“No Amazonas a situação, ao que se presume, foge ao controle.”
Em 4 de dezembro de 1928, o presidente John Calvin Coolidge, Jr. (1872-1933) endereçou sua última mensagem ao Congresso norte-americano. Em seu “statement” transmite palavras de confiança no futuro, e festeja: “nenhum Congresso dos Estados Unidos já convocado, examinando o estado da União, encontrou uma perspectiva mais agradável do que a apresentada neste momento”. Coolidge salienta que “no cenário nacional reinam tranquilidade e satisfação … e o registro mais alto de anos de prosperidade”.
Coolidge profeticamente chega a observar que “no cenário internacional reinam a paz e a boa vontade provenientes de uma compreensão mútua”. Não havia razões objetivas para imaginar que o ano seguinte seria o fatídico 1929, da Grande Depressão, e de décadas do império dos gângsteres de Chicago, Nova York, Los Angeles e Miami; da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), prolongamento da Primeira Guerra (1914-1918); da revolução soviética de 1914, da guerra da Coreia e do Vietnam. No avançar do século XXI, nova pandemia, do covid-19, vem derrubando, sem cerimônia, projeções de crescimento mundial anunciadas por FMI, OCDE, Banco Mundial, o mesmo no Brasil por FGV, IBGE, Banco Central e o próprio ministério da Economia.
O mundo enfrenta desastres naturais, fenômenos que fazem parte da geodinâmica terrestre, portanto, da natureza planetária, desde os primórdios das eras geológicas. Além de tempestades, maremotos, furacões, ciclones e tufões, secas, erupções vulcânicas, inundações, e toda classe de pestes e pandemias afligem os povos no curso da história. O Monte Vesúvio, sul da Itália, exemplo representativo, entrou em erupção no ano 79 d. C, cuspindo lavas e cinzas a até 20 quilômetros de suas encostas, sepultando as populações de Pompeia, Herculano e das redondezas sob um manto denso de rochas derretidas.
A Peste Negra, ou Bubônica, foi a pandemia mais devastadora da história humana. Morreram entre 75 a 200 milhões de pessoas na Eurásia, atingindo o pico na Europa no período 1347-1351. De tal magnitude a mortalidade causada que não havia tempo de enterrar corpos. Eram incinerados nas residências e em pilhas nas vias públicas. A todos os fenômenos o homem vence com habilidade política e trabalho duro. No Brasil, fugindo à lógica histórica, politizou-se, em contornos dramáticos, o covid-19 no Congresso como nas redes sociais. Grupos contra e a favor do vírus, do ministro da Saúde e do presidente da República, confundem e embaraçam o trabalho das autoridades no combate à pandemia.
No Amazonas a situação, ao que se presume, foge ao controle. O governo do Estado tem tomado medidas repudiadas abertamente pela sociedade. Como a nomeação de uma biomédica para a secretaria de Saúde vinda do interior de São Paulo, e, na contramão da necessidade de contenção de gastos públicos, a contratação de serviços a peso de ouro fora do contexto da pandemia. Diante de cenário tão adverso, o governador Wilson Lima precisa assumir posição pública, esclarecer e dar satisfação ao povo. Enquanto isso, o Estado, perigosamente, encontra-se entre as cinco unidades da Federação de maior escalada do coronavírus.
Por meio do Comitê IND ZFM COVID-19, uma iniciativa coordenada pelo CIEAM, FIEAM, ELETROS e Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (ABRACICLO), em cooperação com a SEDECTI, a iniciativa privada faz sua parte, trabalhando forte agenda contributiva em áreas estratégicas. Desse importantíssimo intercâmbio deriva soluções e iniciativas traduzidas no fornecimento de materiais (álcool em gel, computadores, máscaras); igualmente, um pool de entidades envolvendo Senai, Samel, CBA, UEA, Fundação Paulo Feitoza, Instituto Transire empenha-se no desenvolvimento de respiradores e kits testes rápidos para detecção de Covid-19.
Tendo em vista a gravidade da pandemia, impõe-se a necessidade de consolidar laço construtivo governo-sociedade, classes políticas e empresariais levando em conta os elevados interesses do povo amazonense.
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