Pesquisa em Botânica Tropical da Universidade Federal Rural da Amazônia ganha prêmio internacional

Promovida pela Associação Internacional para Taxonomia de Plantas (IAPT), a competição anual de projetos científicos concedeu a Juliene Maciel, em 2023, o prêmio que destaca a importância da pesquisa para a área da botânica.

Com o intuito de reforçar os estudos taxonômicos na área da botânica, a doutoranda Juliene Maciel analisa e sistematiza as condições moleculares e morfológicas de espécies de plantas do gênero Bulbostylis (Cyperaceae) ocorrentes na região Neotropical.

Sob a dupla orientação do Dr. André do Santos Bragança Gil (Museu Goeldi), seu orientador desde a graduação, e da Dra. Isabel Larridon (Royal Botanic Gardens, Kew), a atual pesquisa de Juliene Maciel dá continuidade ao trabalho realizado durante o mestrado em ciências biológicas pela Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG).

As plantas do gênero Bulbostylis (Cyperaceae) são comumente encontradas em biomas tropicais como a savana e o cerrado, tem ampla distribuição pelo mundo, com ocorrências significativas no Brasil e no Pará. São plantas de pequeno porte e adaptadas, em sua maioria, a ambientes secos.

Algumas espécies do gênero Bulbostylis costumam ser associadas a benefícios em casos de disfunções no sistema urogenital e dores dentárias. Uma das principais atribuições ecológicas está relacionada a Bulbostylis paradoxa que floresce em áreas de queimadas recentes indicando um importante critério para a conservação ambiental.

Foto: Acervo do Museu Emilio Goeldi

Com o doutorado em andamento no Programa de Pós-Graduação em Botânica Tropical (PPGBot), Juliene Maciel adota procedimentos metodológicos que consistem em descrever novas espécies e extrair o DNA no Laboratório de Biologia Molecular do Museu Goeldi, localizado em seu Campus de Pesquisa.

Desafios da pesquisa 

Superar o cenário de baixo investimento em pesquisas voltadas para a biodiversidade na Região Amazônica e as lacunas no conhecimento é um desafio permanente. A desigualdade de financiamento se reflete também no desenvolvimento de trabalhos e projetos de pesquisas da região. E, por sua vez, a falta de informação científica afeta a possibilidade de sucesso das ações destinadas pelos gestores para a conservação ambiental.

Juliene Maciel pontua que a escassez de recursos pode inviabilizar, em muitos casos, a execução de etapas essenciais da própria pesquisa: 

“Um dos desafios metodológicos mais importantes ao longo da minha pesquisa é a amostragem limitada e o difícil acesso a áreas remotas aqui na Amazônia, que apresenta muitas espécies endêmicas de Bulbostylis. Realizar expedições de coleta a essas localidades acrescenta para uma reconstrução filogenética detalhada e para o incremento das coleções de herbário, porém isso demanda um grande financiamento do projeto, destacando a importância dos investimentos em pesquisa a nível regional e local”.

Premiação internacional

Promovida pela Associação Internacional para Taxonomia de Plantas (IAPT), a competição anual de projetos científicos concedeu a Juliene Maciel, em 2023, o prêmio que destaca a importância da pesquisa para a área da botânica. A doutoranda foi uma das 22 pessoas selecionadas dentre as 105 concorrentes.

Juliene Maciel conta que o prêmio será utilizado para subsidiar os custos de visitas às coleções de herbários europeus, o que possibilitará obter uma boa compreensão da distribuição, dos padrões e da diversidade morfológica das espécies. E acrescenta: “Também fui contemplada com uma bolsa de doutorado sanduíche concedida pelo Programa Institucional de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE) – CAPES, que viabilizará a continuidade do estudo genético no Royal Botanic Gardens (Reino Unido) de maio a outubro de 2024.”

Além da premiação concedida pela IAPT, Juliene Maciel também foi selecionada com o Bentham-Moxon Trust (2023) e NYBG Visiting Scientist Travel (2024), financiamentos para realizar a pesquisa no Royal Botanic Gardens, Kew e visitar a coleção de herbário de Nova York (The New York Botanical Garden).

Não é a primeira vez que pesquisas realizadas no PPGBot são premiadas na competição da IAPT. Em 2022, os discentes Karina Alves, Fúvio Oliveira e Rafael Gomes também foram contemplados por méritos dos seus respectivos projetos de pesquisa. Essas premiações indicam a qualidade dos trabalhos desenvolvidos no Museu Goeldi.

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