Dívidas acumuladas da ciência na região transcendem o ambientalismo radical

Diante das transformações do mundo por meio de tecnologias disruptivas de largo espectro, observa-se que, por meio da tecnologia, pode-se mais do que entender, mas alterar o mundo à nossa volta.

Artigo da revista Forbes destaca que, no país e no mundo, o ano de 2021 ficou marcado por momentos emblemáticos da ciência e tecnologia, destacando-se mobilidade urbana, indústria 4.0, tecnologia 5G, cidades inteligentes, viagens espaciais privadas, metaverso e neurociência. Em relação ao futuro da “Mobilidade Urbana”, a revista ressalta que a tecnologia Hyperloop possibilitará que os trens do futuro, desenvolvidos em formato de cápsulas, viagem por baixa pressão atmosférica. Em função de trilhos magnetizados, as cápsulas flutuam dentro dos tubos, sem o advento do atrito e ventos, levando a que o Hyperloop chegue a atingir 1.200 km por hora.

A primeira versão está agendada para cobrir o trecho Dubai/Abu Dhabi nos Emirados Árabes Unidos, além de outros países, como a China, onde a tecnologia sofre a cada ano extraordinários avanços. Em relação à “Indústria 4.0”, o mercado industrial também foi marcado por inovações de grande porte. Segundo a Forbes, a automação, que já era presente nas fábricas, passa a contar com sensores que geram dados em tempo real, que se plugam à Robótica e à Internet das Coisas (IoT). As tecnologias subjacentes à Indústria 4.0 “aumentam a performance não só da linha de produção, mas também de toda a jornada da matéria prima ao produto e entrega do produto ao consumidor”.

A tecnologia “Redes e 5G” de larga utilização em infraestrutura digital fornecerá menor latência ao fluxo de dados, possibilitando, entre muito atributos, o oferecimento de serviços em tempo real, como necessário para a telemedicina (atendimento médico / paciente) e teleconsultoria (atendimento médico/médico, em casos de cirurgias à distância), por exemplo”. A tecnologia chega ao Brasil ainda este ano. No campo das “Cidades Inteligentes”, o avanço é também beneficiado por tecnologia 5G, sensores e inteligência artificial. Em Florianópolis, a Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE) em parceria com a Cisco investe na criação de espaço inteligente, conceito presente nas cidades do futuro como Nova York, Cingapura e Dubai.

Foto: Divulgação

Apresentado globalmente pelo Facebook, o “Metaverso”, termo que remete “a uma nova camada capaz de integrar o mundo real ao digital, por meio de tecnologias como realidade virtual ou aumentada, podendo também utilizar hologramas”. Indica um tipo de mundo virtual que tenta replicar a realidade através de dispositivos digitais, um espaço coletivo e virtual compartilhado, constituído pela soma de “realidade virtual”, “realidade aumentada” e “Internet”. Trata-se, em síntese, “de uma nova forma de interação ainda mais abrangente entre mundos físicos e digitais provocada por estímulos sensoriais apresentados pela realidade virtual”.

Quanto à “Neurociência”, desenvolvida pela Neuralink, co-fundada pelo multibilionário Elon Musk, a tecnologia, “conhecida como “interface cérebro-máquina”, envolve eletrodos instalados em cérebros de modelos animais (por enquanto, não humanos), mais precisamente em neurônios específicos para não só gerar dados em tempo real, mas também possibilitar o controle de dispositivos físicos ou digitais (realidade virtual). Em 2021, a empresa realizou apresentações demonstrando primatas jogando videogame apenas com a mente (sem a utilização de joysticks) e suínos com cérebros monitorados em tempo real, via chips neurais.”

Diante das transformações do mundo por meio de tecnologias disruptivas de largo espectro, observa-se que, por meio da tecnologia, pode-se mais do que entender, mas alterar o mundo à nossa volta. A ciência não se resume mais ao saber contemplativo e especulativo da natureza; configura instrumento de desenvolvimento e de definição econômica de supremacia e de dependência entre nações. Justo concluir, portanto, que a universidade e a pesquisa, nos campos estratégicos da ciência e tecnologia aqui enfocados, acumulam gigantescos déficits para com a Zona Franca de Manaus e a região. 

Sobre o autor

Osíris M. Araújo da Silva é economista, escritor, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), da Academia de Letras, Ciências e Artes do Amazonas (ALCEAR), do Grupo de Estudos Estratégicos Amazônicos (GEEA/INPA) e do Conselho Regional de Economia do Amazonas (CORECON-AM).

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

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