Vigia de Nazaré, a cidade que sedia o Círio de Nazaré mais antigo do Pará

Vigia de Nazaré é reconhecida por sediar o Círio de Nazaré mais antigo do Pará, com mais de 300 anos, considerado Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado pela Lei Nº 7.270/09.

Foto: Divulgação/AID-Alepa

Localizada na região do Salgado, no nordeste do Pará, a cidade de Vigia de Nazaré se destaca como um dos municípios mais ricos em cultura do estado. Com uma população de 54,1 mil habitantes, conforme o Censo IBGE de 2020, a cidade está situada a 70 km de Belém e a 55 km do Oceano Atlântico.

A história da tradição religiosa na cidade é marcada por eventos coloniais e um cenário econômico dinâmico fazem de Vigia um ponto de interesse permanente para visitantes e pesquisadores.

Isso porque Vigia de Nazaré é reconhecida por sediar o Círio de Nazaré mais antigo do Pará, considerado Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado pela Lei Nº 7.270/09.

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A festa religiosa é realizada há mais de 300 anos na “pérola do salgado”, como a cidade é conhecida, e atrai milhares de fiéis anualmente. O evento se consolidou como um dos eventos mais importantes da região, reforçando a identidade cultural e a fé do povo paraense.

Foto: Reprodução/Prefeitura de Vigia

Origem

A cidade teve origem em uma aldeia tupinambá, chamada inicialmente de ‘Uruitá’. Durante o período colonial, tornou-se um posto alfandegário estratégico, estabelecido para fiscalizar embarcações e combater o contrabando na região. Esse papel de vigilância originou o nome “Vigia”. Em 1693, o local foi elevado à categoria de vila, e em 1698 tornou-se oficialmente um município.

Com a expulsão dos jesuítas do Brasil pela Lei Pombalina em 1761, Vigia tornou-se uma paróquia secular e passou a contar com um colégio laico. No período da Cabanagem, revolta que abalou a Província do Pará entre 1833 e 1836, a cidade sofreu depredações, mas se reergueu. Finalmente, em 1854, Vigia foi elevada à categoria de cidade.

A cidade, hoje, também é conhecida como a “Atenas Paraense”, “Ouro Preto do Pará” e “Berço da Amazônia”. 

Economia

Atualmente, Vigia se destaca por sua dinamização comercial, mantendo uma alta regularidade de vendas durante todo o ano e oferecendo novas oportunidades de negócios. No entanto, enfrenta desafios em relação ao baixo potencial de consumo e ao desempenho econômico.

O Produto Interno Bruto (PIB) do município é de aproximadamente R$ 476,8 milhões. A administração pública responde por 46,1% do valor adicionado, seguida pelos serviços (28,7%), agropecuária (21,8%) e indústria (3,5%). O PIB per capita da cidade é de R$ 8,7 mil, um valor inferior à média estadual de R$ 30 mil, assim como às médias da Grande Belém (R$ 20,4 mil) e da Pequena Região de Belém (R$ 22,4 mil).

Foto: Reprodução/Prefeitura de Vigia

Pontos turísticos

Poço dos Jesuítas

O Poço dos Jesuítas é um monumento localizado na Rua das Flores que faz referência aos vários poços de água potável abertos em Vigia pelos padres jesuítas ao chegar na cidade. A preocupação era com o fornecimento de água de boa qualidade para utilização comunitária. Em torno do Monumento, que é um dos últimos poços mantidos no município, foi construída uma pracinha, reestruturada e reintegrada ao roteiro histórico de Vigia de Nazaré.

Praça Monumento Círio 300

Localizada na entrada da cidade, a Praça Monumento Círio 300 é uma homenagem ao Círio 300 de Vigia, ocorrido em 1997. O monumento central é um manto sobre uma canoa, simbolizando a Virgem de Nazaré, a qual chegou a este chão chamado Vigia, trazida pelos portugueses quando vieram colonizar o Pará em 1616.

Trem de Guerra

O movimento da Cabanagem, que se espalhou pelo interior do Pará em 1835, atingiu também a então Vila da Vigia de Nazaré. Para fugir dos cabanos que tentavam tomar o poder, as autoridades do Legislativo e os militares vigienses refugiaram-se no prédio denominado Trem de Guerra, moradia e local de trabalho do Juiz de Paz do município, João de Sousa Ataíde. O prédio, por guardar as armas e munições da guarda Municipal Vigiense, era também conhecido como Quartel.

Construído em taipa e cobertura em telha de barro, o prédio, com acesso pela Rua de Nazaré e pela Rua Visconde de Souza Franco, pertenceu posteriormente a Inocêncio Holanda. Mais tarde foi vendido a Jerônimo Magno Monteiro, que o desmembrou em duas edificações, residindo na parte da edificação da rua Noêmia Belém. A parte localizada à Rua de Nazaré foi vendida à Prefeitura. Em 1990, na gestão Noé Palheta, foi totalmente demolido e reconstruído com materiais contemporâneos, em alvenaria de tijolo, mantendo, parcialmente, as características arquitetônicas originais do Trem de Guerra.

Igreja de Pedras – Capela do Bom Jesus

A Capela do Senhor dos Passos (mais conhecida como a Igreja de Pedras ou Igreja do Bom Jesus) é um templo católico, construído pelos Jesuítas e indígenas em 1739, situado à beira do rio Guajará-mirim. Em 2019, a Capela foi tombada como patrimônio histórico e artístico municipal. Toda de pedra, a argamassa era produzida com areia, barro e cal de sernambi – ostra marinha, que era torrada, depois pilada para produzir o cal misturado à massa, acrescida de grude da gurijuba para dar consistência.

Igreja da Madre de Jesus

A Igreja da Mãe de Deus, dedicada à Nossa Senhora de Nazaré, foi construída em estilo barroco, no século XVIII, e apresenta alvenaria de pedra, estrutura do telhado em madeira de lei, cobertura com telha de barro, frontispício formado por um corpo central e duas torres com campanários compostos por três janelões, sineiros de arco de meio ponto, e corpo central marcado pelo frontão que é composto de volutas simétricas (Museu Midiático, 2010). A igreja é tombada pelo Instituto do Patrimônio Artístico Nacional (Iphan) e encontra-se registrada no livro de tombo de belas artes de 14 de dezembro de 1954. Hoje a Igreja da Madre de Deus é um dos principais pontos turísticos da cidade de Vigia.

*Com informações da Alepa

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