Da floresta ao mercado: negócios artesanais transformam rotina e sustento de indígenas no Amazonas

Empreendedores contam como os pequenos negócios sustentam bases familiares em Manaus.

No meio do Mercado Municipal Adolpho Lisboa, no Centro de Manaus (AM), é possível encontrar adereços, cestas com traços indígenas, joias e artesanato local. São produtos únicos e personalizados.

Eles fazem parte de uma cadeia produtiva que transforma a rotina de quem colhe a matéria-prima, de quem produz o artesanato e também de quem vende os produtos.

A empreendedora Débora Cruz trabalha no meio do Adolpho Lisboa. Ela vende e também confecciona cordões e pulseiras com sementes de açaí. Juntando peça por peça ela compara a produção de uma pulseira, com a colaboração de cada segmento necessário para sua loja. É que com os pequenos negócios, cada etapa de produção impacta.

“Tenho uma rede de colaboradores. Alguns itens vêm do município de São Gabriel da Cachoeira, Parque das Tribos, a maior parte de povos indígenas. São mais de dez etnias”, explicou Débora.

Trabalhos interligados

O trabalho que a empreendedora Débora faz no Mercado Municipal mudou a vida de Leidmar Pereira, na Zona Leste de Manaus. Ela saiu da comunidade indígena em que vivia, no Alto Solimões e hoje com a venda de produtos por encomenda, sustenta a família.

São histórias diferentes que estão interligadas por um mesmo produto.

“Eu vim para Manaus para melhorar a minha vida, da minha família, pra ajudar minha mãe. Tô aqui pra fazer artesanato e mudar minha história”, contou Leidmar.

Foto: Reprodução/Rede Amazônica

Impactos

Os pequenos negócios correspondem a 95% dos empreendimentos formais no Brasil. No Amazonas são cerca de 163 mil microempreendedores individuais.

Para a economista Michele Aracaty, são oportunidades que geram independência.

“Esses pequenos empreendimentos contribuem para fomentar a geração de emprego e renda local. Além de reduzir a dependência dessas comunidades de recursos externos”, explica.

Até os grafismos tradicionais indígenas, ensinados desde os primeiros anos nas comunidades, podem ser usados no empreendedorismo. O Amadeu Apurinã faz parte de um coletivo que é capacitado a fazer grafismo corporal.

Ele entrega em cada venda, um pouco de tradição e significados indígenas.

“São indígenas que buscaram saber sua linhagem e hoje sabem como representar seu povo através de suas vendas”, frisou.

Foto: Reprodução/Rede Amazônica

*Por Karla Mendes, da Rede Amazônica AM

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