Professor ‘usa’ fumaça de queimadas para explicar fenômeno óptico em Porto Velho

O fenômeno é conhecido como 'Efeito Tyndall', que ocorre quando a luz é dispersada por partículas suspensas no ar.

Foto: Sebastião Vasconcelos/Casa das Ciências

Um professor de Física de uma escola particular de Porto Velho (RO) usou a poluição do ar causada pelas queimadas na região para explicar um fenômeno físico: o Efeito Tyndall, que ocorre quando a luz é dispersada por partículas suspensas no ar.

A explicação sobre o fenômeno surgiu por acaso, o professor dava uma aula sobre ametropia, que é um distúrbio visual.

Segundo ele, em condições normais, esse trajeto não seria facilmente percebido. Porém, a poluição do ar em Porto Velho, causada pelas queimadas, tornou as partículas de fumaça visíveis à luz, facilitando a observação do fenômeno durante a aula.

No dia 6 de setembro, a concentração de PM2,5 em Porto Velho é atualmente 40 vezes maior que o valor anual recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a qualidade do ar, de acordo com a plataforma de monitoramento suíça, a IQAir.

“O efeito Tyndall permite visualizar o caminho da luz por conta das partículas coloidais, como as de fumaça. A poluição causada pelas queimadas na cidade possibilitou a demonstração do fenômeno”, explicou ao Ezequiel Júnior.

Para facilitar o entendimento, o professor comparou o fenômeno com a dispersão de aerossol.”Se você usa um desodorante spray e ilumina o ar, consegue ver o trajeto da luz. Com a fumaça é a mesma coisa, pois as partículas são pequenas, mas grandes o suficiente para dispersar a luz”, explicou ele.

Durante a aula, o professor o falou que a visualização do efeito assustou a maioria dos alunos: “A maioria ficou chocada ao perceber, de forma mais clara, o quanto a qualidade do nosso ar está precária”.

Pior ar do Brasil

Rondônia enfrenta queimadas excessivas e uma seca extrema. Pela primeira vez, desde que começou a ser monitorado em 1967, o rio Madeira ficou abaixo de um metro. Além disso, a quantidade de queimadas registradas entre 1º de janeiro e 5 de setembro é a maior dos últimos quatorze anos.

A estiagem também é uma realidade dura. A capital do estado, Porto Velho, está há mais de três meses sem chuvas significativas, de acordo com dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Todo esse cenário coloca o estado, sobretudo Porto Velho, entre os piores índices de qualidade do ar do país. Há semanas consecutivas, a cidade amanhece encoberte por fumaça.

*Por Caio Pereira, da Rede Amazônica RO

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