Foto: Reprodução/Instituto Trata Brasil
Por Osíris M. Araújo da Silva – osirisasilva@gmail.com
O Instituto Trata Brasil (ITB), em parceria com a GO Associados, publica a 17ª edição do Ranking do Saneamento com o foco nos 100 municípios mais populosos do Brasil. Para produzir o ranqueamento foram levados em consideração os indicadores mais recentes do Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (SINISA), ano-base 2023, publicado pelo Ministério das Cidades, além de uma ponderação de pesos na evolução dos indicadores estabelecida em metodologia criada em parceria com a consultoria GO Associados. Desde 2009, o ITB monitora os indicadores dos maiores municípios brasileiros com base na população, com o objetivo de revelar um problema histórico vivido no país. A falta de acesso à água potável impacta 16,9% dos brasileiros e 44,8% não possuem coleta de esgoto, refletindo em problemas na saúde, produtividade no trabalho, valorização imobiliária, turismo e na qualidade de vida da população, fatores adversos ao processo de desenvolvimento brasileiro.
Compõe-se o ranking da análise em três “dimensões” distintas do saneamento básico de cada município: “Nível de Atendimento”, “Melhoria do Atendimento” e “Nível de Eficiência”. Nesta edição, Campinas (SP) foi a primeira colocada, seguida por Limeira (SP) e Niterói (RJ). O ITB esclarece um ponto importante a ser observado: a verificação de aparente queda nos resultados gerais de saneamento reportados pelo SINISA de 2025, a partir dos dados do ano de 2023, quando comparados aos dados do SNIS de 2024 (ano-base 2022). No entanto, essa percepção pode ser explicada pela atualização metodológica em razão da publicação do Censo de 2022. Nos últimos anos, em razão do atraso na coleta e divulgação dos dados do Censo, estimava-se um número maior de pessoas por residência. Com a divulgação dos dados, contudo, descobriu-se que a população residente não aumentou como se projetava anteriormente.
📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp
Saneamento: Campinas e Limeira (SP), Niterói (RJ), S.J do Rio Preto, Franca (SP), Aparecida de Goiânia e Goiânia (GO); Santos (SP); Uberaba (MG); Foz do Iguaçu (PR); Uberlândia (MG); Jundiaí (SP); Ponta Grossa e Maringá (PR); São Paulo (SP); Montes Claros (MG); Taubaté (SP); Curitiba e Londrina (PR); Praia Grande (SP).
Na outra ponta, os 20 piores no Ranking são: Bauru (SP); Olinda, Recife (PE); Juazeiro do Norte (CE); Maceió (AL); Manaus (AM); S. João do Mereti (RJ); Jaboiatão dos Guararpes (PE); Duque de Caxias (RJ); São Luís (MA); Várzea Grande (MT); Ananindeua (PA); São Gonçalo (RJ); Belém (PA); Belford Roxo (RJ); Rio Branco (AC); Macapá (AP); Porto Velho (RO); Santana (AP).
À exceção de Boa Vista (RR), todas as capitais da Amazônia encontram-se entre os piores municípios no Ranking do Saneamento 2025 do Instituto Trata Brasil. O dado é contundente. Aponta, sobretudo, o fracasso dos planos de desenvolvimento e a consequente negligência com que é tratada a região pelo poder público, particularmente desde a redemocratização de 1985. De fato, a região demanda respostas, soluções pragmáticas, não recorrentes maus agouros de pitonisas prognosticando a desertificação de seu ecossistema. Todavia, tendo a inimiga número 1 da Amazônia, Marina da Silva, ministra do MMA à frente, Brasília insiste em festejar planos de desmatamento zero não considerando as necessidades de melhoria das condições de vida de cerca de 30 milhões de cidadãos que vivem, trabalham e defendem o Setentrião Brasileiro.
Políticas ineficazes e contraditórias em relação ao equacionamento dos problemas sociais e econômicos que historicamente se abatem sobre a região. Desvios cristalizados, particularmente sobre regularização fundiária, implantação e operacionalização do Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE), manejo florestal e tecnologias desenvolvidas pela Embrapa e institutos locais de pesquisa destinadas à exploração sustentável do bioma, sem as quais não se preserva nem desenvolve a região.
Sobre o autor
Osíris M. Araújo da Silva é economista, escritor, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA) e da Associação Comercial do Amazonas (ACA).
*O conteúdo é de responsabilidade do colunista
