Indígena investe na educação para aumentar renda na aldeia: “Vejo uma oportunidade de voltar e ajudar meu povo”

Bigail Tupari, estudante de agronomia em Ariquemes (RO), diz que é preciso investir mais em estrutura e conhecimento técnico para garantir o auto sustento.

Foi na educação que Bigail Tupari viu um caminho para aumentar a renda na sua aldeia. Ela é estudante de agronomia e acredita na importância da tecnologia como aliada na agricultura. Bigail diz ter percebido a falta dos estudantes indígenas matriculados em cursos do ensino superior. “Percebi em 2019, quando cheguei, que as vagas não são ocupadas por indígenas”, contou.

O caminho trilhado até chegar nas cadeiras da universidade não foi fácil. Ela conta que o primeiro passo consistiu em deixar a aldeia e seguir para cidade quando ainda era adolescente.

“Tínhamos poucos recursos. Por eu ser mulher, tive essa resistência. Tinha 14 anos quando saí da aldeia. Fiz administração e em seguida ingressei no curso de agronomia. Vejo uma oportunidade de voltar e ajudar meu povo”, 

comenta Bigail.

Foto: Bigail Tupari/Arquivo Pessoal

Intercâmbio entre ciência e povos indígenas

Segundo ela, o uso de práticas simples e de fácil adoção, como o espaçamento adequado entre plantas, aliado ao conhecimento tradicional indígena, pode potencializar o desempenho produtivo das culturas agrícolas e das espécies frutíferas.

“Eu acredito que eu sou um intercâmbio entre a ciência e os povos indígenas. Pretendo atuar nas minhas áreas de formação e ajudar os indígenas que querem produzir. Os indígenas também precisam da agricultura como forma de auto sustento, como meio de fonte de renda”, explicou. A estudante disse ainda que hoje muitas comunidades se dedicam à agricultura familiar com atividades de lavoura e pecuária.

Bigail Tupari é uma das organizadoras do evento ‘Todo dia era Dia de Índio’, que aconteceu no último dia 19 de abril na Câmara de Vereadores de Ariquemes.

O objetivo do evento, que foi realizado por indígenas das etnias Tupari e Suruí, é resgatar a cultura indígena e discutir temas sobre o acesso a ferramentas transformadoras, como a educação, por exemplo.

Foto: Arquivo Pessoal

Auxílio 

A advogada Cássia Lourenço, que atua em defesa das causas indígenas, afirma que os povos já têm por vocação a agricultura, alguns ainda fazem isso somente para o próprio sustento outros querem expandir. Para isso, buscam capacitação.

“Nós estamos fazendo com que eles aumentem a produção, consigam vender, alimentar outras pessoas através do seu trabalho e, com isso, fazer com que eles aumentem a renda”, destacou.

Lourenço também enfatiza a necessidade do desenvolvimento da educação a esses povos sem perder a cultura. “Ninguém melhor do que a comunidade indígena para preservar a floresta, a natureza, fazer essa ação com amor e com sustentabilidade”, afirmou.  

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