás (UFG). A equipe multidisciplinar reúne profissionais das áreas de ciência dos alimentos, etnociência, agroecologia, comunicação e políticas públicas, compondo uma frente de pesquisa robusta e sensível aos contextos socioculturais da região. A coordenadora do Projeto destaca que o projeto valoriza os conhecimentos tradicionais e ancestrais, que compõem os saberes dos povos indígenas ainda preservados.

*Com informações da UFMT.

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