Dalton Valeriano, o pesquisador que revolucionou o monitoramento da Amazônia

Especialista em sensoriamento remoto, Dalton Valeriano deixou como legado ferramentas que mudaram a história da gestão ambiental no país.

O pesquisador que revolucionou o monitoramento da Amazônia. Foto: Imazon

O biólogo, pesquisador e especialista em sensoriamento remoto do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Dalton de Morisson Valeriano que morreu no mês de junho, aos 69 anos, deixou como legado ferramentas que mudaram a história da gestão ambiental no país.

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Servidor de carreira por mais de 40 anos, Valeriano teve papel decisivo na concepção de ferramentas que hoje formam a base do combate ao desmatamento na Amazônia. Entre elas, o Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), que abriu aos órgãos de fiscalização ambiental a possibilidade de monitoramento das florestas em tempo quase real.

Dalton Valeriano, o pesquisador que revolucionou o monitoramento da Amazônia
Dalton Valeriano, o pesquisador que revolucionou o monitoramento da Amazônia. Foto: Alessandro Dantas/ Ministério do Meio Ambiente

“Ele revolucionou o monitoramento da Amazônia e, com isso, contribuiu fortemente para o sucesso no enfrentamento do desmatamento ilegal”, disse ao OC o agrônomo e especialista em sensoriamento remoto Cláudio Almeida, atual coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia e Demais Biomas do Inpe.

Graduado em biologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 1978, o pesquisador concluiu o mestrado em sensoriamento remoto pelo Inpe em 1984 e o doutorado em geografia pela Universidade da Califórnia em 1996.

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Legado

Para Tasso Azevedo, coordenador do MapBiomas, Valeriano foi um “cientista fundamental e um contador de histórias incrível”. “Sem o Dalton e o time do Inpe, a queda que vemos do desmatamento não teria ocorrido. O MapBiomas se alimenta muito desse legado”, afirmou.

A presidente da Fundação SOS Mata Atlântica, Márcia Hirota, lembrou que a contribuição de Valeriano não se limitou ao bioma amazônico. ”Dalton contribuiu muito para o Atlas da Mata Atlântica na parceria da SOS com o Inpe. Tivemos muitas e boas conversas”, relembrou.

Dalton Valeriano, o pesquisador que revolucionou o monitoramento da Amazônia. Foto: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações

Diretor do INPE de 2005 a 2012, o pesquisador Gilberto Câmara classificou o colega de “gigante” que deixou como legado ferramentas que mudaram a história da gestão ambiental no país. “Embora não tenha desenvolvido o Prodes, ele foi o principal responsável por estruturá-lo a partir de 2000. Colocou o sistema na linha. E criou o Deter, ou seja, fez uma enorme diferença. Sem ele, a história da Amazônia teria sido outra”, avaliou.

Em nota oficial, o Inpe qualificou Valeriano como um “visionário da floresta”, cuja voz “mostrou ao país a real situação da floresta Amazônica”. “Sua trajetória profissional entrelaça-se de forma indelével com a história do monitoramento da maior floresta tropical do mundo”, afirma o Inpe.

Dalton Valeriano, o pesquisador que revolucionou o monitoramento da Amazônia. Foto: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações

De acordo com o instituto, o pesquisador dedicou sua vida a aperfeiçoar a metodologia de análise de imagens de satélite, “transformando dados brutos em informações críticas e acionáveis”.

“Seu trabalho garantiu que o Brasil possuísse um sistema de grande rigor científico, capaz de informar a extensão da devastação ano após ano, fornecendo a base incontestável sobre a qual se assenta o diagnóstico da situação amazônica.”

Em entrevista concedida em 2009, Valeriano manifestou preocupação com o ritmo da devastação da Amazônia (“Se continuar como está, um dia vai acabar”), mas destacou como positivo o fato de haver mais “capacidade de controle”. “Eu acredito que a transparência é a chave de tudo”, afirmou ele à época.

*Com informações do Imazon

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