A atuação da Embrapa Amazônia Ocidental centra-se no desenvolvimento de pesquisas e tecnologias sustentáveis direcionadas a pequenas propriedades rurais, buscando contribuir para aumentar a representatividade agrícola do Estado.
O Centro de Pesquisa Agroflorestal da Amazônia Ocidental (CPAA), ou simplesmente Embrapa Amazônia Ocidental, sediada em Manaus, é uma Unidade ecorregional do sistema EMBRAPA, nascida da fusão do Programa Nacional de Pesquisa do Dendê (PNP-Dendê) e do Centro Nacional de Pesquisa de Seringueira e Dendê (CNPSD) em 1989. Segundo o Plano de Execução da Unidade (PEU) – 2021, tendo em vista que o Amazonas, um dos estados dotados da menor malha rodoviária do país, é dependente, em grande parte, do transporte fluvial para deslocamentos de bens, esse fator dificulta, encarece e retarda o escoamento da produção agrícola, o uso adequado de insumos básicos (como calcário, adubos e defensivos) e o acesso a novas tecnologias.
De acordo com o pesquisador Ewerton Cordeiro, chefe geral da Unidade, “essa dificuldade logística influencia também o grau de escolaridade dos produtores rurais e agricultores, refletindo negativamente em inúmeros outros fatores, como o emprego de novas tecnologias, regularização fundiária, acesso ao crédito e manutenção de adimplência”. Muito devido a esse fator, a aptidão agrícola do Amazonas concentra-se em cultivos tradicionais (mandioca, banana, açaí, milho, cupuaçu e olerícolas), predominantemente por meio de agricultores familiares..
Grosso modo, segundo o IBGE, 97% dos produtores rurais amazonenses têm sua fonte de sustento na agricultura familiar. Esses dados induzem a que o Amazonas tenha contribuído com apenas 0,4% do Valor Bruto de Produção (VBP) brasileira em 2021, situando-se, desta forma, entre os dez menores estados do país. A atuação da Embrapa Amazônia Ocidental centra-se no desenvolvimento de pesquisas e tecnologias sustentáveis direcionadas a pequenas propriedades rurais, buscando, assim, corrigir essa distorção e contribuir para aumentar a representatividade agrícola do Estado em favor de melhores condições de vida do homem do meio rural.
Além das culturas tradicionais, levando em consideração as novas tendências da pesquisa agropecuária, descritas no VII PDE (Embrapa, 2020), um novo foco de atuação do Cpaa foi discutido e elaborado baseado na busca do desenvolvimento, manejo da adubação e fertilidade do solo, manejo integrado de pragas, desenvolvimento de novas cultivares, sistemas integrados de produção, bioeconomia, piscicultura, fruticultura, pecuária sustentável, produção e adubação orgânica, melhoramento genético.
Ao que se depreende do Plano de Execução da Unidade (PEU), Embrapa/CPAA – 2021, a análise integrada dos objetivos tem como centro o aumento da produtividade dos fatores de produção e a renda líquida em relação à média regional; a geração de condições para promover a conservação dos recursos naturais de forma sustentável; a promoção da diferenciação e agregação de valor aos produtos pela melhoria das características intrínsecas ou estratégicas de comercialização e organização da cadeia, e, por fim, a potencializar a qualidade de vida e permanência no campo da população rural do Estado.
Segundo Ewerton Cordeiro, após análise integrada dos critérios acima e discussões internas envolvendo as chefias de P&D, Geral, TT, CTI e todos os pesquisadores da Unidade “concordou-se em ampliar o campo de atuação do Centro e a sistematizar, como estratégia de ação de campo, a criação de grupos de pesquisa direcionados dentro da Unidade, os quais terão como temas principais, dentro das linhas de pesquisa, as seguintes áreas temáticas: fruticultura e olericultura (FrutO): banana, abacaxi, citros e hortaliças; culturas agroindustriais (AgroInd): mandioca, guaraná, açaí e cupuaçu; sistemas integrados de produção e recuperação de áreas degradadas (Sirad): arranjos produtivos, recuperação de áreas, sistemas agroflorestal; integração lavoura pecuária floresta (ILPF), uso e conservação da biodiversidade (UCBio): bioinsumos, bioprodutos, piscicultura (Pisci), com base nas espécies tambaqui, pirarucu e matrinxã.
Sobre o autor
Osíris M. Araújo da Silva é economista, escritor, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), da Academia de Letras, Ciências e Artes do Amazonas (ALCEAR), do Grupo de Estudos Estratégicos Amazônicos (GEEA/INPA) e do Conselho Regional de Economia do Amazonas (CORECON-AM).
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