Incêndio florestal em Roraima. Foto: Jader Souza/AL Roraima
O cenário de emergência climática já é suficiente para aumentar o risco de incêndios florestais. O fogo, no entanto, se tornou também um risco para os investimentos econômicos na Amazônia. A constatação ocorreu durante o painel ‘Impacto do fogo no cenário de investimentos na Amazônia’, no dia 17 de julho, durante a Semana do Clima da Amazônia, em Belém (PA). O evento teve apoio do Fundo Vale, Hydro, Fundação Walmart e Norad, e foi organizado pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM).
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Ane Alencar, diretora de Ciência do IPAM, apresentou dados que mostram um crescimento dos incêndios. Somente em 2024, foram 30 milhões de hectares queimados no Brasil, um aumento de 64% em relação à média histórica. Segundo Ane, as mudanças climáticas favorecem uma floresta mais inflamável, mas acredita que prevenir econtrolar o fogo pode ajudar a mitigar esse cenário.
“Nós, em nossas casas, utilizamos o fogo, mas controlamos. Se usássemos o fogo para tomar banho, e o fogo descontrolasse, não teria bombeiro suficiente para apagar a quantidade de incêndios nas casas das pessoas”, exemplificou. “É a mesma coisa na zona rural. Muita gente usa fogo. Mas precisa ser de forma responsável, senão, não há corpo de bombeiros, exército, Ibama, ICMBio, todas as brigadas disponíveis, não vão ser capazes de controlar e combater o fogo num clima como esse”.
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Mantido o cenário com altos índices de incêndios florestais, o impacto econômico é inevitável, na avaliação de Andrea Azevedo, vice-presidente na Emergent, responsável pelo Coalizão LEAF, que reúne entidades e empresas, para criar incentivos aos Estados que cumprem metas e critérios de preservação ambiental. Para ela, repetir o resultado de 2024 na questão do fogo significa perda de dinheiro para os cofres estaduais.
“A cobrança também vem de um controle social, de uma percepção maior de que reduzir o desmatamento, fogo e a degradação, de forma geral, gera dividendos e é importante, além de melhorar o ambiente de negócio”, avaliou.
Exemplo do Pará
Renata Nobre, secretária adjunta de gestão de recursos hídricos e clima da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas-PA), apresentou os resultados do programa Pará sem Fogo, que tornou prioritária a prevenção para evitar anular esforços do governo do Estado num cenário de incêndios florestais.
“Isso compromete o nosso programa de REDD. Como podemos falar em restaurar áreas degradadas tendo uma ameaça tão grande, que é o fogo descontrolado?”, questionou.
A iniciativa Pará Sem Fogo permitiu mapear 22 áreas prioritárias, além de garantir respostas mais rápidas das brigadas de incêndio a partir de uma coordenação integradas entre os órgãos do Estado.
“Estamos em busca de campanhas de informação, mas principalmente de capacitação e equipamentos estruturantes e recursos humanos capazes para que tenham brigadistas frequentemente para, quando o fogo é, termos capacidade de ação mais cedo”, afirmou.
Saiba mais em: semanadoclimaamazonia.com.br
*O conteúdo foi originalmente publicado pelo IPAM
