Cercada pela maior bacia hidrográfica do planeta, a região amazônica é historicamente isolada dos grandes centros do resto do país por falta de estrutura de acesso terrestre.
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Isso pode ser explicado por diversos fatores: a complexidade do relevo (com florestas, planícies, colinas e montanhas); a menor conexão com diferentes regiões por terra, através de rodovias; e também o avanço de atividades como o desmatamento.
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Contudo, uma alternativa para a logística de transporte entre a Amazônia e o restante do Brasil é a construção e utilização de ferrovias. A ferrovia consiste num sistema de transporte sobre trilhos por onde trens conduzem pessoas e mercadorias.
Na Amazônia existem três ferrovias ativas, voltadas principalmente para o escoamento de commodities agrícolas e minerais:
Estrada de Ferro de Carajás (EFC)
Inaugurada em 1985, a Estrada de Ferro de Carajás possui 892 quilômetros de extensão e liga o Porto de Itaqui, no Maranhão, às províncias minerais da Serra do Carajás, no estado do Pará.
A EFC é considerada uma ferrovia de alta capacidade, ou seja, capaz de movimentar grandes quantidades de materiais e passageiros – no caso, minério de ferro – e também é toda duplicada.
Em Açailândia, no Maranhão, a ferrovia se conecta à outra, a Norte-Sul, o que permite que as mercadorias com origem na Ferrovia Norte-Sul possam acessar o Porto de Itaqui.
A Estrada de Ferro Carajás também realiza o transporte regular de passageiros entre São Luiz, capital maranhense e Parauapebas, no Pará, com três trens semanais em cada sentido.
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Ferrovia Norte-Sul
A Ferrovia Norte-Sul (EF-151) cruza o país de Norte a Sul e funciona como uma espinha dorsal do sistema ferroviário nacional, interligando as principais malhas ferroviárias das cinco regiões do Brasil.
O Tramo Norte da ferrovia, que é o trecho que passa na Amazônia, começa no município de Açailândia, no Maranhão, até Porto Nacional, no Tocantins. São 720 quilômetros de linha ferroviária.
As obras nesse trecho foram concluídas em 1996 e, à época, a operação foi concedida para a Vale. Contudo, com a criação da VLI – empresa de logística do Brasil que controla as concessionárias de transporte ferroviário de cargas – a mesma passou a operar a ferrovia.
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Ferrovia de Integração Centro-Oeste (FICO)
A FICO, como é popularmente conhecida, faz parte de uma política para o desenvolvimento logístico como forma de interligar os produtores de grãos do Centro-Oeste até a Ferrovia Norte Sul.
Com 888 km de extensão, sendo 383 quilômetros de Mara Rosa, em Goiás, a Água-Boa, no Mato Grosso e 505 km de Água Boa a Lucas do Rio Verde no mesmo estado.
A FICO é responsável pelo escoamento da produção de soja e milho do Mato Grosso, pertencente à Amazônia Legal, e maior produtor de soja do Brasil, para os portos de São Luís, Maranhão; Santos, São Paulo e Paranaguá, no Paraná.
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Projetos em andamento
O projeto da Ferrogrão (EF-170), com 933 quilômetros entre Sinop, no Mato Grosso e Miritituba, no Pará, busca criar uma rota de exportação por meio dos rios da Bacia Amazônica. A ferrovia está incluída no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) do governo federal, mas ainda não foi leiloada devido a impasses jurídicos e ambientais.
A proposta é voltada ao transporte de grãos, especialmente soja e milho. O traçado atravessa áreas sensíveis, como a zona de amortecimento do Parque Nacional do Jamanxim, o que gera debates sobre impactos ambientais e sociais.
Já a Ferrovia Tocantins (EFT) é um projeto estadual voltado à criação de um corredor ferroviário entre o estado do Tocantins e os portos do Arco Norte. A ferrovia visa conectar a malha regional ao porto de Vila do Conde, no Pará, passando por regiões produtoras e polos logísticos no Tocantins.
O projeto ainda se encontra em fase inicial, com estudos de viabilidade em andamento. A proposta é integrar a EFT à Norte-Sul e a outros corredores logísticos, aumentando a capacidade de transporte de grãos, fertilizantes e minérios.
Dia do Ferroviário
Você sabia que o Brasil tem uma data comemorativa ao dia do ferroviário? Ela é celebrada no dia 30 de abril, em memória aos trabalhadores das estradas de ferro. A data foi escolhida porque em 30 de abril de 1854 ocorreu a inauguração da primeira linha ferroviária do Brasil, que inclusive contou com a presença do imperador Dom Pedro Segundo e da imperatriz Tereza Cristina.