Conheça os sambas-enredo que vão representar o Amapá na final de seletiva da Mangueira

Compositores do Amapá homenagearam o Mestre Sacaca em sambas-enredo e vão disputar pela primeira vez uma vaga no carnaval do Rio de Janeiro.

Duas composições de sambistas do Amapá são selecionadas para a final da Mangueira. Foto: Jorge Junior/GEA

Os sambas 103 e 105 venceram a etapa Amapá do concurso de samba-enredo da Estação Primeira de Mangueira, no dia 23 de agosto. As composições agora seguem para a final, que será realizada no Rio de Janeiro (RJ), representando o estado em um dos concursos mais tradicionais do carnaval brasileiro.

A homenagem ao pesquisador Mestre Sacaca garantiu ao estado um feito inédito: pela primeira vez, sambas criados no Amapá vão disputar espaço no carnaval carioca.

Leia também: Mestre Sacaca, do Amapá, vai ser enredo da Mangueira no Carnaval de 2026

O tema “Mestre Sacaca do Encanto Tucuju – O Guardião da Floresta Negra” inspirou os compositores do Amapá a criar sambas que exaltam a sabedoria popular e a espiritualidade amazônica.

Com a classificação dos sambas 103 e 105, o Amapá garante presença na final do concurso de samba-enredo da Mangueira, no Rio de Janeiro. Os vencedores terão apoio do governo do Amapá, que vai oferecer passagens, ajuda de custo e estrutura para representar o estado na disputa.

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sambas enredo mestre sacaca
Mestre Sacaca. Foto: Blog Porta Retrato AP

Leia também: Doutor da floresta: saiba qual é o legado do Mestre Sacaca para a cultura amapaense

Confira os sambas-enredos da etapa Amapá classificados:

Samba 103 – Verônica dos Tambores e Parceria
Compositores: Verônica dos Tambores e parceria

Sacaca, escutei uma voz.
Era você. No meio de nós,
eu sou Mangueira. Na magia da floresta
a sabedoria que respeita a terra.
O vento sopra, o transe do pajé rompe a meia-noite.
É ritual. Ture, fumaça de tawari.
O xamã Babalaô, num gole de kaxixi, encantos revelou.
Maré me leva nas águas do Curipi,
de quem sempre esteve aqui: Waiapis e Caripunas pelo Jari, esperança em cada olhar.
Ribeirinho nunca deixa de sonhar entre os furos e buritis.

Risca o amapazeiro, põe a seiva na cachaça.
Cura o corpo, curandeiro. Benzedeira cura a alma!
Preto-velho “engarrafou” riquezas naturais.
“Caboco”, não se esqueça dos saberes ancestrais!

Bebericando gengibirra com o mestre,
“Mar abaixo”, “mar acima”, a gente segue.
Saia florida, “Sá Dona”, no Curiaú,
a fé “encruza” no “Em Canto” Tucujú.

“É de manhã, é de madrugada”,
“É de manhã, é de madrugada”,
couro de sucurijú no batuque envolvente.
Quilombola da Amazônia jamais se rende!

Eu vi… em cada oração, o corpo arrepiar,
bandeiras vibrando à luz do luar.
Tambores se encontram cantando em louvor.
Senti os sabores, aromas e cores
nas mãos que moldam nossos valores.
“Meu preto”, da mata és o griô!

Ajuremou, deixa a Juremar.
O samba é verde e rosa e guia meu caminhar.
Ajuremou, deixa Ajuremar.
Cuidado, chegou Mangueira, na ginga do Amapá.

Samba 105 – Francisco Lino e Parceria
Compositores: Francisco Lino e parceria

Turé…
Quem invocou o ritual?
Eu trago a força ancestral
Do Povo da floresta
Banzeiro de memórias
Navegam as histórias
Onde meu país começa
Remei, Remei a maré me levou
Pra revelar o que não vês a olho nu
Todo encanto Tucuju

Tem mandinga verde-rosa
Na Estação Primeira
Mangueira vem sambar
Benzi tua bandeira
Nesse Rio caudaloso de fé
Desce o morro banhada de axé

Contra todo o mal tem garrafada
Ervas e Flores pra dores curar
Tiro quebranto nas mãos sagradas
Lição de Preto Velho, Saravá!
Xamã, Doutor, Guardião, Babalaô
Saberes vibrando no tambor
Tem Marabaixo no “Encontro” ao luar…
Encantado folião na passarela
Coroado Rei do Laguinho à Favela

Mangueira chamou: “Sacaca!”
Minha voz ecoou na mata!
O meio do mundo é a nossa aldeia
Incorporou! A Amazônia é negra!

*Por Crystofher Andrade, estagiário sob supervisão de Rafael Aleixo, da Rede Amazônica AP

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