Acompanho diariamente o quadro conjuntural da pandemia, no Brasil & around the world, mundo afora.
Grande parte dos países vêm sofrendo amargamente os efeitos do coronavírus 2019. Em todos, praticamente, a população apresenta nítido traço comum: capacidade de resiliência, de suportar com dignidade, solidariedade e consciência cívica a gravidade do momento e a necessidade de apoiar as autoridades e os profissionais empregados no combate à doença.
Em nenhum deles, todavia, no Japão, nos mais atingidos Itália, Espanha e Estados Unidos, na Europa, Chile, Argentina, Canadá, Coreia do Sul, mesmo em Cuba, Coreia do Norte, nos países africanos e asiáticos, assiste-se cenas tão deploráveis, constrangedoras, chocantes como no Brasil.
Aqui, campos da direita e da esquerda, formados majoritariamente por massas de manobra radicalizadas, hordas de fanáticos destituídos de realidade, de um lado e de outro, portam-se, como se autoridades fossem, 24 horas do dia, a dar palpites e a vulgarizar discussões em torno de políticas de saúde pública e procedimentos técnicos de alta complexidade.
O combate ao coronavírus, por outro lado, transformou-se numa praça de guerra. Pior ainda, vem ensejando o avanço do aparelhamento político de uma questão eminentemente técnica, de tal sorte que, enquanto a direita, ou o centro, mais equilibrado, defende as ações de enfrentamento à doença recomendadas pela OMS, contingentes das esquerdas defendem o vírus.
Isso mesmo, posicionam-se contra a sociedade em favor da catástrofe que, impiedosamente, vem ceifando preciosas vidas, desestruturando famílias e traumatizando toda uma nação. Tudo isso no velho estilo e coerência histórica do “pcezão”, que defende, como sempre defendeu, o quanto pior melhor.
Vivi 1964 e, ainda universitário, convivi com esses tipos de contradições. A hipótese claramente posta é a de que, lá como hoje, não resolvendo a crise o governo se desmoraliza e caia, dando nova chance às forças derrotadas nas últimas eleições de voltar ao poder.
Esquecem-se uns e outros de que o Brasil tem uma Constituição em pleno vigor, a qual determina que, em (improvável hipótese) de impedimento do presidente Jair Bolsonaro, assume o cargo o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão.
São, penso eu, movimentos claríssimos. Sob essa ótica, não importa os milhares de mortos abatidos pelo covid-19. O que conta na verdade é a deflagração de uma guerra extemporânea, sem o menor sentido e objetividade, além de fratricida.
A ponto de o partido DEM, absurdamente já haver lançado o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, às eleições presidenciais de 2022, enquanto as esquerdas mantêm Lula da Silva e Dilma Rousseff, bancados por recursos públicos, a flanar pelo mundo falando mal do país, proclamando a queda de Bolsonaro, na tentativa de “explicar o golpe” que defenestrou o “poste” de Lula do poder em 2016.
Filme de ficção? Novela kafkiana? Folhetim macunaímico? Não disponho exatamente de elementos objetivos para classificar tão esdrúxula conjuntura. Apenas estou consciente de ser este um momento único de vergonha nacional.
Isto é, nosso Brasil, em pleno século XXI, perdido em questiúnculas paroquiais, servindo de chacota ao mundo civilizado. Às nações que têm drive próprio, discernimento e objetividade quanto ao seu papel no mundo, consciência política, educação, cultura, capital tecnológico e respeito aos seus concidadãos, aos ancestrais e à história.
Há muito mais a analisar. Concedo, porém, aos interessados no assunto a oportunidade de externar seus pontos de vista como contributo a darmos um fim a essa pandemônia em que estamos mergulhados, em nome de um país politicamente melhor, socialmente justo, economicamente próspero.
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