Pesquisadores estudam cerca de 30 espécies de plantas não convencionais no Acre

Além das PANC, mais 10 plantas medicinais são estudadas pela comunidade acadêmica no Estado.

O Laboratório de Plantas Alimentícias Não Convencionais (LabPanc), da Universidade Federal do Acre (Ufac), conduz pesquisas sobre o potencial de vegetais com alto valor nutricional, mas que são pouco consumidos. Pelo menos 30 espécies comestíveis e 10 medicinais são estudadas pela comunidade acadêmica.

O projeto, liderado pelas professoras de Engenharia Agronômica na Ufac, Almecina Balbino e Marilene Santos, é composto por 25 estudantes de graduação, quatro de mestrado e dois de doutorado e busca promover debates sobre as plantas alimentícias não convencionais (PANC) com potencial de alimentação variada e sustentável, fortalecendo a segurança e a soberania alimentar na Região Amazônica.

Foto: Arquivo da pesquisa

“O grupo tem como foco a pesquisa, ensino e extensão, pautada na segurança alimentar e nutricional, que é o acesso regular e permanente a alimentos em quantidade e qualidade suficientes, garantindo o direito humano à alimentação adequada, tudo isso indicado através dos ensaios científicos com as Panc”, 

explica a professora Almecina, coordenadora do projeto e doutora em fitotecnia.

As Panc são espécies vegetais com partes comestíveis, como folhas, flores e raízes. Ainda de acordo com ela, o Horto Panc, criado em 2017 pelas duas professoras, conta com cerca de 30 espécies de plantas alimentícias não convencionais que exercem uma grande influência na alimentação de populações tradicionais, e cerca de 10 espécies de plantas medicinais de uso popular, as quais também realizam pesquisa, sobretudo com relação aos óleos essenciais.

Na horta, também são cultivadas diferentes espécies para realizar experimentos e estudos dos alimentos de forma detalhada, a fim de compreender o cultivo, a fisiologia e os benefícios nutricionais delas.

Foto: Arquivo da pesquisa

Usos diversos 

Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), muitas dessas plantas crescem naturalmente em qualquer lugar, como no quintal de casa ou em terrenos baldios. Por isso, elas nem sempre são consideradas uma escolha culinária.

Leia também: Conheça a versatilidade culinária da ora-pro-nóbis amazônica, PANC também usada de forma medicinal

Mas, segundo Balbino, por serem espécies de fácil cultivo, existem benefícios no plantio no que diz respeito ao viés econômico, já que são de fácil cultivo, sem necessidade de compra de adubos e fertilizantes ou benefícios ambientais e nutricionais e sem uso de insumos que possam causar a poluição no meio ambiente. Ela afirma também que há determinadas quantidades de nutrientes como vitaminas, proteínas e minerais, que ajudam na manutenção do corpo e mente.

“São plantas poderosas que contêm muitas memórias afetivas, porque são espécies que eram consumidas pelos nossos antepassados, e hoje com a globalização e o acesso com facilidade de espécies convencionais, elas acabaram caindo em desuso”, afirmou.

A professora explica também sobre a diferença entre as plantas alimentícias não convencionais e as convencionais, que são evidenciadas por diversos fatores, principalmente para pessoas que não têm acesso a carne devido a condições sociais, bem como para veganos e vegetarianos.

Matheus Matos é membro do projeto e estudante de Doutorado do grupo Panc. Ele conta sobre a importância do avanço de estudos nesta área.

“Ao longo desses seis anos, cada dia é um novo aprendizado, conhecendo novas espécies, suas aplicações na alimentação humana e também medicinal, além de proporcionar a realização de estudos visando sempre a segurança alimentar e nutricional”, explicou.

*Por Idhelena Vieira, estagiária sob supervisão do jornalista Renato Menezes

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