Professora do curso de Licenciatura em Educação do Campo (LEDUCARR), Gladys Maria Bezerra de Souza, e o Técnico em Sistema de Computação e ex-aluno do Instituto Federal de Roraima (IFRR), Tiago Almeida dos Santos. Foto: Divulgação/UFRR
A Universidade Federal de Roraima (UFRR) conseguiu seu segundo registro de computador emitido pelo Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI). O feito foi possível graças a um programa que identifica todos os números primos usando algoritmos matemáticos. O certificado foi recebido no dia 22 de outubro.
Os inventores são a professora do curso de Licenciatura em Educação do Campo (LEDUCARR), Gladys Maria Bezerra de Souza, e o Técnico em Sistema de Computação e ex-aluno do Instituto Federal de Roraima (IFRR), Tiago Almeida dos Santos.
A professora Gladys conta que o produto final do programa demandou anos de estudos. “Foi resultado de um longo tempo de espera. A ideia voltou quando retornei a estudar com 45 anos no curso de Licenciatura de Matemática na Universidade Estadual de Roraima (UERR). No terceiro para o quarto semestre, eu participei da 1ª Semana de Matemática da UFRR e ouvi uma palestra sobre criptografia que tem como base os números primos. Tive muita curiosidade a respeito. Por que os números primos são tão complexos de serem identificados?”, conta.
O programa é um aplicativo de celular desenvolvido para ser capaz de identificar todos os números primos dentro de um intervalo que pode ser determinado pelo usuário. Desta forma, o aplicativo utiliza de algoritmos matemáticos a partir de duas fórmulas criadas pela professora Gladys Souza enquanto que o processo de adaptar esses cálculos para programação e criação do aplicativo foi desenvolvido por Tiago Almeida dos Santos.
“Sempre tive facilidade com números, com matemática e me ocorreu que poderia fazer algumas fórmulas ou uma fórmula para tentar criar um meio de identificação desses números primos. Eles são na Matemática os geradores de todos os números naturais positivos. É por meio deles que se pode fazer a criptografia, senhas de sistemas, pois como são difíceis de identificar eles dificilmente podem ser hackeados. Com base nessa importância, o nosso programa pode ser útil para estudos ou pesquisas”, explica a professora.
Elaborado por Tiago Santos, o programa possui uma interface intuitiva, sendo que com alguns cliques, o usuário pode obter uma lista completa de todos os números primos dentro do intervalo desejado. O objetivo é transformar o app em uma ferramenta valiosa para estudantes, pesquisadores e profissionais que trabalham com Matemática e Ciência de Dados.
“O projeto foi o meu primeiro em questões de aplicação de pesquisa e a Gladys veio com uma ideia inovadora em aplicabilidade de números primos. O que eu fiz foi colocar os cálculos dela em prática dentro de uma aplicação. Utilizei alguns métodos para adaptar as fórmulas dela para o contexto da programação. Posso dizer que todo o processo foi eficiente de forma até inesperada por nós mesmos, sem dúvida, uma experiência muito bacana”, destaca Santos.
Para conseguir o registro, o aplicativo também passou por testes, análises e fase de implementação. Os testes foram realizados com 20 alunos e professores de Matemática durante 20 dias. “As minhas fórmulas também foram analisadas por professores especializados e depois tivemos a fase de implementação do aplicativo. Desde o início vinha tentando fazer uma parceria buscando alguém para fazer a programação e encontrei o Tiago que estava finalizando a graduação no IFRR. Apesar de ele não ter feito seu trabalho final com esse programa, continuamos com a ideia e implementamos o app de fato”, afirma a docente.
Já Tiago destaca a parceria como importante para a conquista do registro pelo INPI. “A Gladys também trouxe a questão do registro e daí criamos o app, as documentações, foi uma conquista muito legal para gente. Sou desenvolvedor há mais de cinco anos e sempre crio coisas. Eu nunca tive algo que fosse uma patente minha também e gostaria que muitos da minha área tivessem a mesma oportunidade e até mesmo o incentivo. Essa participação colaborativa nossa em que Gladys tinhas as fórmulas e eu o conhecimento da programação foi relevante para essa conquista. A Matemática tem uma área muito ampla para ser estudada”, conclui Tiago.
O Coordenador do Núcleo de Inovação Tecnológica da UFRR (NIT/UFRR), Elton Bentes Neves, destaca que o “registro é fundamental para garantir a proteção legal de direitos autorais sobre programas de computador”. Desta forma, o produto garante proteção autoral e formaliza a UFRR como detentora dos direitos, ao impedir que terceiros usem ou distribuam o software sem autorização. O registro permite que a UFRR possa explorar comercialmente o software, negociar parcerias, transferências de tecnologia e garantir a segurança jurídica.
Além disso, conforme o Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT/UFRR), em instituições de ensino e pesquisa, como a UFRR, o desenvolvimento de softwares pode resultar em projetos inovadores que poderão ser repassados para a sociedade e também promover uma cultura de proteção intelectual. Esse fato incentiva professores, pesquisadores e estudantes a considerarem a propriedade intelectual como parte integrante do processo de desenvolvimento.
Buscando ajudar e democratizar o conhecimento da Matemática, os inventores destacam o aplicativo como um grande avanço e companheiro importante para os estudos da área. “O nosso app pode ser usado na educação básica por professores para que os alunos entendam como é o fenômeno de identificar os números primos e mostrar como eles são importantes no desenvolvimento da própria Matemática. Também pode ser usado a um nível superior da álgebra avançada e na teoria dos números”, analisam Gladys e Tiago.
Os interessados podem encontrar o programa em formato de aplicativo disponível gratuitamente na plataforma da Loja Google Play.
Relembre o primeiro registro da UFRR no INPI
O primeiro registro da titularidade de um programa de computador da UFRR no INPI foi com o aplicativo “Meu Software”, que busca facilitar a vida das pessoas interessadas em registrar programas de computador no Brasil. O app concentra em um único espaço informações sobre a importância, legislação, procedimentos e custos sobre o processo para pedido de depósito de registro de programa de computador junto ao INPI. A intenção é ajudar as pessoas a entenderem e a viabilizarem de maneira otimizada os seus registros.
O aplicativo foi produto tecnológico do trabalho de conclusão de curso do acadêmico e servidor da UFRR, José Alailson Sousa Pinho, na época aluno do Mestrado Profissional em Rede do Programa de Pós-graduação em Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia para a Inovação (PROFNIT/UFRR).
*Com informações da UFRR