Alta na tarifa de energia elétrica impacta pequenas e médias empresas

Com um reajuste de 21,54% para consumidores residenciais e 17,78% para usuários de alta tensão (indústrias, por exemplo), a tarifa de energia elétrica figura como mais um fator de dificuldade à manutenção de pequenas e médias empresas no Amazonas. O reajuste previsto para novembro veio com um mês de atraso e desde o primeiro dia de dezembro, está impactando no planejamento de diversos segmentos comerciais e de serviços.

Foto: Reprodução/Shutterstock

Dependentes de média e alta tensão, algumas empresas componentistas que alimentam o Polo Industrial de Manaus (PIM) serão as maiores prejudicadas com a medida, conta o presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam) Wilson Périco. “A indústria de injeção plástica já havia sofrido em janeiro, quando houve a autorização de um aumento de 42,55%. É um segmento que se vê obrigado a repassar esse custo ao PIM e em um momento de crise, não vemos como uma coisa boa”, afirma.

Comércio e serviços afetados

Por não ser possível repassar o reajuste ao cliente, a saída tem sido reduzir a margem de lucro, conta o sócio da Via Mundo Turismo, Joaquim Júnior. “No nosso caso não temos como repassar, pois somos comissionados -ganhando um valor fixo a cada passagem ou pacote vendido. O jeito é arcar sozinhos com as despesas, mesmo em vista da concorrência com internet e etc. Cobrar uma taxa de serviço a mais seria afastar o cliente”, afirma o empresário.

O empresário tem lembranças da época em que administrava um restaurante, que por trabalhar com freezers e ambiente refrigerado, tinha um gasto elevado com energia elétrica.

“Em situações assim, todos são penalizados, mais ainda o pequeno e médio empresário que tem que repassar parte da despesa ao cliente ou ao consumidor final. Mas fazendo isso, estaremos afastando quem ainda nos procura. Evitamos fazer esse repasse o máximo possível”, afirma.

Planos para reduzir o consumo de energia elétrica se unem a outros meios de contenção de despesas, afirma o consultor Gláucio Kaeli, que trabalha principalmente com obras e planejamento. “Estamos em contenção de despesas total. Muitos dos colaboradores estão trabalhando em casa. Com isso reduzindo tempo e valor de deslocamento e claro, do consumo de energia da empresa”, disse.

Para o consultor, no fim de 2016, o empresariado não tem muito o que comemorar. “É um conjunto de fatores. Em um momento de crise e principalmente, baixa na demanda de obras públicas em todo o país, vem o reajuste da tarifa de energia. O impacto é direto justamente pela falta de negócios, falta de faturamento, o que pode nos impedir de mantermos as contas em dia. Virou um efeito cascata”, conclui Kaeli.

Setor primário

No setor de hortifrútis, onde a refrigeração dos produtos evita perdas, manter as câmaras frigoríficas ligadas 24 horas com a nova tarifa, representa um fardo a mais, conta a empresária Daniela Branício. “O descontentamento é geral. A tarifa sempre foi um de nossos maiores encargos, já que o funcionamento das câmaras é contínuo. Já passamos por outras temporadas de bandeira tarifária diferenciada, mas é algo com quem ninguém se acostuma”, afirma a empresária que não vê alternativa. “Esperar que passe e que as vendas melhorem, é só o que podemos fazer”, finaliza.

Justificativa

Como justificativa para o aumento, a Eletrobras afirmou ser este o reflexo com os custos de transmissão, de compra de energia e encargos setoriais. O reajuste seria também uma forma de recuperar perdas, provenientes do furto de energia (em 120 mil inspeções forma detectadas 62 mil irregularidades, 52% do total). De acordo com a empresa, no ano de 2015 as perdas globais foram de 40,43% de energia injetada, ou 4.28 GWh (gigawatt-hora) ao ano.

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