O Natal e o Ano Novo do Papa Leão XIV: “da simplicidade e da humildade, ao estilo da igreja em todas as suas expressões”

Então, a questão fundamental: que futuro estamos construindo?

Foto: Reprodução/Vatican News

Por Osíris M. Araújo da Silva – osirisasilva@gmail.com

Vetusta prece judaico-portuguesa assim profetiza: “o que você quer que o próximo ano te traga ? Nada, não quero que me traga nada. A única coisa que quero é que não leve. Que não leve o teto que me protege, o prato que me alimenta, a manta que me aquece, a luz que me ilumina, o sorriso dos meus amados, a saúde como um tesouro, o trabalho como sustento, a amizade, a companhia, os abraços e os beijos. Que não leve os sonhos, nem os pedaços dos corações, formados por pessoas, que carrego dentro de mim”. Bem a propósito, quando do encontro do Papa Leão XIV na segunda-feira, 22, com os funcionários da Santa Sé, do Governatorato do Estado da Cidade do Vaticano e do Vicariato de Roma, com suas famílias, por ocasião das felicitações de Natal, clamou: “o Menino Jesus com sua presença mansa e humilde espalha a ternura de Deus por toda parte”.

Sobre o presépio, doado pela Costa Rica, ele afirmou: “o imaginário popular frequentemente inclui muitas figuras da vida cotidiana, que povoam o espaço ao redor da gruta. Assim, além dos inevitáveis pastores, protagonistas do evento segundo o Evangelho, podemos encontrar figuras representando diversas profissões: o ferreiro, o hospedeiro, a lavadeira, o amolador de facas, e assim por diante. Naturalmente, são profissões antigas: algumas desapareceram ou se transformaram completamente. Contudo, elas conservam seu significado dentro do presépio. Elas nos lembram que todas as nossas atividades, nossas ocupações diárias adquirem seu pleno significado no plano de Deus, que tem seu centro em Jesus Cristo”.

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Às vezes, entretanto, ao que enfatizou Leão XIV, “estamos tão absorvidos pelas tarefas que não pensamos no Senhor ou na Igreja, mas no próprio ato de trabalhar com dedicação, esforçando-nos para dar o melhor aos leigos — com amor pela família, pelos filhos, isso glorifica o Senhor”. Ao finalizar, em mensagem “urbi et orbis”, à cidade de Roma e ao mundo, rogou: “Queridos irmãos, aprendamos com o Natal de Jesus o estilo da simplicidade e da humildade, e façamos, todos juntos, que este se torne cada vez mais o estilo da Igreja, em todas as suas expressões. Transmitem também as minhas saudações aos seus entes queridos em casa; especialmente aos idosos ou doentes, digam-lhes que o Papa está rezando por eles. Desejo-vos um santo Natal, na alegria e serenidade que Jesus nos dá”.

Numa correlação entre o estado de alma de Leão XIV e a realidade brasileira nestes anos tão conturbados política, econômica e socialmente, observa-se realisticamente, ao que se propaga na mídia e nas redes sociais, perigoso e grave esforço de deterioração das conquistas democráticas consolidadas na Constituição de 1988, a “Constituição Cidadã”, que legitimou direitos e liberdades civis e sociais. Não obstante a exortação papal, entretanto, lamentavelmente radicalismos ideológicos vêm transformando o Brasil num imenso caldeirão eleitoreiro no qual ninguém se entende mesmo considerando algumas hipóteses, como um civilizado, mas inviável “gentleman’s agreement” ou uma reprodução do Pacto de Moncloa (1977), que venceu o ódio e o separatismo predominantes na Espanha subjugada à ditadura de Franco ao tempo da sangrenta Guerra Civil que praticamente faliu o país.

Então, a questão fundamental: que futuro estamos construindo? Vamos continuar indefinidamente destilando ódios estocados desde o regime militar? Mesmo que alguns apaniguados, sectários do poder público venham recebendo indenizações e pensões milionárias justo por terem se beneficiado em 1979 da lei da Anistia – ampla, geral e irrestrita – hoje agressivamente negada pelas esquerdas no poder. Tais insuportáveis níveis de contradições, fanatismo ideológico, intolerância, insanidade e hipocrisia nunca vão ter fim? Bem a propósito, ao que diz a sabedoria chinesa: enquanto ignorância gera caos, sabedoria produz ordem, disciplina, respeito e progresso.

Feliz Ano Novo!

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Sobre o autor

Osíris M. Araújo da Silva é economista, escritor, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA) e da Associação Comercial do Amazonas (ACA).

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

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