O jogo, com três fases e classificação livre, retrata a história da Caipora lutando contra as ameaças que a região amazônica sofre, como as queimadas.
De acordo com o levantamento da Pesquisa Games Brasil (PGB), o consumo de jogos eletrônicos no país teve um crescimento de 2,5% em relação ao ano passado. Os dados apontam que 74,5% da população jogou games em 2022. A pandemia de Covid-19 também causou um impacto no consumo de jogos, segundo a PGB: 72,2% dos gamers afirmaram terem jogado mais enquanto ficavam em casa e 57,9% marcaram mais sessões de partidas online.
Muitos jogos foram desenvolvidos com a ambientação da Amazônia, sendo a maioria deles de sobrevivência. Uma curiosidade é que um jogo chamado ‘Amazônia’ foi considerado o primeiro jogo produzido no Brasil, criado por Renato Degiovani, em 1983. A primeira versão com o nome ‘Aventuras na Selva’ era vendida em fita cassete. Outros jogos ambientados na região amazônica vieram depois, como ‘Green Hell‘ e ‘Hidden Expedition: Amazon‘.
Recentemente, um jogo chamado ‘Turi’, desenvolvido por estudantes da faculdade Anhembi Morumbi de São Paulo como projeto de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), foi criado com a intenção de mostrar a Amazônia de uma forma diferente. Os criadores são Beatriz Sanches, Gabriel Da Gama, João Braz, Murillo Dias, Rafael Pedro, Ryan Brambilla e Victoria Motta.
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O Portal Amazônia conversou com uma das criadoras, Victoria Motta, para entender o jogo.
“Todo semestre, em trabalho em grupo, fazemos um jogo baseado em algum tema proposto. Esse semestre, tínhamos de escolher entre alguns desastres ambientais e preferimos falar sobre a Amazônia e as queimadas que vieram destruindo tanta coisa nesses últimos anos. Nosso atual cenário político motivou muito a gente a querer falar sobre isso, sabe? A situação está realmente muito grave. E a mídia de jogos não costuma muito abordar esses temas mais “reais”. A gente então resolveu fazer essa denúncia de uma forma lúdica, trazendo os elementos do folclore do tupi guarani, principalmente, Boitatá e a Caipora“, contou Victoria.
Para criar o jogo, o grupo de universitário pesquisou entre três a quatro meses, indo a fundo saber sobre as lendas amazônicas. Além disso, um dos integrantes, Gabriel da Gama, é paraense e deu os toques que lembravam a região.
“Fiquei extremamente feliz em saber que o grupo botou as cartas na mesa e disse que ‘Vamos fazer um jogo sobre a região amazônica’. Fiquei muito grato, pois bateu aquela insegurança de sabermos como o eixo Rio-SP é quando vão tentar retratar algo sobre a região, mas fui surpreendido com a equipe estando disposta a ouvir, a ir atrás, buscar saber mais, me consultava quando precisava. É um projeto que tenho muito carinho, pois uma das coisas que eu adoraria muito fazer após sair de Belém era fazer algo que remetesse a Região Norte como um todo”,
disse Gabriel da Gama.
Como referência, o jogo é baseado em ‘Tunic e Endling – extinction is forever‘, lançado em 19 de julho de 2022. Para interpretar a Caipora, a voz da criadora foi usada, além da voz da sua avó para narrar o jogo. “Foi uma experiência muito divertida dublar a Caipora, e ela, narrar os textos do jogo. Foi um detalhe carinhoso que realmente faz as pessoas simpatizarem com a história”, afirmou Victoria.
“O foco do jogo é no combate e a Caipora tem que enfrentar diversos inimigos, cada um deles representando uma maneira em que o homem age para destruir a floresta: um incendiário, um caçador, lenhador, etc. Ela também consegue quebrar as jaulas de animais capturados, que ficam espalhadas pelas trilhas por onde ela anda, libertando assim onças, macacos, jacarés e tucanos”, explicou a criadora do jogo ao Portal Amazônia.
A versão demo do jogo, lançada até então, possui três fases, que passam pela manhã, tarde e noite, mostrando como o fogo progressivamente vai destruindo a floresta.
“As árvores vão ficando menos verdes, o ar mais poluído e a presença do homem mais forte dentro da floresta, ocupando cada pedaço para exploração, garimpo ilegal e caça e captura de animais silvestres. A Caipora, o personagem jogável, portanto tem que sobreviver ao fogo e recuperar de pouco a pouco a floresta, para no final reviver o Boitatá, que é o protetor e guardião do fogo que foi roubado e manipulado para a ganância humana”, descreveu.
Para quem deseja jogar o game, Turi é de graça e está disponível apenas para PC, pela plataforma itch.io, com planos de futuramente ser inserido na Steam. Com classificação indicativa livre, Turi é um jogo de ação e aventura, para um público entre 12 a 18 anos.
“O jogo ainda não foi lançado completamente, ainda estamos desenvolvendo bastante coisa legal que queremos adicionar. Porém a primeira versão dele já está completinha, completamente jogável”, assegurou Victoria.