COP 27, o Brasil e o mundo esperam mais que “palavras, palavras, palavras”

Para a COP 27, segundo o MMA, o Brasil assume claramente ser parte dos problemas e das soluções alusivos à crise energética mundial.

A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021, a COP26, levada a efeito em Glasgow, Escócia, pouco acrescentou em relação às demandas do Brasil e ao que setores do ambientalismo internacional impunham ao país para o controle do desmatamento na Amazônia. O assunto, ao que se deduz dos documentos-síntese divulgados, não assumiu o caráter bombástico apregoado por ONGs e linhas da esquerda radical, interna e externamente. Efetivamente, o que falta mesmo é coragem para admitir equívocos e quebra de compromissos do passado repetidos a cada COP. Objetivamente, ajustes setoriais específicos sobre florestas, carvão, automóveis, metano, transferidos para a COP 27, que se realiza na exclusiva cidade balneária de Sharm El-Sheikh, Egito, de 6 a 18 de novembro.

Paralelamente, os principais bancos se comprometeram a alinhar seus fundos à meta de emissão zero líquida ainda nesta década, embora não tenham definido quais os critérios a serem adotados para chegar a esse fim. A COP26, por seu turno, também não configura exatamente, via cronograma físico-financeiro e prioridades geopolíticas, o papel dos países no tocante aos meios tecnológicos e aos respectivos fundos alocados tendo em vistas o cumprimento dos objetivos propostos. Saliente-se que o imenso esforço global para enfrentar mudanças climáticas, desenhado no Acordo de Paris, 2015, estabeleceu o ambicioso objetivo de levantar US$ 100 bilhões anuais para financiar iniciativas no mundo em ações voltadas à mitigação dos impactos dos Gases do Efeito Estufa (GEE) sobre cidades, setor corporativo, agropecuária, ciclo de vida do produto, entre outros. Além de outros US$ 32 bilhões com fins semelhantes aprovados durante a COP26. Nenhum centavo de tais fundos foram até hoje implementados.

Foto: Reprodução/Facebook-COP27

Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU, desenhados e aprovados em Nova York em 2015, é constituído de 17 objetivos e 169 metas, um marco para guiar o mundo até 2030. No tangente aos itens 16 e 17, relativos a meios para se atingir um mínimo de sustentabilidade, ainda permanecem engavetados, no aguardo de decisões políticas dos países desenvolvidos. Menos conhecido do que os ODS é o plano Agenda de Ação de Adis Abeba, Etiópia, 2015, que legalmente faz parte do acordo ODS, voltado, sem sucesso, a como financiar o desenvolvimento sustentável junto a países carentes. A ONU admite, em relatório, que “uma vez mais os fluxos líquidos para países em desenvolvimento devem permanecer negativos por muito tempo ainda, comprovando que ‘fluxos líquidos negativos’ significam que os pobres estão financiando os ricos”.

A COP26, realizada em Glasgow, Escócia, pouco avançou quanto a soluções disruptivas preconizadas nas trilhas de Estocolmo, 1972; da Rio 92, ou da Conferência de Paris, 2015. O Brasil, mesmo a despeito de inúmeros percalços, pressões de todos os lados, está fazendo sua parte. O Ministério do Meio Ambiente (MMA) aposta na “oportunidade de uma nova economia verde”. Nesse sentido, vem trabalhando estratégias visando estimular e consolidar a agropecuária sustentável, baixa na emissão de gás carbônico, tudo com foco no “emprego verde”. Para a COP 27, segundo o MMA, o Brasil assume claramente ser parte dos problemas e das soluções alusivos à crise energética mundial.

Num dos estandes montados pelo Brasil serão apresentados 10 gigawatts (GW) de biomassa eólica e um painel com 700 GW de eólica marinha para mostrar que o país tem potencial de energias excedentes perfeitamente exportáveis. Dados do MMA dão conta de estar sendo conferida ênfase à abordagem sobre políticas globais voltadas à redução de emissões de dióxido de carbono ou gás carbônico (CO2). Também está programada no estande brasileiro apresentação de painéis de responsabilidade de empresas e empreendedores mostrando o que é feito no país, além de um espaço de cerca de 120 metros quadrados expondo biomas e águas brasileiras.

Sobre o autor

Osíris M. Araújo da Silva é economista, escritor, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), da Academia de Letras, Ciências e Artes do Amazonas (ALCEAR), do Grupo de Estudos Estratégicos Amazônicos (GEEA/INPA) e do Conselho Regional de Economia do Amazonas (CORECON-AM).

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

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