Porto de Manaus: a construção que transformou o Amazonas

Localizado às margens do Rio Negro, o Porto de Manaus está ligado à evolução econômica, social e urbanística da capital.

População recebe embarcação no Porto de Manaus. Imagem é datada de 1920. Foto: Reprodução/Porto de Manaus

O Porto de Manaus, um dos principais ícones da infraestrutura amazônica, nasceu da necessidade de modernização e expansão provocada pelo auge do ciclo da borracha. Localizado estrategicamente às margens do Rio Negro, no coração da floresta amazônica, sua história está intimamente ligada à evolução econômica, social e urbanística da capital amazonense.

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A trajetória do Porto de Manaus começa oficialmente em 13 de outubro de 1869, com a sanção da Lei nº 1.746 por D. Pedro II, que autorizava os presidentes das províncias do Império a promoverem a construção de docas e armazéns nos portos nacionais. No entanto, a concretização desse projeto em Manaus demoraria mais três décadas.

Foi apenas em 5 de setembro de 1899 que o Governo Federal publicou edital de concorrência para as obras de melhoramento do Porto de Manaus. O processo licitatório se estendeu até abril de 1900, sendo vencido pela empresa paulista B. Rymkiewcz & Cº, que assinou contrato no dia 25 de agosto daquele ano. O acordo previa a exploração do porto por 60 anos e a construção de uma série de estruturas permanentes e flutuantes que permitissem operações de carga e descarga em qualquer época do ano.

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Porto de Manaus. Foto: Reprodução/Instituto Durango Duarte

Apesar do compromisso firmado, a empresa B. Rymkiewcz & Cº cumpriu poucas cláusulas do contrato nos anos seguintes. Em 1902, numa tentativa de acelerar o processo, o contrato foi transferido para a empresa inglesa Manaos Harbour Limited, que assumiu integralmente a execução das obras.

A nova gestão trouxe impulso decisivo ao projeto, e em 7 de outubro de 1902 foi lançada oficialmente a pedra fundamental das obras, numa cerimônia prestigiada pelo então governador do Amazonas, Dr. Silvério Nery.

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Etapas de construção

Entre 1903 e 1919, o Porto de Manaus foi sendo erguido em etapas:

  • 1903: Construção da Casa de Máquinas (hoje sede do Museu do Porto), do armazém nº 7 e de um cais provisório.
  • 1904: Armazéns nº 9 e 10, torre metálica da caixa-d’água, linhas férreas internas e os primeiros geradores de eletricidade.
  • 1905: Pavimentação das áreas ao redor dos armazéns e construção de um plano inclinado no armazém nº 7.
  • 1906: Edificação da Alfândega e da Guardamoria, além de uma ponte flutuante e o armazém nº 0.
  • 1907: Conclusão do prédio do Escritório Geral da Manaos Harbour Limited e implantação de galerias de esgoto.

O progresso, no entanto, foi lento. As obras se arrastaram por quase duas décadas, sendo finalizadas por volta de 1919.

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Vista áerea do Porto de Manaus. Foto: Reprodução/Porto de Manaus

Alfândega

Uma das cláusulas do contrato assinado entre Governo Federal e a firma vencedora da concorrência para a construção do Porto, estipulou como “obrigatório à construção e doação do edifício necessário e apropriado para a administração da Alfândega”.

A planta e orçamento, realizados pelo engenheiro arquiteto Edmund Fisher, ficaram prontos em 1903, mas somente em 1906. O prédio foi construído.

Anexa a Alfândega está a Guardamoria, construída no mesmo período e com o mesmo estilo arquitetônico, destinada ao policiamento fiscal nos portos e a bordo dos navios. Este prédio possui uma torre com farol construído em aço e, na época, sua iluminação de arco voltaico produzia uma luz de grande intensidade.

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Prédio da Alfândega. Foto: Reprodução/Porto de Manaus

Escritório da Manaos Harbour Limited

Edifício projetado para funcionar como escritório geral da empresa no pavimento inferior e moradia dos diretores no pavimento superior. O projeto do prédio é da autoria dos arquitetos H.M. Fletcher e G. Pinkerton. A construção foi concluída em 1907.

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Roadway

Roadway é uma ponte flutuante . Foto: Reprodução/Porto de Manaus

O Roadway é uma ponte flutuante que liga o cais de alvenaria ao cais flutuante, facilitando o embarque e desembarque de passageiros e mercadorias. Construída sobre cilindros estanques e conectada por dobradiças de aço, adapta-se ao nível do rio, funcionando como plano inclinado nas vazantes e se nivelando nas enchentes. O transporte de cargas é feito por vagonetes elétricos que circulam por trilhos no centro da ponte, levando mercadorias dos vapores até os armazéns em terra firme.

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