Marcya Lira convida o Instituto Soka para aprofundar o entendimento sobre a meta 17 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) – Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.
Estes dias estava assistindo alguns vídeos na internet e um deles me chamou atenção. Eram algumas formigas tentando atravessar um pequeno “abismo” que apareceu à frente delas.
Assim, elas se uniram e conseguiram atravessar usando os próprios corpos como como ponte umas para as outras. Isso me remeteu imediatamente a pauta de nossa coluna, que tem sido fonte de inspiração através dos casos que trazemos aqui.
Hoje quero refletir um pouco sobre cooperação, parcerias e força.
Os Objetivos Globais só podem ser alcançados se trabalharmos juntos. São necessários investimentos e apoios nacionais e internacionais para garantir o desenvolvimento tecnológico, inovador, o comércio justo e o acesso ao mercado, especialmente para os países em desenvolvimento. Além disso, para construir um mundo melhor, precisamos ser solidários, empáticos, inventivos, apaixonados e, acima de tudo, cooperativos.
Uma agenda de desenvolvimento bem-sucedida requer parcerias inclusivas – nos níveis global, regional, nacional e local – construídas sobre princípios e valores, uma visão e objetivos compartilhados, colocando as pessoas e o planeta no centro. Nesta coluna, abrimos espaço para parceiros aprofundarem o tema e compartilharem suas boas práticas associadas a cada um dos ODS e com isso potencializar a influência positiva sobre instituições, órgãos e empresas.
O ODS escolhido nesta edição é o de número 17 que nos recomenda olhar para as parcerias como um motor de grande força para o alcance das metas globais e mais uma vez contamos com a participação do Instituto Soka para reflexão sobre o tema.
Instituto Soka: parcerias que transcendem suas diferenças
O elemento humano é peça chave tanto para o desenvolvimento sustentável quanto para o desenvolvimento não-sustentável. As interações humanas formam redes que se tornam cada vez maiores e mais complexas até se tornarem sistemas. Um sistema onde os participantes se reúnem para um propósito comum que tem as bases das relações simbióticas. Já um sistema em que os participantes não compartilham um propósito em comum têm as bases para a exploração uns dos outros. O que diferencia um extremo do outro é o propósito ao se criar as interações humanas.
O reconhecimento da interdependência da vida faz parte da crença de muitas etnias e religiões se tornando fundamental que a humanidade considere tais sabedorias de vida. Por exemplo, os povos originários da tribo dessana da Amazônia enfatizam que o homem não pode viver isolado e que ele só se desenvolve mantendo a convivência harmoniosa com a natureza. Os povos iroqueses da América do Norte nos encorajam a tomar todas as decisões considerando as gerações futuras (Ikeda, 2002). O Relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) 2020 também enfatiza os povos indígenas como um modelo de percepção da interdependência da vida humana e do meio ambiente.
Todos os seres estão interligados diretamente em uma grande rede da comunidade da vida. As ações de um indivíduo, escola ou empresa afetam a comunidade local e a comunidade da vida em âmbito planetário. Iluminar a consciência das pessoas sobre sua interdependência com a natureza e entre si pode transformar a sociedade atual em uma sociedade sustentável e ambientalmente harmoniosa.
Em 2015, os Estados membros da ONU estabeleceram os Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS), que se tornaram um ponto de inflexão no qual a Educação para o Desenvolvimento Sustentável atua em todos os campos e níveis educacionais, e desempenha um papel decisivo para a sustentabilidade. Os ODS evidenciaram a interdependência entre os fatores sociais, econômicos e ambientais, uma vez que esses três campos precisam estar em sinergia, equilibrados e integrados para atender às necessidades das pessoas para uma vida sustentável. Especificamente sobre parcerias, o objetivo 17 fortalece os meios de implementação e revitaliza a parceria global para o desenvolvimento sustentável (ONU, 2022).
Entendendo que todos os seres estão interligados, o Instituto Soka Amazônia contribui como ponte de diálogo entre diversos parceiros, com a missão de colaborar com a proteção da integridade ecológica da Amazônia compartilhando a visão humanística do fundador, Dr. Daisaku Ikeda. Através do engajamento ativo na transformação do indivíduo como protagonista de uma mudança positiva, o Instituto Soka desenvolve projetos e programas para melhorar o desenvolvimento socioambiental local e criar oportunidades para conectar indivíduos à natureza através de parcerias.
Os projetos estão divididos em três áreas focais principais:
(1) desenvolvimento de um banco de sementes que apoia programas e projetos de produção de mudas;
(2) educação ambiental voltada para uma ampla gama de idades, setores e públicos;
(3) apoio à pesquisa acadêmica através de parcerias com universidades públicas e privadas no Brasil e no exterior.
Sobre a autora
Marcya Lira é diretora na Fundação Rede Amazônica (FRAM) e pedagoga. Atua com o tema da Sustentabilidade desde 2014 e atualmente relaciona-se com empresas e organizações que prezam pelas boas práticas em consonância com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), além de gerir temas mais amplos como educação e inovação.
*O conteúdo é de responsabilidade da colunista