A coleção de clones é composta por cinco cultivares de cupuaçuzeiro que, quando plantadas simultaneamente, possuem em comum alta produtividade de frutos e boa resistência à vassoura de bruxa.
Em cerimônia que reuniu, no último dia 27 de abril, ministros de Estado (Agricultura, Meio Ambiente e Ciência, Tecnologia e Inovação), governadores, parlamentares, embaixadores, instituições como a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Sebrae, Apex, Confederação, da Agricultura, Pecuária do Brasil (CNA), universidades, lideranças do agro e de empresas públicas e privadas, foi celebrado 49 anos de fundação da Embrapa. Na ocasião, seu presidente, Celso Moretti, reafirmou o compromisso da Empresa em desenvolver pesquisas e inovação em prol dos desafios da agricultura, entre eles alcançar autossuficiência na produção de trigo e redução da dependência mundial do país por fertilizantes.
Desde sua criação a Embrapa, segundo Moretti, gerou um lucro social acumulado e corrigido pelo Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna – IGP-DI (FGV) de R$ 1,2 trilhão. Conquistas alcançadas com imensa e decisiva contribuição de seus laboratórios, expressas em raças de animais bastante prolíficas ou adaptáveis aos mais diversos ambientes; novas máquinas, equipamentos e sistemas de produção; cultivares mais produtivas, nutritivas ou resistentes a pragas e intempéries; sistemas de informação geográfica para mapear regiões e monitorar o uso da terra; programas e aplicativos de informática; novos processos de cultivo, de produção animal e controle de pragas e doenças. Fatores essenciais ao desempenho em máxima escala de qualquer atividade agropecuária, no Brasil e em qualquer lugar do Planeta.
De acordo com relatório do Balanço Social, dentre tantos avanços tecnológicos acumulados merecem destaque a coinoculação de duas bactérias do bem em sementes de soja, que tem promovido um ganho médio de 2,7% na produtividade dessa leguminosa, em relação à semente não inoculada; validação de um conjunto de soluções de manejo, que estimulou as exportações do trigo brasileiro para a Ásia e África; Programa Balde Cheio, criado em 1998 e que contribui para o aumento da produção sustentável de leite em 844 municípios, localizados em 19 Unidades da Federação, inclusive no Amazonas, com apoio da FAEA; reconhecimento da Indicação Geográfica Matas de Rondônia para cafés Robustas Amazônicos; Sistema SATVeg, que monitora o uso e cobertura da terra em toda a América do Sul e já conta com mais de 11 mil usuários; modelo de gestão ambiental da suinocultura; utilização da fotônica em diversas inovações voltadas à melhoria do desempenho do agro brasileiro.
Outra excepcional conquista da Embrapa, do maior interesse para a Amazônia, diz respeito ao Cupuaçu 5.0, kit de cultivares de cupuaçuzeiro de alta produtividade e resistente à vassoura-de-bruxa. A coleção de clones é composta por cinco cultivares de cupuaçuzeiro que, quando plantadas simultaneamente, possuem em comum alta produtividade de frutos e boa resistência à vassoura de bruxa, tornando seu cultivo mais rentável e sustentável. Em comparação com as variedades atualmente no mercado, as cultivares agora lançadas apresentam ampla vantagem em termos de produtividade, tanto de frutos, quanto de polpa e amêndoas, podendo chegar a 14 toneladas por hectare. A variedade foi desenvolvida na Embrapa Amazônia Oriental, Belém, com a participação da Embrapa Amazônia Ocidental, Manaus.
Para o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Marcos Montes, “o mundo precisa do Brasil para a sua alimentação”. E a Embrapa, disse o ministro, “que foi a grande protagonista ao elevar o país do patamar de importador para o de exportador de alimentos, volta à cena para ajudar o Brasil e o setor agropecuário a enfrentar o problema da crise dos fertilizantes”. Nesse sentido, afirmou, a Empresa “já colocou em campo a Caravana FertBrasil e está abrindo frentes de pesquisa com os remineralizadores do solo”. Por isso, hoje, a Embrapa é peça fundamental para oferecer a segurança alimentar de que o brasileiro e o mundo tanto precisam”, concluiu Montes.
Sobre o autor
Osíris M. Araújo da Silva é economista, escritor, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), da Academia de Letras, Ciências e Artes do Amazonas (ALCEAR), do Grupo de Estudos Estratégicos Amazônicos (GEEA/INPA) e do Conselho Regional de Economia do Amazonas (CORECON-AM).
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