O mês de janeiro tradicionalmente é palco de dois importantes eventos de alcance mundial
Realizada pelo Consumer Technology Association (CTA), a CES atrai líderes empresariais, investidores e pioneiros da alta tecnologia de todo o planeta. A versão 2020, informa o site oficial do evento, foi marcada por criações para diferentes áreas do mercado de consumo, exibindo tendências subjacentes ao próximo estágio revolucionário das manufaturas, à criação de empregos e ao solucionamento de muitos dos desafios da sociedade. Mais de 4.400 empresas expositoras, incluindo 1.200 “startups”, expuseram as mais recentes tecnologias transformadoras, incluindo o 5G, inteligência artificial, tecnologias embarcadas, à saúde digital, etc. A propósito, num complexo tecnológico dessa magnitude onde situar o PIM/ZFM?
Quanto ao Fórum Econômico Mundial, Davos 2020, em sua 50ª edição, foi levado a efeito entre os dias 21 e 24 de janeiro, com o lema Grupos de interesse para um mundo coeso e sustentável. O encontro reuniu 3.000 participantes de todo o mundo, dentre estes os principais líderes empresariais, governamentais e da sociedade civil para tratar os desafios e oportunidades derivados da Quarta Revolução Industrial. Representando o Brasil, o ministro Paulo Guedes, da Economia, disse, durante o painel “Shaping the Future of Advanced Manufacturing” (Formatando o avanço industrial do futuro), realizado na manhã de terça-feira, 21, que o Brasil “perdeu a grande onda da globalização e inovação” mundial. A posição do ministro veio depois que os participantes do painel viram-se questionados sobre em que estágio os países que representam encontram-se no processo inovativo da indústria 4.0.
Quanto ao painel sobre a Amazônia, levado a efeito no maior auditório do Fórum, discutiu-se o óbvio, como o batido “conservar a Amazônia é muito mais lucrativo do que substituir a floresta por monocultura ou pecuária”. Ou ainda o indefectível “como garantir um futuro sustentável à Amazônia?”. Ativos nas discussões, membros da academia brasileira de ciências, personalidades estrangeiras, Ongs e seus bastiões avançados na região. Menos quem efetivamente entende de Amazônia: cientistas e pesquisadores do Inpa, Embrapa e universidades regionais.
Arguiu-se dramaticamente nos debates que se o ponto de virada for atingido, a devastação terá chegado a 50%, talvez 60%, e a floresta será incapaz de se recompor. Nesse caso, grande parte do território amazônico haverá, inexoravelmente, de se converter em savana seca. Discussões recorrentes, penso eu, sobre as quais o mundo está saturado (fed up). Urge avançar, trazer aos painéis especializados soluções disruptivas capazes de promover a conciliação do desenvolvimento econômico e social com preservação ambiental. É como se posicionam setores mais avançados do ensino, da pesquisa e estudiosos verdadeiramente comprometidos com o futuro da região.
Muitas das discussões travadas em fóruns mundiais revelam que boa parte de ambientalistas e “autoridades”, convidados permanentes a participar de fartas mesas verdes de lugares marcados, sobretudo amazônicas, servem, não raro, para turbinar novos encontros, hoje, amanhã e sempre. Como não se apresentam projetos definitivos ajustados às idiossincrasias econômicas e geopolíticas regionais, os debates, em sua maioria, mantêm-se estéreis, improdutivas, inócuos. Davos, ONU e organizações multilaterais e não governamentais, com efeito, continuam devendo bastante à sociedade brasileira, amazônica e mundial.
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