Atlas da Bioeconomia Inclusiva revela panorama de dados das diversas regiões da Amazônia

Os dados do  Atlas destacam a diversidade de condições socioeconômicas e ambientais nos contextos rurais da Amazônia Legal brasileira. 

Atlas da Bioeconomia revela dados da Amazônia. Foto: Ronaldo Rosa/Embrapa Amazônia Oriental

Dados do  Atlas da Bioeconomia Inclusiva na Amazônia, publicação lançada pela Embrapa, com o apoio da Secretaria de Bioeconomia do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, evidenciam informações que mostram um panorama da região amazônica, sob diversos aspectos, que destacam a diversidade de condições socioeconômicas e ambientais nos contextos rurais da Amazônia Legal brasileira. 

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O atlas sistematizou dados sobre demografia, ambiente, estrutura fundiária e produção para subsidiar políticas voltadas ao uso sustentável da biodiversidade.

São “informações valiosas para a compreensão das complexas realidades dos territórios amazônicos”, como resume o editor técnico da obra, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Roberto Porro, citando que o Atlas compila mais de 1.200 variáveis de fontes secundárias em quatro dimensões:

  • demografia e meio ambiente;
  • estrutura agrária/categorias territoriais;
  • produção agropecuária, da extração vegetal e silvicultura;
  • e indicadores sociais.
Atlas da Bioeconomia Inclusiva revela panorama de dados das diversas regiões da Amazônia
Biodiversidade alturas floresta amazônica. Foto: Cecília Bastos/USP

Os dados do atlas são apresentados nos níveis regional, estadual e microrregional. “A obra adota uma abordagem territorial para a apresentação de dados, tendo como referência a diversidade de contextos expressos na extensão geográfica mais ampla associada à Amazônia, que é a Amazônia Legal Brasileira, abrangendo 107 microrregiões geográficas delimitadas pelo IBGE nos nove estados que a compõem”, explica Porro.

O coordenador geral de Desenvolvimento da Bioeconomia do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, William Saab, afirma que o Atlas vem em um momento muito oportuno de ampliação e fortalecimento das sociobioeconomias amazônicas.

O atlas, segundo ele, se alinha e serve como base para duas políticas públicas do governo brasileiro, o Plano Nacional de Desenvolvimento da Sociobioeconomia e o Programa Prospera Socioebioeconomia, ambos lançados durante a COP30, em Belém.

“O Atlas é um importante instrumento de planejamento para gestores públicos e vai ajudar no impulsionamento de políticas públicas.  É uma grande entrega que a Embrapa faz para a sociedade brasileira”, finaliza o gestor.

As “Amazônias” e suas realidades

Numa comparação dos dados presentes no documento, por exemplo, em relação aos dois maiores estados da região, o Amazonas e o Pará, o Atlas da Bioeconomia Inclusiva na Amazônia revela que a concentração fundiária e a vulnerabilidade social em ambos os estados são desafios a serem enfrentados para o fortalecimento de modelos econômicos sustentáveis, essenciais para mitigar a crise climática.

Mudanças no clima da floresta tropical: qual o impacto na Amazônia Legal?
Foto: Bruno Cecim/Agência Pará

Chamam a atenção dados que mostram, por exemplo, a pressão de desmatamento no Pará e o crescente avanço da fronteira agropecuária em áreas antes conservadas do Amazonas, estado com maior cobertura florestal do País. Ao mesmo tempo, Amazonas e Pará apresentam oportunidades de bioeconomia com base em seus diversos potenciais, refletindo suas realidades territoriais e econômicas e uso sustentável da biodiversidade.

Um dos principais propósitos do Atlas da Bioeconomia Inclusiva na Amazônia é apresentar a diversidade de realidades socioeconômicas e ambientais existentes nos contextos rurais da Amazônia brasileira, por meio da sistematização de vários conjuntos de dados e informações, assim como  subsidiar estratégias, planos, programas e políticas orientadas a uma agenda de ação em prol da bioeconomia inclusiva na região, conforme explica, na apresentação da obra, a diretora de Inovação, Negócios e Transferência de Tecnologia da Embrapa, Ana Euler. 

Leia também: Atlas da Bioeconomia apresenta dados de 107 microrregiões da Amazônia Legal

A intenção é que essa agenda de ação “se traduza em oportunidades para a promoção da inovação, com valorização das economias da floresta e da sociobiodiversidade, e ampliação da participação nos mercados, com reflexos na renda e na qualidade de vida das populações amazônidas”, escreveu Euler. 

A publicação é fruto de ações e diagnósticos realizados por profissionais de nove Unidades da Embrapa na região Norte e no Maranhão, nos últimos três anos, para a construção de um plano estratégico para atuação da Empresa em uma abordagem de bioeconomia inclusiva na Amazônia. O momento atual de definição de políticas públicas e ações multissetoriais relacionadas à sociobiodiversidade na Amazônia, segundo Roberto Porro, evidencia a necessidade de fortalecer sistemas produtivos eficazes no enfrentamento à crise climática e na promoção de meios de vida locais. 

floresta amazônica no pará
Foto: Agência Brasil

Ações voltadas à bioeconomia inclusiva são capazes de apoiar os modos de vida de 1,5 milhão de famílias de agricultores familiares, povos e comunidades tradicionais que habitam a Amazônia brasileira.

“Buscamos uma bioeconomia inclusiva fundamentada no uso sustentável da biodiversidade a partir dos saberes tradicionais e no diálogo entre esses saberes e os conhecimentos científicos e tecnológicos, que promova o desenvolvimento inclusivo, justiça social e o bem-viver dos povos amazônicos”, afirma Porro.

A pesquisadora da Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus-AM), Rosângela Reis, faz parte da equipe que colaborou com essas ações e destaca que o processo foi importante para conhecer as realidades socioculturais e ecológicas das comunidades amazônicas, que são muito diversas. 

“As oficinas de bioeconomia realizadas no estado do Amazonas tiveram o objetivo de levantar as realidades locais dos sistemas produtivos e as potencialidades para o desenvolvimento de projetos na área de bioeconomia. Para a região não basta apenas levar tecnologias para o desenvolvimento, é necessário conhecer os processos sociais para a adaptação das mesmas e assim fazer sentido no cotidiano das famílias e nos processos de crescimento e desenvolvimento local“, comentou.

Oportunidades em bioeconomia

O Amazonas é o estado mais conservado da região, com 93,22% de cobertura florestal. Essa natureza rica em biodiversidade é um importante ativo para  a bioeconomia. Para isso é necessário viabilizar projetos e atrair investimentos para pesquisa e desenvolvimento (P&D), a partir de espécies nativas e uso da biodiversidade. Nesse sentido, uma oportunidade está também nas iniciativas com potencial de incentivar a prospecção e transformação de ativos da biodiversidade em produtos de alto valor agregado, como insumos farmacêuticos ativos e biocosméticos, entre outros.

Floresta Nacional de Carajás (PA). Foto: João Marcos Rosa

O Pará, por outro lado, se destaca pelo volume de produção de espécies nativas. O estado tem um domínio na produção do açaí (extrativista e cultivado) e do cacau cultivado. Uma das oportunidades para o Pará reside no manejo sustentável de suas Reservas Extrativistas (Resex) e fortalecer suas cadeias produtivas. 

Entre as informações do documento, é considerado que a efetiva descontinuidade de desmatamentos e queimadas na Amazônia depende do aproveitamento parcial das áreas desmatadas, inserindo atividades produtivas adequadas e da recuperação de áreas.  Nesse contexto, ações voltadas para o  fortalecimento de sistemas produtivos pautados no uso sustentável da biodiversidade, que promovam justiça social para as populações locais fazem parte dos desafios para promover a bioeconomia inclusiva.

Leia o Atlas da Bioeconomia Inclusiva na Amazônia na íntegra abaixo:

*Com informação da Embrapa Amazônia Oriental

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